Grandes nomes suíços vêm à tona nos ‘Paradise Papers’
Políticos, executivos e empresas suíços estão entre os citados nos chamados Paradise Papers, uma enorme gama de documentos vazados sobre investimentos offshore. Por enquanto, porém, não há evidências de qualquer irregularidade.
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Big Swiss names surface in ‘Paradise Papers’
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Um dos nomes mais interessantes para as autoridades suíças é Jean-Claude Bastos, suíço-angolano fundador e CEO da Quantum Global Group, uma empresa de investimento internacional com foco na África, e que já havia sido condenado por outros crimes.
Os documentos citam o nome de diversas personalidades suíças que tiveram relações comerciais com a Bastos, incluindo um ex-ministro do gabinete suíço e vários chefes de empresas suíças, incluindo as Ferrovias Federais.
“Como um suíço se beneficia dos bilhões de Angola”, foi o título no jornal Tages-Anzeiger de segunda-feira, parte do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que publicou os artigos no domingo. Outros meios de comunicação suíços envolvidos foram o SonntagsZeitung e Le Matin Dimanche.
Em 2011, Bastos foi condenado pelo cantão de Zug – onde o Quantum Global Group se baseia – por “má gestão criminal qualificada repetida” de empresas. Apesar disso, os documentos revelam que Bastos está no centro de extensa uma rede de empresas que atraiu nomes pesos-pesados da política e dos negócios suíços.
O Tages-Anzeiger relatou que a presidente das Ferrovias Federais (SBB-CFF), Monika Ribar, se juntou ao conselho de administração de uma empresa de Bastos nas Ilhas Virgens Britânicas, a Capoinvest Limited, em maio de 2015 (quando era vice-presidente das Ferrovias Federais). Ela supostamente recebeu um salário anual de US$ 100.000 como consultora, mas abandonou seu assento antes de se tornar presidente das Ferrovias Federais em junho de 2016.
Outros parceiros de negócios da Bastos, de acordo com os Tages-Anzeiger, incluem Ruth Metzler, que foi ministra da Justiça de 1999 a 2003, e Walter Fust, ex-diretor da Agência Suíça para o Desenvolvimento e a Cooperação (SDC).
Na semana passada, o jornal de negócios Handelszeitung publicou um artigo sobre Bastos, vinculando-o, entre outros, a Marcel Rohner, ex-CEO do banco suíço UBS, Armin Meier, ex-chefe da agência de viagens Kuoni, e André Schneider, ex-diretor-executivo do Fórum Econômico Mundial (WEF).
Glencore
Grande parte desses arquivos inclui extratos bancários, e-mails e contratos de empréstimo da Appleby, baseada em Bermuda, um escritório de advocacia que ajuda a configurar empresas offshore de fachada. Appleby disse ao ICIJ que “não há provas” de que tenha feito algo errado.
Outros registros vieram da Asiaciti Trust, firma familiar especializada em operações offshore baseada em Singapura, e de 19 registros corporativos mantidos por governos em jurisdições que atraem milionários em busca de privacidade.
Um dos clientes da Appleby exposto nos documentos foi o grupo Glencore, conglomerado de mineração e comércio de commodities com sede na Suíça. Dos 13,4 milhões de documentos na posse do ICIJ, mais de 30 mil referem-se à Glencore, de acordo com a televisão pública suíça, SRF.
Citando os documentos, o jornal britânico The Guardian informou que a Glencore “emprestou secretamente dezenas de milhões de dólares” ao empresário israelense Dan Gertler depois de contratá-lo para garantir um acordo de mineração na República Democrática do Congo.
O Guardian, parte do ICIJ, disse que Gertler negou qualquer irregularidade. A agência de notícias Reuters não conseguiu contactá-lo imediatamente.
Panama Papers
As revelações do domingo vêm na esteira da publicação, no ano passado, de registros de uma empresa com sede no Panamá envolvida na criação de contas offshore. Essa divulgação desencadeou investigações em vários países, a demissão do primeiro ministro da Islândia, e a expulsão do primeiro-ministro do Paquistão de seu país.
Existem razões legítimas para a criação de contas e empresas offshore, mas a regulação leniente e o anonimato em algumas jurisdições facilitam a lavagem de dinheiro, sonegam impostos, e evitam o escrutínio regulatório. Os críticos do fosso crescente entre os super-ricos e o resto da população expuseram o uso de paraísos fiscais, como revelado nos documentos de Panamá, como evidência de uma crise, e os governos prometeram agir.
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Mapeando os intermediários dos Panama Papers
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We have mapped here all intermediaries worldwide linked to the Panama Papers. While the use of offshore entities is not in itself illegal, the revelations from the Panama Papers have already resulted in a raid by Swiss prosecutors on European football’s governing body UEFA and an official investigation by the authorities in Geneva. On Monday,…
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Analista de sistemas suspeito dos”Panamá Papers” está preso em Genebra
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A notícia foi relatada na edição do hoje do jornal suíço “Le Temps”. O Ministério Público de Genebra confirmou ao jornal que agiu depois da queixa apresentada por Mossack Fonseca, mas recusou dar mais detalhes, o que é comum na Suíça. O analista de sistemas é acusado de roubo de dados, acesso indevido a um…
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“O escândalo dos Panama Papers não irá acabar com os paraísos fiscais” Onze milhões de documentos revelando as atividades bancárias offshore do escritório de advocacia Mossack Fonseca mostram que diversos bancos suíços (Credit Suisse Channel Islands Ltd., HSBC Private Bank Suisse, UBS AG) e advogados suíços têm um papel importante nos negócios. Elmer: “Os paraísos…
Documentos do Panamá revelam fundos de Putin em Zurique
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O vazamento de milhões de documentos correspondendo a mais de 2,6 terabytes de dados de um escritório de advocacia no Panamá revela uma quantidade impressionante de atividades bancárias suspeitas ao redor do mundo, incluindo também a Suíça.
Das dez maiores instituições que abriram a maior parte das companhias offshore para clientes estrangeiros, quatro são suíças.
O vazamento ocorreu na Mossack Fonseca, um escritório de advocacia, que nasceu no Panamá e se expandiu a mais de 40 países. Os 11,5 milhões de dados, a maioria e-mails e PDFs de contratos, revela construções offshore de 140 políticos e autoridades públicas ao redor do mundo, incluindo os primeiros-ministros da Islândia e Paquistão, o presidente da Ucrânia e o rei da Arábia Saudita. Aproximadamente 215 mil empresas offshore estão relacionadas.
De acordo com o ICIJ, a Suíça está entre os principais países envolvidos, tanto em termos do número e do nível de atividades dos intermediários.
Amigo de Putin
Uma das pessoas envolvidas é Sergei Roldugin, um amigo próximo do presidente russo, Vladimir Putin. Segundo a reportagem do jornal suíço Tages-Anzeiger, Roldugin teria escondido milhões na filial de Zurique do banco russo Gazprombank – fundos que ele dificilmente teria recebido como violoncelista profissional e maestro.
"Os documentos mostram que Roldugin atua atrás dos bastidores em uma rede clandestina operada por pessoas ligadas a Putin. Eles teriam movimentado pelo menos dois bilhões de dólares em diversas contas bancárias e companhias offshore", de acordo com ICIJ através do jornal alemão Süddeutsche Zeitung e outros parceiros na mídia.
Jornalismo investigativo
O vazamento feito no domingo à noite ocorreu através de um trabalho conjunto de investigação coordenado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês). Ele envolveu centenas de jornalistas em 80 países na pesquisa de transações financeiras através de empresas de fachada no Panamá e outros paraísos fiscais. O relatório aponta o dedo para personalidades do mundo político, esportivo e empresarial.
Roldugin está listado como proprietário de empresas offshore que obtiveram pagamentos de outras companhias no valor de dezenas de milhões de dólares.
"Uma companhia ligada ao violoncelista também fez transações com o maior fabricante russo de tratores, responsável por uma grande fatia do bolo publicitário nas televisões russas. É possível que Roldugin, que afirma publicamente não ter atividades empresariais, não seja o verdadeiro beneficiário dos fundos. Em vez disso, as evidências demonstradas nos arquivos mostram que Roldugin está agindo como testa-de-ferro para uma rede de pessoas ligadas a Putin."
Futebol suspeito
Um membro do Comitê Independente de Ética da Fifa também está sob suspeita. Arquivos confidenciais que vazaram da firma de advocacia panamenha Mossack Fonseca revelam acordos entre os 3 homens e Juan Pedro Damiani, integrante do Comitê Independente de Ética da Fifa, que tem tomado decisões a respeito de uma série de expulsões de altos executivos da organização, segundo o Panama Papers.
Damiani e seu escritório de advocacia trabalharam para pelo menos 7 companhias offshores ligadas a Eugenio Figueredo, ex-vice-presidente da Fifa, que está na mira das autoridades norte-americanas.
Damiani declarou à agência de notícias Reuters em Montevideo, no domingo, que rompeu as ligações com Figueredo quando este foi acusado posteriormente de corrupção.
O escândalo da Fifa veio à tona em 2015, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apontou que empresários de TV e de marketing pagavam propinas para obter os direitos de transmissão para jogos. Dentre os nomes nos arquivos aparece ainda Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa de 2007 até setembro de 2015, quando foi banido por acusações de corrupção.
O escândalo da Fifa veio à tona em 2015, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apontou que empresários de TV e de marketing pagavam propinas para obter os direitos de transmissão para jogos. Desde então seu comitê de ética investigou e baniu um número de importantes dirigentes, dentre eles o ex-presidente da Fifa, Sepp Blatter, e o ex-presidente Uefa, Michel Platini.
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Mais detalhes dos chamados Panama Papers foram divulgados na segunda-feira (9) pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Os documentos vazaram do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Os documentos mostram que 1339 advogados suíços, assessores financeiros e outros intermediários haviam criado mais de 38 mil entidades offshore nos últimos 40 anos. Essas entidades listavam…
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