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Cai mais um presidente do UBS

Kurer (dir) será substituído pelo ex-ministro Kaspar Villiger. swissinfo.ch

O ex-ministro suíço das Finanças, Kaspar Villiger, vai substituir Peter Kurer, que está há menos de um ano na presidência do conselho de administração do maior banco suíço.

Pouco mais de uma semana após a troca do executivo-chefe Marcel Rohrer pelo ex-CEO do Credit Suisse Oswald Grübel, Kurer decidiu não candidatar à reeleição para a presidência em 15 de abril.

Seu substituto, Kaspar Villiger, foi membro do governo suíço de 1989 a 2003, por último como chefe do Ministério das Finanças. “Durante seu mandato tomou importantes decisões para fortalecer a praça financeira suíça”, escreve o UBS em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (4/03).

O ex-político do Partido Liberal é membro dos conselhos administrativos da resseguradora Swiss Re e Nestlé, mas anunciou que abandonará esses cargos.

“O UBS e a Suíça passam por um tempo extraordinário”, disse Villiger. Ele teria decidido assumir a presidência do UBS “com um senso de dever em relação ao país e à sua população”. Ele também disse que estaria satisfeito com um salário de 850 mil francos (721 mil dólares) ao ano, sem bônus nem ações.

A renúncia de Kurer não surpreendeu os analistas, que o viam desde o iníco como presidente de transição. Ele foi o chefe do departamento jurídico na era de Marcel Ospel (que deixou o comando do banco em abril do ano passado) e também estava exposto a ataques na briga fiscal com os EUA, embora a autoridade de fiscalização do mercado financeiro não faça acusações contra ele.

Tanto Villiger quanto o presidente do conselho administrativo do Deutsche Bank, o suíço Josef Ackermann, tinham sido cotados nos últimos dias como possíveis sucessores de Kurer. Ackermann disse várias vezes que não tinha interesse no cargo.

“Concluir a transformação”

Kurer diz-se satisfeito com seu período na presidência do UBS, marcado por muitos desafios. “Mas para mim está na hora de concluir essa transformação e colocar meu cargo à disposição depois de um ano.”

O presidente do conselho administrativo Peter Kurer merece “muito respeito e reconhecimento”, segundo declaração de Sergio Marchionne, saneador da Fiat, citado no comunicado do UBS. Ele teria ajuda a colocar o banco novamente nos trilhos.

“Ele aceitou a eleição há um ano com modéstia e coragem, com senso de dever e a serviço do banco”, disse Marchionne na nota. Marchionne é vice-presidente do UBS e no ano passado chegou a fazer comentários pouco elogiosos sobre Kurer.

A troca no comando do maior banco feita na próxima assembléia geral do acionistas do UBS, em 15 de abril.

Desafio para um gerenciador de crises

A nomeação do ex-ministro foi assim justificada por Gabrielle Kaufmann-Kohler, que também integra o conselho de administração do UBS. “A presença de Villiger é um claro sinal de credibilidade, confiabilidade e sustentabilidade.”

Com Villiger, o UBS passa a ter em seu comando um dirigente com boas conexões internacionais, bem como um profundo conhecedor e defensor do sigilo bancário. Foi o magistrado liberal de Lucerna que, durante as negociações com a União Européia sobre taxação de juros, proferiu a máxima: “O sigilo bancário é inegociável”.

Desde a entrega dos dados de 300 clientes do UBS à Justiça dos EUA, em 18 de fevereiro passado, esse princípio balança. A pressão dos países da UE e da OCDE sobre o sigilo bancário para sonegadores fiscais está na pauta do Conselho Federal (Executivo suíço), que deve anunciar na próxima sexta-feira uma estratégia para enfrentar o problema.

swissinfo com agências

Kaspar Villiger nasceu em 1941 e vem de uma família de fabricantes de cigarros e bicicletas.

Ele eleito para o Parlamento Federal em 1989, ocasião em que abandonou suas funções na empresa familiar Villiger Söhne.

De 1989 a 1995 foi ministro da Defesa; de 1996 a 2003, ministro das Finanças.

Foi presidente suíço em 1995 e 2002, e vice-presidente em 1994 e 2001.

Ele integra os conselhos administrativos da Nestle, Swiss Re, Swiss Life e do jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZ).

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