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Constituição suíça adota artigo para apoio às ciclovias

Quatro pessoas andando de bicicleta
A Suíça já dispõe de muitos quilômetros de ciclovias distribuídas através do país, mas quer melhorar ainda mais sua rede. Keystone/Christian Beutler

O eleitor suíço aprovou na rodada de plebiscitos do domingo (23 de setembro) uma proposta lançada pelo governo federal que prevê o apoio à construção e expansão das ciclovias no país. Além dela, outras duas propostas relacionadas à agricultura também foram rechaçadas nas urnas.

Três plebiscitos federais ocorreram no domingo. As urnas determinaram que a Suíça não precisa tomar medidas adicionais para assegurar a qualidade dos alimentos produzidos no país: a iniciativa “Por uma Soberania alimentar” foi reprovada por 68,4% dos eleitores, assim como a iniciativa “Fair Foods” (61,3%). Já o projeto de lei sobre ciclovias suíças teve apoio de 73,6% do eleitorado.

A decepção estava estampada no rosto dos autores da iniciativa: Regula Ritz, deputada-federal e presidente do Partido Verde da Suíça, não escondeu a tristeza, mas declarou que a proposta influenciou positivamente o debate público. Em entrevista cedida à rádio SRF, a política declaro que a proposta conseguiu, dentre outros, frear a política de livre comércio defendida pelo governo federal, especialmente na figura do ministro da Economia, Johann Schneider-Amman.

Já Regine Sauter, deputada-federal do Partido Liberal, se mostrou aliviada com os resultados. “Eles mostram que nossos argumentos convenceram as pessoas. A aprovação dela teria prejudicado a posição da Suíça no comércio global, o que seria bastante negativo para a nossa economia”. Sua posição se juntou a de outros grupos contrários à iniciativa, que afirmavam ser ela um fator de possível aumento do preço dos alimentos no país, onde o custo de vida já é um dos mais elevados da Europa.

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Bicicletas simpáticas ao eleitor

O presidente do Partido Verde Liberal (GLP, na sigla em alemão) Jürg Grossen, saudou a clara aprovação do projeto de lei sobre ciclovias suíças. “A bicicleta ganha assim o peso que ela merece”, declarou, ressaltando que não acredita que a iniciativa original tivesse recebido o mesmo apoio. A iniciativa original teria obrigado o governo federal suíço a financiar a construção de pistas para ciclistas em todo o país. A contraproposta apresentada por este, permite ao governo apoiar os projetos no setor, mas sem criar novas subvenções.

Ruedi Blumer, presidente do Clube Suíço do Transporte (VCS), autor da iniciativa original, mostrou-se satisfeito com os resultados, mas não surpreso. “A bicicleta é um meio de transporte popular na Suíça, economiza espaço, é ecológico e não faz barulho. Por isso mais de 70% dos eleitores aprovaram essa iniciativa.”

Porém considera que a Suíça ainda precisa melhorar a rede de ciclovias. “Precisamos de ter uma rede bem conectada entre si e também uma melhor integração com o transporte motorizado”, afirma Blumer. Modelos seriam cidades como Freiburg im Breisgau, na Alemanha, onde as autoridades trabalharam intensivamente para diminuir os riscos para os ciclistas.

O único partido que se opôs à proposta como o Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão). O deputado-federal Thomas Hurter aceitou a decisão nas urnas. “Não fizemos campanha, pois não valia a pena. Porém continuamos a defender a opinião que o governo federal não deve se meter nessas questões.”

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Funcionário faz a marca de uma bicicleta sobre a ciclovia em uma rua da Suíça.

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O que está faltando: estradas seguras

O uso da bicicleta é muito difundido na população como um todo. De acordo com diferentes estimativas aproximadamente quatro milhões de bicicletas circulam na Suíça. As vendas nos últimos anos continuam em níveis elevados: em 2017, cerca de 330 mil bicicletas foram vendidas, 4,7% a mais que no ano anterior. Dessas, quase 90 mil eram bicicletas elétricas, que tiveram um aumento de 16,3% nas suas vendas em relação aos números do ano passado.

Quase duas em cada três famílias têm pelo menos uma bicicleta, incluindo uma elétrica. Mas o potencial para usar a bicicleta em deslocamentos diários está longe de ser totalmente alcançado. Estima-se que quase 80% das viagens de ônibus e bonde – e 50% das feitas por veículo particular – correspondem a um percurso que não alcança os cinco quilômetros, ou seja, uma distância que poderia ser perfeitamente percorrida de bicicleta.

Para incentivar seu uso, é essencial criar rotas de bicicleta seguras e de qualidade, ou seja, separadas do tráfego motorizado, bem como calçadas e outras rotas de pedestres. O Governo e a maioria dos parlamentares reconheceram que esta é uma necessidade urgente, não só pelo intenso crescimento das previsões de tráfego para os próximos anos, mas também pelo aumento do número de ciclistas vítimas de acidentes.

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Homem colhendo alface em um campo

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Plebiscitos regionais

No cantão (estado) de St. Gallen, ao leste da Suíça, 66,7% dos eleitores aprovaram um projeto de lei que proíbe o uso da burca, a vestimenta feminina das mulheres afegãs, similar ao xador, que cobre todo o corpo. É o segundo cantão a proibir a vestimenta em espaços públicos após o Ticino (sudeste).

No cantão dos Grisões foi votada a iniciativa popular que limitaria o ensino de línguas estrangeiras nas escolas primárias a um idioma. Resultado: 65,2% dos eleitores disseram “não” à proposta. Ela pedia que o inglês fosse o único idioma ensinado nas escolas germanófonas. Nas escolas italófonas e reto-romanas, o alemão seria o idioma único. Os Grisões são o único trilíngue do país: sua população fala alemão, italiano e reto-romano.

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