Cada vez mais empresas vítimas de cibercrimes
As empresas suíças tomam lentamente consciência de que seus negócios podem ser profundamente afetados pelos criminosos da internet. É o que revela uma pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC).
Em 2011, o cibercrime foi o segundo delito mais frequente nas empresas suíças. Em 2012, poderá ser o primeiro.
As empresas suíças não estão mais expostas a ataques criminosos pela internet do que em outros países desenvolvidos. No entanto, a Suíça à um dos destinos mais sensíveis devido a importância de sua praça financeira e ao compromisso de sigilo bancário que tem com seus clientes.
Uma sondagem corporativa feita pela consultoria internacional PricewaterhouseCoopers (PwC) revelou que 18% das empresas na Suíça foram vítimas de algum tipo de fraude cibernética este ano. Assim, o chamado cibercrime é o segundo maior risco de fraude enfrentado atualmente pelas empresas.
De acordo com o estudo, mais de um terço dos 140 entrevistados suíços consideram que em 2012 o cibercrime será o delito mais frequente nas empresas, acima do desvio de dinheiro.
Controles insuficientes
A sofisticação técnica e a rápida evolução dos delitos cometidos através da web – através da pirataria de dados ou o phising, quer dizer, a fraude cibernética – deixam perplexos muitos altos executivos, o que complica os esforços institucionais para impor controles mas estritos.
“Entendem que o problema existe, porém a implementação de controles eficazes está no início”, explica à swissinfo.ch Gianfranco Mautone, chefe do departamento jurídico da PwC.
De fato, atualmente, um em cada cinco ciberataques a empresas é detectado por acaso devido à intervenção de algum tipo de controle externo, afirma a PwC em seu relatório.
Comparados aos seus homólogos europeus, os executivos suíços perdem em tomada de consciência e de decisões em relação a esse problema. A pesquisa da PwC revela que metade das empresas suíças vê crescer o risco de ciberataques este ano, frente à média de 39% das empresas em escala mundial.
O certo é que muitas companhias só estão dispostas a fechar a porteira do estábulo quando o cavalo escapou. O roubo de CDs com dados bancários mostra como é fácil obter informações confidenciais, ignorando todo tipo de controle de segurança.
“Só quando os CDs roubados na Suíça começaram a ser vendidos em outros países é que os bancos começaram a se preocupar”, acrescenta Mautone. Por vezes, “é preciso de problemas maiores para que as coisas mudem”, continua.
Estragos em todos os níveis
O ciberataque de que foi objeto a bolsa de valores de Nova York (NYSE) há algumas semanas a obrigou a suspender temporariamente suas operações. Essa experiência deveria servir como advertência clara do dano quer pode causar o cibercrime, sublinha Mautone.
Porém, não somente os gigantes financeiros correm o risco de ser vítimas de delitos cometidos através da web, afirma o relatório da PwC. Na Suíça, milhares de pequenas e médias empresas (PME) poderiam ser presas fáceis e comprometer seriamente seu futuro.
“O cerne de muitas pequenas empresas são seus projetos e produtos inovadores que constituem suas vantagens competitivas. Perder esses ativos pode representar um desastre para as PME”, adverte o especialista.
Na prática, as cifras demostram que o ciberdelito não é um problema somente das empresas, mas também de pessoas físicas, indivíduos. Todo ano são denunciados entre 6 e 7500 delitos cibernéticos às autoridades suíças, conforme dados do governo.
A grande maioria está ligada à pornografia, porém a Unidade Suíça de Coordenação para o Controle do Cibercrime recebeu em 2010 um total de 370 denúncias de delitos ligados à economia. Entre eles está o roubo de dados para aceder a contas bancárias. Um ano antes, haviam sido denunciados 254 casos.
Medidas radicais
Em todas as suas variantes, o cibercrime provocou perdas na Suíça de 924 milhões de francos em 2010, segundo estimativas da Symantec, empresa especializada na comercialização de software de segurança.
Com o intento de combater os riscos derivados do aumento deste tipo de delitos, as autoridades suíças elaboraram uma nova lei que entrará em vigor em 2012.
Será intensificada a troca de informação entre a Suíça e outros países, com penas mais severas para os hackers e uma linha telefônica aberta 24 horas por dia e 365 dias por ano para denunciar atividades suspeitas na matéria. Essas mudanças fazem a Suíça avançar em seu objetivo de firmar o Convênio Sobre Cibercriminalidade do Conselho da Europa.
O governo também prevê controlar os serviços postais e de telecomunicações, o que muitos consideram a criação de um potencial Big Brother público.
Enquanto a vigilância é destinada a pegar delinquentes de tráfico humano ou pedofilia, os opositores afirmam que esse tipo de medidas pode limitar também os direitos do indivíduo à privacidade.
O estudo sobre Cibercriminalidade 2011, apresentado por PricewaterhouseCoopers, alerta sobre o crescimento desse fenômeno na Suíça.
De 3.877 companhias consultadas em 78 países, 140 são de origem helvética.
18% das empresas suíças disseram ter sido vítimas desse problema neste ano, frente a 34% no plano global. Assim, o cibercrime afeta 25% das empresas suíças é provoca prejuízos em um terço das empresas estrangeiras.
Por enquanto, os delitos cometidos pela internet são o segundo maior risco para as empresas suíças e quarto problema em escala internacional.
Um prejuízo à reputação é o que mais temem as empresas suíças (39% dos consultadas).
Mais da metade das empresas suíças acredita que o cibercrime foi o maior perigo à segurança em 2011, frente a um terço das empresas globais.
Apesar disso, 41% das empresas reconhecem que fracassaram na tentativa de treinar seus funcionários contra esse tipo de delito.
Finalmente, um terço das empresas suíças acredita que o cibercrime será o principal perigo criminoso que enfrentarão em 2012.
Fonte: PriceWaterhousCoopers
Adaptação: Claudinê Gonçalves
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