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Comércio de ouro aquecido em tempos de incerteza

Cartello compro oro
Switzerland has much more lenient rules for buying and selling precious metals than neighbouring countries. RSI-SWI

A crise econômica causada pela pandemia do coronavírus impulsionou o mercado de ouro. Mais clientes estão comprando ou vendendo o metal precioso e a demanda dos investidores está crescendo.

“Este lingote vale agora CHF57.000 ($ 63.000). No início do ano era de CHF50.000. Durante a crise a CHF 60.000”. O negociante de ouro Ralph Thoma mostra um lingote de ouro de um quilo enquanto explica. Figura conhecida no negócio do ouro, Thoma é o chefe da Aurofin em Chiasso. Este ano, sua empresa viu a demanda dobrar de investidores, tanto suíços quanto estrangeiros.

O mercado de ouro, diz Thoma, precisa “do preço para se manter em movimento”. Isso significa que as crises são, paradoxalmente, uma coisa boa. Foi assim em 2008, com o colapso dos mercados financeiros, e está acontecendo novamente, pelo menos em certa medida, com a atual pandemia. O preço do ouro subiu e a demanda está alta.

Neste negócio, os suíços são os principais jogadores: cerca de 70% da produção anual de ouro mundial é refinada neste país e três das principais refinarias estão localizadas no Ticino (Valcambi, Argor-Heraeus e Pamp).

Enquanto tem gente querendo comprar ouro, também tem gente que, com a crise, precisa vender o seu. A demanda online acaba está explodindo, como diz Nicola Esposito, consultor e administrador da Goodwill Asset Management em Chiasso.

“Em nosso site, em comparação a seis meses atrás, as solicitações triplicaram”, explica ele. São pessoas que pesquisaram no Google “vender ouro no Ticino” ou uma expressão semelhante (houve 151.000 pesquisas desse tipo) e agora querem que sua empresa lhes diga como fazer isso.

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Mineradora Glencore enfrenta repúdio no Peru

Este conteúdo foi publicado em Com os preços do ouro se mantendo nos seus mais elevados níveis nos últimos dez anos, a busca pelo metal precioso chega a uma área remota do Peru, onde mineração e atividades criminosas funcionam paralelamente. A Suíça, o centro mundial de refinação de ouro, observa de perto a situação.

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A tendência é confirmada pelos revendedores que fazem negócios sem prescrição. Francesco Ardemagni, que é proprietário de várias casas de câmbio e lojas de ouro em Stabio, diz que “nesta época de crise, as pessoas estão liquidando ativos de ouro para sobreviver”. Os clientes italianos, em particular, têm vindo nos últimos meses com pulseiras, brincos e anéis, diz ele. Enquanto isso, os suíços têm vendido moedas e barras de ouro principalmente para lucrar com o preço alto do metal no momento.

Regras precisam ser reforçadas

A Suíça tem regras mais flexíveis do que a Itália e alguns outros países europeus para a compra e venda de ouro. As joias, em particular, não se enquadram na legislação federal contra a lavagem de dinheiroLink externo, que regula o comércio de barras de ouro, grãos de ouro e moedas de ouro com finura mínima de 995 partes por mil.

Nestes casos, uma transação abaixo de CHF 15.000 pode ser feita anonimamente. Quando o preço varia de CHF 15.000 a 100.000, o cliente deve ser identificado e certificar que possui os meios financeiros para concluir a transação. Para vendas acima de CHF 100.000, além de estabelecer a identidade do cliente, ele ou ela também precisa informar a origem de seus recursos. Em todos os casos, as transações podem ser feitas em dinheiro e sem limite.

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Barras de ouro

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As origens sombrias do ouro refinado na Suíça

Este conteúdo foi publicado em Por vezes, porém, o ouro é de proveniência duvidosa. O governo reconhece o risco, como mostra um relatório publicado recentemente no qual manifesta preocupação quanto à exploração dos garimpeiros e faz diversas recomendações às empresas suíças ativas no setor. As refinarias suíças processam anualmente 70% do ouro não refinado garimpado no mundo. Quatro dos nove atores mais importantes na…

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Essas regras não se aplicam, no entanto, a metais preciosos usados que podem ser comprados e vendidos sem qualquer verificação. O governo federal, em seu comunicado sobre a alteração de sua legislação de lavagem de dinheiroLink externo , falou sobre uma “lacuna que precisa ser preenchida” neste caso e explicitou “riscos de lavagem de dinheiro”. Por isso, as autoridades propuseram normas mais rígidas. Mas ambas as câmaras do parlamento rejeitaram a proposta de endurecimento da legislação.

“Qualquer pessoa envolvida na compra de ouro é considerada de alto risco”, explica o organismo de autorregulação financeira OAD-FCT, uma das duas entidades do Ticino que monitorizam o setor. Os negociantes de ouro não estão diretamente subordinados à Finma, a agência federal de monitoramento dos mercados financeiros, mas pertencem aos órgãos autorreguladores, os únicos que monitoram o setor. A maioria dos compradores de ouro no Ticino pertence à PolyReg, que recusou uma entrevista.

Além disso, como todas as outras mercadorias, o ouro está sujeito à fiscalização aduaneira, destaca Maurizio Sabino, chefe da seção de metais preciosos da administração aduaneira federal.

“Se um item é importado para fins comerciais, ele tem que passar pela alfândega e pagar o imposto – não há isenção”, explica ele. Portanto, um cliente que atravessa a fronteira da Itália para vender moedas ou joias deve fazer uma declaração alfandegária.

Os vigilantes federais também estão preocupados com as exportações de ouro velho a ser derretido: essa é uma forma de contornar os padrões suíços, que exigem que as refinarias certifiquem a origem dos metais preciosos.

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Adaptação: Clarissa Levy

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