Sono e vigília controlados pela mesma parte do cérebro
A região do tálamo do cérebro é fundamental para uma boa noite de sono, dizem os cientistas suíços
Keystone
Pesquisadores da Universidade de Berna mostraram que uma única área do cérebro - o tálamo - é responsável tanto pelas ações de adormecer quanto de acordar.
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Sleeping and waking controlled by same part of brain
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Anteriormente, segundo a universidade, embora o tálamo fosse importante para a qualidade do sono, o consenso era de que os impulsos para adormecer e acordar ocorriam em regiões separadas do cérebro.
No entanto, uma equipe de pesquisa suíça liderada pelo professor Antoine Adamantis afirma agora que a área do tálamo desempenha um papel duplo.
Usando técnicas optogenéticas para ativar os neurônios do cérebro com impulsos de luz, eles descobriram que um pequeno grupo de neurônios nessa área produz ondas longas que podem ajudar a adormecer, enquanto os mesmos neurônios também produzem o “sinal” para despertar.
O tálamo, localizado entre o córtex e o tronco cerebral, é uma região de ligação que também desempenha um papel no processamento do “input” sensorial e na organização da cognição e da consciência. Está ligado a praticamente todas as outras regiões do cérebro.
Crucialmente, usando dados experimentais extraídos de testes em camundongos, os pesquisadores também descobriram que, quando os neurônios talâmicos eram inibidos, a qualidade do sono e a recuperação também sofriam.
Em uma época em que a população ativa está dormindo menos do que nunca – 20% menos que 50 anos atrás, segundo os pesquisdores – essa descoberta pode ter implicações nos esforços para melhorar a qualidade e a consistência do sono.
Os resultados foram publicados na revista Nature Neuroscience.
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Instituição cultural ou ruído incômodo? Os sinos das igrejas na Suíça indicam aos habitantes a hora dos cultos. Porém muitas vezes eles incomodam as pessoas que vivem nas suas vizinhanças, levando a disputas reclamando o fim dessa tradição. Algumas igrejas se curvam agora à pressão popular ao concordar em reduzir o volume ou o ritmo das badaladas.
Em uma sexta-feira recente em Berna, os sinos de cada campanário da cidade tocaram durante um festival de verão religioso. Durante o coro cacofônico, os sinos ecoaram através da cidade antiga durante quinze minutos, atraindo ouvintes de fora da capital suíça.
"Para mim não é barulho, mas sim música. Os sinos das igrejas têm diferentes tons. É como música nos meus ouvidos", declarou Dominik Däppen, um sineiro da região do lago de Thun. No entanto, ele compreende os menos entusiastas e sugere formas de reduzir o barulho.
"Seria possível torná-lo mais silencioso, seja através de isolamento, como aqui na Catedral de Münster, ou através da troca dos mecanismos ou dos badalos", afirma Däppen.
Na Alemanha, "muitas torres de igreja são isoladas com madeira ou painéis de metal para absorver uma parte dos ruídos", cita Matthias Walter, presidente da Corporação Suíça de Fabricantes de Sinos e Sineiros.
Walter declarou à swissinfo.ch que os sinos suíços não são necessariamente mais ruidosos do que os congêneres nos países europeus, mas a típica arquitetura das torres - relativamente abertas - faz com que eles soem dessa maneira.
Outra diferença importante é a frequência das badaladas. "Na França os sinos tocam geralmente apenas uma vez por hora. Na Suíça, eles tocam a cada quarto de hora e novamente na hora com outro sino", diz Walter, notando ao mesmo tempo em que a tradição pode diferir na Itália segundo a região. "No norte os sinos tendem a tocar um pouco mais, além de existirem mais torres abertas."
Risco para saúde?
Quatro vezes por horas, 24 horas por dia, é demais para "Lärmsensible", um grupo de interesse responsável pela campanha em prol de uma Suíça com menos barulho. "Lärmsensible" significa "sensível ao ruído", em alemão.
"O barulho dos sinos das igrejas prejudica o sono das pessoas durante a noite. Isso leva ao estresse e doenças", declara o porta-voz do grupo, Samuel Büechi.
Os sinos das igrejas seriam um risco para a saúde popular? O Departamento Federal do Meio-Ambiente, responsável dentre outros pela questão da poluição sonora na Suíça, considera a possibilidade.
"Existe uma boa razão para acreditar que o barulho possa provocar reações de estresse e que este, finalmente, provoque problemas de saúde em longo prazo", explica Mark Brink, psicólogo e colaborador científico do órgão público. As autoridades federais podem regular o nível de ruídos provocado pelo tráfego e a indústria, mas não estão autorizados a dizer às igrejas o que elas devem fazer ou não.
"Não existem normas explícitas no país de limite à exposição a ruídos provocados pelos sinos das igrejas durante a noite. Trata-se de um conflito que precisa ser resolvido em nível local. Mas se possível, seria melhor evitar tocar dos sinos de igrejas à noite. Quanto menos barulho, melhor. Essa é sempre a nossa posição", diz Brink.
Ele considera que um bom compromisso seria impedir que os sinos tocassem entre 10 horas da noite e às seis da manhã (ou sete), o que já foi aplicado por várias igrejas. De acordo com uma pesquisa do jornal suíço Tages-Anzeiger, 15 das 34 igrejas protestantes e 16 das 24 igrejas católicas em Zurique já não tocam os sinos à noite.
Por exemplo, no começo do ano, a Igreja reformada em Höngg, um subúrbio no cantão de Zurique, decidiu silenciar seus sinos no período noturno. Os membros da paróquia aprovaram a ideia depois de reclamações feitas por habitantes locais. A Igreja católica na cidade também decidiu desligar seus carrilhões há certo tempo.
"Estou convencido que a tradição do toque de sinos, pelo menos durante a noite, irá terminar em aproximadamente cinco ou dez anos", avalia Brink, que coincidentemente sempre viveu em locais onde os sinos das igrejas tocavam à noite. "As paróquias consideram que é politicamente mais sábio mudar voluntariamente as tradições do que esperar a reclamação das pessoas."
Ding-dong
Mas se as pessoas se opõem aos sinos das igrejas, por que escolhem viver nas proximidades delas?
"Não existe um número suficiente de moradias de aluguel moderado e em lugares tranquilos", responde Büechi. "É muito difícil encontrar um apartamento tranquilo, especialmente se você não possui um carro e não quer viver distante do centro da cidade."
Muitas pessoas não chegam a pensar nos sinos das igrejas quando procuram uma moradia, acredita Walter. Depois de mudar-se, muitas vezes se surpreendem quando escutam as badaladas no meio da noite.
Segundo Walter, duas reações são típicas: "Ou elas dizem 'Oh, querida. Isso me faz acordar, mas vamos ver como vai ser'. Então se acostumam após algumas semanas e o ruído não lhes incomoda mais."
Mas outros decidem tomar providências, o que incluem discussões desagradáveis ou ações legais.
"Obviamente as badaladas dos sinos incomodam a pessoa a cada vez que ela os escuta, pois lembram um processo judicial em andamento", diz Walter.
No entanto, Brink diz que é importante lembrar que os sinos das igrejas têm um efeito psicológico positivo para um grande número de pessoas. "Elas se sentem melhor, que estão em casa, que Deus está velando por elas ou algo parecido. Há um significado psicológico para as pessoas. E isso faz com que este seja um pouco diferente dos outros tipos de ruído."
Decisão judicial: tradição é importante
Quatro casos relativos a emissões sonoras provocadas por igrejas chegaram ao Tribunal Federal da Suíça. A cada vez ela vota a favor dos sinos.
Em um caso, envolvendo a Igreja reformada em Gossau, no cantão de Zurique, a corte rejeitou a queixa de um habitante contra os sinos das igrejas. Argumentação: o interesse público de preservar uma tradição está acima de interesses individuais.
O queixoso, que havia se mudado para as proximidades da igreja achando que os sinos só tocavam nos domingos, levou o caso à Corte Europeia dos Direitos Humanos em Estrasburgo, França, em 2010. O caso foi julgado inadmissível em dezembro de 2013.
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