Obstáculos em curso freiam crescimento dos bancos suíços
Os bancos suíços resistem à pressão de ventos contrários, mas progressos de fato continuam sendo impedidos por obstáculos políticos e econômicos, afirmou a Associação dos Banqueiros Suíços (SBA, na sigla em inglês) na quinta-feira.
Ao publicar seu Barômetro Bancário anual, que mede o desempenho do setor em 2017, a SBA descobriu que os lucros agregados (lucros menos perdas) nos 253 bancos suíços aumentaram em quase um quarto, para 9,8 bilhões de francos suíços (US$ 10,1 bilhões). Ativos sob gestão (AuM) também cresceram quase 10%, atingindo CHF 7,3 trilhões.
“Embora o ambiente atual seja caracterizado por incertezas, os sinais estão mais uma vez apontando para o crescimento”, afirmou o vice-presidente-executivo da SBA, August Benz. “O desempenho dos bancos é, portanto, ainda mais impressionante”.
Mas um olhar mais atento aos números revela estagnação em vez de crescimento. Os lucros líquidos agregados foram impulsionados pelo fato de menos bancos estarem no vermelho, em oposição às instituições que geram mais valor para os acionistas. Os bancos rentáveis, na verdade, registraram resultados menos impressionantes em 2017 em comparação com o ano anterior.
Além disso, a SBA admitiu que o crescimento dos AuM foi impulsionado por melhores condições de negociação, em vez de um aumento de clientes depositando sua riqueza em bancos suíços. Esta descoberta confirmou um estudo anterior sobre private banks, realizado pela KPMG e a Universidade de St. Gallen, que mostrou um volume decepcionante de 21,3 mil milhões de francos suíços em dinheiro novo líquido no ano passado.
O progresso real para o setor está sendo prejudicado pela turbulência geopolítica em todo o mundo, incluindo a incerteza prolongada do Brexit, disse a SBA. Além disso, os esforços da Suíça para realinhar suas leis bancárias para atender aos requisitos da União Europeia para o futuro acesso ao mercado europeu ainda não foram concluídos.
Funcionários relocados para o estrangeiro
A ameaça de disputas comerciais prejudiciais, envolvendo principalmente os Estados Unidos, também está amortecendo os mercados. Além disso, os bancos continuam sofrendo com a persistência da política de juros negativos na Suíça, revelou a SBA.
No ano passado, os bancos suíços pagaram CHF2 bilhões em taxas negativas de juros – um aumento de CHF500 milhões a partir de 2016.
Os bancos suíços sustentavam 93.554 empregos em tempo integral em 2017, uma queda de 7,7%. Parte deste declínio pode ser explicado por oito bancos que saíram do mercado suíço no ano passado.
O UBS, maior gigante do setor bancário suíço, anunciou que iria transferir cerca de 1.000 funcionários de back office para regiões de menor custo, como Biel ou Solothurn. Como esses novos escritórios não são mais considerados tecnicamente como centros bancários, esses funcionários foram removidos dos registros de bancários da SBA. Sem essa anomalia, os níveis de pessoal em todo o setor caíram apenas ligeiramente.
O primeiro semestre de 2018 viu os empregos equivalentes em tempo integral caírem ainda mais na Suíça, pois os bancos suíços aumentaram seus quadros no exterior, disse a SBA. Uma pesquisa com bancos descobriu que apenas um terço deles esperava contratar mais funcionários no futuro próximo.
swissinfo.ch/ets
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