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Jovens migrantes tiram emprego de suíços mais velhos?

Operários trabalhando em canteiro de obras
Muitos imigrantes são empregados pelas construtoras suíças. Keystone

A construção civil é um dos poucos setores na Suíça que absorve cada vez mais estrangeiros apesar do forte nível de desemprego entre os operários. A introdução da obrigatoriedade de registro de vaga poderá resolver esse problema? Muitos não estão de acordo com uma nova política.

Desde a entrada em vigor do tratado de livre circulação de trabalhadores entre a União Europeia e a Suíça, em 2002, o setor da construção civiLink externol empregou muitos estrangeiros mesmo apesar dos níveis elevados de desempregos de operários suíços. Em 2016, o governo registrava 3.200 operários desempregados, o que corresponde a 18% da mão-de-obra local. No mesmo ano, seis mil estrangeiros encontraram empregos na construção civil. Por isso levanta-se a questão se a imigração é um fator que provoca ainda mais desemprego.

Thomas Foery, chefe de recursos humanos na ImpleniaLink externo, a maior empresa suíça da construção civil e que emprega pessoas de 60 diferentes países, não acredita que jovens estrangeiros provoquem o aumento do desemprego entre os operários suíços mais velhos. “Os trabalhadores estrangeiros não são mais baratos para os empregadores, pois têm direito a receber ao mesmo salários mínimo e, além disso, ainda precisam ser treinados. Além disso, devido à falta de conhecimento de um dos idiomas nacionais, eles precisam também de mais ajuda para encontrar uma moradia ou lidar com a burocracia do país.”

O crescimento no setor da construção civil diminuiu nos últimos tempos, avalia Foery. “Isso fez com que as empresas precisassem adaptar suas capacidades”. Também a Implenia se viu obrigada a demitir funcionários em algumas das filiais. A empresa não revela, porém, o número exato. “Com exceção de pessoas altamente qualificadas, que já fazem falta no mercado de trabalho local, nós praticamente não contratamos mais diretamente trabalhadores no exterior.”

O executivo da Implenia não comenta as estatísticas de 2016. Elas indicam um nível elevado de desemprego para todo o setor da construção civil.

Vantagens para desempregados a partir de julho      

A iniciativa (n.r.: projeto de lei levado à plebiscito após recolhimento do número mínimo de assinaturas) chamada “Contra a Imigração em massa” (MEI, na sigla em alemão), aprovada em 2014 pelos eleitores por uma margem apertada de votos, ainda não teve grande influência nos números da migração. Isso, pois somente a partir de julho de 2018 ela será realmente implementada na legislação, mas com mudanças que enfraqueceram seu pedido inicial.

Essa iniciativa, cujo principal objetivo é diminuir o número de migrantes que chegam na Suíça, foi discutida no Parlamento. Seus membros pretendiam inicialmente transformá-la em uma lei que desse preferência aos habitantes do país que estivessem desempregados na procura de trabalho. No final, a lei pede agora que os desempregados suíços sejam informados em primeiro lugarLink externo das vagas, cujo registro passa a ser obrigatório para os setores, cujo índice de desemprego é elevado.

A partir do início de julho, as empresas do setor estão obrigadas a anunciar suas vagas em primeiro lugar às agências oficiais de trabalho (RAV, na sigla em alemão) nas regiões. Somente cinco dias após é que elas estão autorizadas a procurar seus candidatos através de outros meios. Durante o prazo de cinco dias, o RAV envia às empresas perfis de desempregados nacionais. Estes têm, dessa forma, são informados sobre as vagas um pouco antes de potenciais candidatos em outros países.

Pessoas em uma sala com mesas e plantas
Novidade a partir do início de julho: os centros de emprego na Suíça, conhecidos pela sigla “RAV”, irão anunciar as vagas em primeiro lugar aos habitantes desempregados. Keystone

Nos primeiros 18 meses o governo elevou o índice de desemprego relevante para a aplicação da lei de 5% a 8%, pois se não o RAV não teria inicialmente condições de processar o trabalho.

Todavia empresas como a Implenia não necessitam do RAV para encontrar a sua mão-de-obra. “Esse órgão tem para nós um papel secundário”, afirma Foery. A comunidade de operários da construção civil é bastante conectada. “Nós aproveitamos dessa rede quando estamos procurando um novo operário. Os nossos próprios funcionários costumam recomendar alguém que já tem experiência e já conhece o trabalho que fazemos nos canteiros de obra.”

A Associaçao Suíça dos Mestres-de-obras (SBVLink externo) considerou positiva a forma com que o Parlamento decidiu aplicar a iniciativa “Contra a Imigração em massa” após negociações entre a Suíça e a União Europeia. Porem critica a obrigatoriedade de registro dos empregos no setor.

“Se o índice de desemprego valido para a sua aplicação é de 5% a partir de 2020, então teremos que registrar todas as vagas no RAV, mesmo a dos empregos temporários, de curta duração”, afirma Matthias Engel, porta-voz do SBV. Os mestres-de-obras exigem do governo que aumente o índice mínimo para 8%, mesmo a partir de 2019.

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Trabalhadores mais velhos encostados

Do lado dos sindicatos há pouca esperança que a “dianteira dos desempregados” possa realmente ajudar os trabalhadores desempregados mais velhos. Estes estariam cada vez mais sob pressão no mercado de trabalho. A união de sindicatos unia observa nos últimos tempos um aumento do número de empregos temporários no setor da construção civil na média de 14% ao ano, ressalta Philipp Zimmermann, porta-voz da Unia. “Algumas construtoras encostam cada vez mais os trabalhadores mais velhos”. Muitas vezes esses funcionários são obrigados a aceitar empregos temporários ou são substituídos por operários mais jovens, com salários mais baixos e muitas vezes encontrados no exterior, completa Zimmermann.

“Funcionários temporários vivem uma situação precária. As empresas contratam temporariamente operários quando o trabalho aumenta. Eles podem ser então demitidos posteriormente após algumas semanas ocupados. Já o funcionário com contrato ilimitado tem direito a prazos maiores para serem demitidos”, diz o porta-voz da Unia. É uma questão de respeito se os operários com idades avançadas, com muitos anos de experiência, puderem ser ocupados sob condições justas.

O chefe de pessoal da Implenia, Foery, justifica a preferência dos contratos limitados da seguinte forma: ao contrário da indústria, cuja demanda de produtos é constante e estável, o setor de construção civil trabalha com projetos. “Quando um projeto termina, necessitamos de ter um outro. Pois se não, não há trabalho para as pessoas.”

Adaptação: Alexander Thoele

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