Cidades turísticas sofrem com futuro incerto e crise
Poucos setores foram tão afetados pela pandemia quanto o turismo urbano. E Genebra não é uma exceção. Apesar dos inúmeros desafios, Sophie Dubuis, presidente da Genève Tourisme, não desiste.
As mulheres ainda estão amplamente sub-representadas nos altos cargos e cúpulas que regem a economia. As 20 empresas consideradas líderes na Bolsa de Valores da Suíça, por exemplo, têm apenas 13% de executivas mulheres nos cargos de gestão. Em comparação com outros países, o desempenho da Suíça em equidade de gênero é considerado fraco. Por isso, ao longo deste ano, a SWI swissinfo.ch decidiu dar voz às chefes de empresas suíças que têm atuação internacional. E ouvir as representantes da economia suíça que estão lidando com os desafios mais urgentes dos negócios, como a crise do coronavírus e a inserção da Suíça na economia globalizada.
swissinfo.ch: 2020 foi um ano sombrio para o turismo em Genebra. Quais são as perspectivas para o final de 2021 e os anos seguintes?
Sophie Dubuis: Em 2020, de fato sofremos com uma queda de 68% nas diárias em hotéis, apesar de termos tido um excelente primeiro trimestre pré-pandêmico. O saldo final deste ano, 2021, sem dúvida será um pouco melhor, principalmente graças a um bom verão. Nesse sentido, a cúpula Putin-Biden certamente nos ajudou.
Mas, acima de tudo, pudemos ver os resultados da grande campanha – “ Resort de Genebra” – que apresenta Genebra como um importante destino de lazer. Graças à iniciativa, recebemos um pouco mais de turistas do que no ano anterior e tivemos um progresso melhor do que os nossos amigos de Zurique.
Em relação aos próximos anos, continuamos navegando em águas desconhecidas porque somos totalmente dependentes das restrições de saúde na Suíça e no exterior. Além disso, no futuro, é provável que alguns grandes eventos ocorram parcialmente online. Mas, concretamente, estamos tentando administrar a situação de curtíssimo prazo…
swissinfo.ch: Além disso, o Salão Internacional do Automóvel de Genebra (GIMS), agendado para fevereiro de 2022, foi adiado pelo terceiro ano consecutivo.
Isso é claro que é um golpe pesado. No entanto, não se deve à falta de atratividade de Genebra como destino, pelo contrário, é consequência de um problema específico da indústria automotiva e das incertezas associadas à pandemia.
swissinfo.ch: Qual é o papel da mídia internacional e das redes sociais na promoção do turismo em Genebra?
O papel da mídia internacional é fundamental e não poupamos esforços para entrar em contato com esses canais, diretamente ou através da Suisse Link externoTourismeLink externo [agência de marketing oficial que promove a Suíça como destino turístico]. Além disso, as redes sociais, especialmente Instagram e WeChat, tornaram-se ainda mais importantes do que a mídia tradicional.
Até mesmo um post positivo no Instagram de um turista com 1.500 seguidores tem um valor promocional real. E então, você pode imaginar os efeitos imensuráveis de quando Wolf Blitzer, jornalista estrela da CNN, comentou em seu Twitter que admira a cidade de Genebra, durante a cúpula de Putin-Biden.
swissinfo.ch: Como é o trabalho conjunto com a Suisse Tourisme, a agência oficial que promove o turismo no país?
A colaboração é muito boa e é uma necessidade. A Suisse Tourisme oferece aos destinos um catálogo de serviços com compartilhamento de custos. Por exemplo, podemos participar de eventos ou apoiar a agência em uma campanha específica direcionada ao Reino Unido. Aí, entregamos todo o conteúdo a eles, ou seja, os pontos fortes que queremos destacar.
“Em poucos dias, nosso faturamento anual caiu de 19 para … 9 milhões de francos”
swissinfo.ch: Toda a sua equipe está baseada em Genebra. Isso significa que a Suisse Tourisme tem o monopólio da presença no exterior?
A agência não tem monopólio, mas a nossa estratégia é clara e pragmática: é mais eficiente que a presença no estrangeiro seja assegurada exclusivamente pela Suisse Tourisme.
swissinfo.ch: Seria interessante fazer um marketing mais regional?
Sim, além de interessante, isso é parte do nosso contrato de serviços com o cantão de Genebra. Também iniciamos nossas primeiras colaborações regionais, em particular com os cantões de Valais e Vaud, bem como com a vizinha França.
swissinfo.ch: O site do Genève TourismeLink externo está disponível em seis idiomas, mas não em mandarim e árabe, apesar da importância dessas línguas para o turismo em Genebra…
Os chineses consultam principalmente outras plataformas, como o WeChat e Weibo. Já os turistas dos países árabes ficam totalmente à vontade em inglês.
swissinfo.ch: Como se mede o sucesso de Genève Tourisme? Especialmente, como é possível saber se a chegada de mais turistas é um resultado das ações de vocês?
Este assunto é muito importante, mas é difícil fornecer respostas precisas. Por exemplo, o número de diárias em hotéis depende fortemente de fatores externos, como a crise do coronavírus. No entanto, se realizamos ações direcionadas a um determinado país e as diárias de turistas desse país aumentam, podemos concluir que isso se deve ao nosso esforço. Por fim, é claro, medimos nossa cobertura na mídia e a satisfação de nossos parceiros.
A Geneva Tourism & Congress Foundation (abreviatura em Genève Tourisme) é uma fundação de direito privado reconhecida como de utilidade pública. O papel da fundação, criada há mais de 120 anos por representantes dos setores econômico e turístico, está definido na lei de turismo de Genebra, adaptada em 2019. Resumidamente, a missão da entidade é promover e vender Genebra como destino para turismo de lazer e negócios, além de ser responsável pela recepção, informação e assistência turística.
swissinfo.ch: E como está a situação financeira da Genève Tourisme?
Em anos normais, 70% do nosso financiamento é proveniente de “taxas de turismo” pagas pelos visitantes (CHF 3,65 por noite); os 30% restantes vêm de “taxas de promoção do turismo” pagas por empresas localizadas na “área turística” definida pelo cantão de Genebra.
É claro que as taxas de turismo entraram em colapso. Além disso, para apoiar as empresas, o Estado de Genebra decidiu reduzir pela metade os impostos de promoção do turismo. Em poucos dias, nosso faturamento anual caiu de 19 para… 9 milhões de francos. Em 2020, tivemos que solicitar – e conseguimos – uma ajuda de 4,5 milhões de francos ao Parlamento de Genebra. Mas infelizmente, fomos forçados a reduzir nossa força de trabalho de 60 para cerca de 45 funcionários.
Adaptação: Clarissa Levy
Adaptação: Clarissa Levy
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