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“Eldorado” chinês ajuda a impulsionar a relojoaria suíça

2010 foi um ano "espetacular" para a indústria relojoeira suíça Keystone

A indústria relojoeira suíça está indo bem, desfrutando de um período de confiança renovada graças à demanda aquecida por relógios de luxo na Ásia, especialmente na China.

Havia muitos rostos sorridentes em Genebra esta semana no 21º Salão Internacional da Alta Relojoaria (SIHH), que apresenta pequenas marcas independentes.



















“Eu me sinto muito mais confiante e sereno este ano”, declarou Fabienne Lupo, diretora do Salão da Alta Relojoaria de Genebra, à swissinfo.ch.

2010 foi um ano “espetacular” para a indústria relojoeira suíça, com o aumento das exportações em quase 30% em novembro de 2010 em comparação à 2009, somando um total de 15,1 bilhões de dólares.

“Estou muito satisfeito em ver a evolução”, disse Jean-Daniel Pasche, presidente da Federação da Indústria Relojoeira Suíça. “O que impressiona é a velocidade e a dimensão dos ciclos”.

O setor, que ocupa 53 mil postos de trabalho, foi atingido pela recessão em 2009, sofrendo uma queda de 24% das exportações e uma perda de 4 mil empregos.

“No entanto, não fomos afetados estruturalmente, com isso o setor pôde responder rapidamente à retomada da demanda, através de suas redes de distribuição e os estoques disponíveis”, disse Pasche.

“O crescimento das exportações parece favorável, mas estamos preocupados com a força do franco suíço, que pode afetar a competitividade e as margens”, disse o presidente da federação.

Explosão asiática

“A previsão para 2011 é positiva graças aos novos mercados na Ásia”, disse Fabienne Lupo. “A China acordou realmente, os chineses compram relógios suíços não apenas em casa, mas em todo o mundo”.

As exportações para os mercados asiáticos subiram no ano passado: 55% na China, 46% em Hong Kong e 37% em Singapura.

Na segunda-feira, o gigante do luxo sediado em Genebra, o grupo Richemont, que organiza o salão, registrou um aumento de 33% das vendas no último trimestre de 2010.

As vendas na região Ásia-Pacífico aumentaram em 57%, chegando a 1,03 bilhões de dólares, com clientes chineses comprando produtos de marca como Cartier, Piaget e Vacheron Constantin. É a região que mais cresce para a empresa e deve provavelmente superar a Europa.

Ávidos de luxo

“A China tornou-se um verdadeiro Eldorado para os produtos de luxo”, disse Christian Barbier, diretor de vendas do fabricante Parmigiani, à swissinfo.ch.

“Os chineses estão ávidos de produtos de luxo que representam determinados valores, é o mesmo fenômeno que aconteceu na Rússia há dez anos”.

Segundo a empresa de consultoria KPMG, a China é agora o segundo maior mercado de luxo do mundo, depois do Japão.

Um relatório publicado em agosto de 2010 pela empresa revelou que o segmento dos chineses “super ricos” continuou crescendo apesar da recente turbulência econômica mundial.

“Enquanto os profissionais mais jovens e outros aspirantes a consumidores tiveram algumas dificuldades em obter aumentos de salários no ano passado, as empresas privadas estão cada vez mais superando as antigas empresas estatais como geradoras de riqueza, criando uma nova elite de consumo”, afirmou.

A demanda interna na China ressuscitou no final de 2008 e muitas marcas de relógio mudaram o foco de suas estratégias de marketing em 2009 e 2010, de regiões como a América do Norte para a Ásia, disse Barbier.

“A Ásia, especialmente a China, tornou-se um objectivo a curto prazo para um crescimento rápido”, observou, reconhecendo que a concorrência no segmento de luxo é dura.

“Nos próximos cinco anos, alguns mercados estarão completamente tomados e as barreiras de entrada serão muito maior “, disse o diretor de vendas.

Ovos no mesmo cesto

Especialistas dizem que as marcas que começaram a investir há dez anos atrás avançam claramente e estão começando a colher os benefícios.

No entanto, o fabricante Parmigiani, que iniciou sua atividade em 1986 e emprega 500 funcionários que produzem anualmente 5 mil relógios de luxo, está consciente da necessidade de não pôr todos os ovos na cesta dos chineses.

Dessa forma, a empresa desenvolveu três plataformas de vendas – em Fleurier, na Suíça, em Miami e Hong Kong – mantendo o foco no mercado “muito importante” dos EUA.

A posição cautelosa de Barbier é a mesma de Bernard Fornas, diretor executivo da Cartier, que advertiu na terça-feira sobre a dependência excessiva do mercado chinês.

“Nós implementamos estratégias complementares em outras regiões. Não pretendemos de forma alguma negligenciar nossos outros mercados”, disse Fornas.

Cartier, que já tem 34 lojas na China, disse que gostaria de acrescentar umas 7 lojas este ano e abrir outras 20 lojas no resto do mundo, em cidades como Abu Dhabi.

O 21° Salon International de la Haute Horlogerie (SIHH) acontece entre os dias17 e 21 de janeiro no pavilhão de exposições Palexpo de Genebra. A feira de relojoaria é reservada aos profissionais de todo o mundo.

As marcas apresentando novos modelos são as seguintes: A. Lange & Söhne, Alfred Dunhill, Audemars Piguet, Baume & Mercier, Cartier, Girard-Perregaux, Greubel Forsey, IWC, Jaeger-LeCoultre, JeanRichard, Montblanc, Officine Panerai, Parmigiani Fleurier, Piaget , Relógio de Ralph Lauren e jóias Co, Richard Mille, Roger Dubuis, Vacheron Constantin e Van Cleef & Arpels.

A Geneva Time Exhibition, também é uma feira reservada aos profissionais da área e acontece em Genebra entre os dias 16 e 21 de Janeiro no Geneva International Conference Centre. Cerca de 60 pequenas marcas de fabricantes independentes, principalmente da Suíça, participam do salão.

O preço médio de um relógio de luxo está em torno dos 30 mil dólares.

A maior feira de relógios e jóias do mundo – a Baselworld – acontecerá na Basileia, entre os dias 24 e 31 de março de 2011.

Adaptação: Fernando Hirschy

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