Bancos cobram taxas mais elevadas a suíços do estrangeiro
Os bancos suíços aumentaram drasticamente as taxas bancárias para suíços do estrangeiro alegando custos mais elevados para administrar as contas. Seus representantes fazem pressão, mas até agora nenhuma solução foi encontrada. Pelo menos um banco mostra mais flexibilidade.
Resumo
– Aproximadamente 800 mil suíços vivem no exterior.
– Para manter uma conta na Suíça eles pagam taxas 40 vezes mais elevadas do que os correntistas normais.
– Os bancos alegam: os custos administrativos com os suíços do estrangeiro são maiores.
– Um projeto de lei que propunha igualar as taxas não foi aprovado pelo Conselho Nacional (Câmara dos Deputados) em fevereiro de 2018.
Sem sucesso nas negociações
Heinz Jüni, um suíço que vive no exterior, começou a ter problemas com os bancos suíço oito anos atrás. Ele já vivia há quinze anos na Hungria quando o Credit Suisse, segundo maior banco do país, onde mantém uma conta, lhe escreveu uma carta. Nela a instituição informava que aumentaria as taxas anuais devido a questões regulatórias. A partir disso, Heinz pagaria 45 francos ao mês, totalizando 540 francos ao ano, um aumento de nove vezes.
O suíço do estrangeiro tentou negociar, mas sem sucesso. O banco comunicou que a única possibilidade de não pagar taxas seria ter pelo menos um milhão de francos depositado em conta. Então decidiu procurar um novo banco. Porém as outras instituições na Suíça cobram valores semelhantes, por vezes entre trinta e quarenta vezes mais elevados. “Eles provavelmente querem aumentar os lucros às nossas custas, um verdadeiro roubo”, critica.
Projeto de lei
A insatisfação crescente contra essa discriminação levou parlamentares suíço a apresentarem, no final de novembro, um projeto de lei. Porém ele não foi aprovado.
Heinz Jüni afirma encontrar muitos outros concidadãos no Clube Suíço que também se revoltam a saber que precisam pagar até quarenta vezes mais para manter suas contas.
Remo Gysin, presidente da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE) confirma a dimensão do problema. Ele recebe queixas de todas as partes do mundo. Muitos dos 800 mil suíços no exterior foram atingidos diretamente pelas mudanças, pois necessitam manter suas contas no país.
Uma das razões é a necessidade de fazer os pagamentos dos fundos do Seguro Previdenciário por Idade ou Falecimento (AHV, na sigla em alemão) ou fundos de pensão. A conta pode ser útil também se o suíço do estrangeiro tiver filhos que estudam na Suíça. “Ou para pagar as taxas administrativas do cemitério, onde os pais estão enterrados ou administrar casas ou apartamentos herdados. São muitas as razões para um suíço do estrangeiro ter uma conta no país”, ressalta Gysin.
O programa de defesa do consumidor do canal público de televisão SRF questionou oito grandes bancos suíços. A razão para o aumento drástico das taxas é praticamente a mesma: houve um aumento muito grande no esforço administrativo para mantê-las.
O UBS, o maior banco do país, justificou: “Dentre as razões, é preciso documentar os produtos, expedir certificados para as autoridades fiscais, comunicá-las do domicílio declarado do correntista, certificar os gerentes para trabalhar com esse tipo de conta e outros”. Já o Credit Suisse escreveu: “Para atender as diversas regras específicas dos países necessitamos de esclarecer muita coisa, o que nos causa um gasto elevado de tempo e trabalho e, consequentemente, de custos.”
O presidente da OSE não questiona a necessidade dos bancos de cobrarem pelo trabalho adicional, porém em sua opinião, não deveria ocorrer exageros. Ele coloca em questão se os suíços do estrangeiro provocam, de fato, 40 vezes mais trabalho aos bancos suíços.
Melhores condições em bancos regionais
Porém um banco alega oferecer condições mais justas. O Banco Cantonal de Genebra cobra apenas 108 francos por ano aos suíços do estrangeiro desde meados de março, um valor apenas “três” vezes maior do que para os clientes internos.
Dicas
– Contate o seu banco antes de emigrar. Assim as chances são maiores de obter condições justas como suíço do estrangeiro.
– Negocie com o seu banco e recuse-se a aceitar taxas abusivas.
– Se necessário, peça auxílio à Organização de Suíços do Estrangeiro (OSE).
Adaptação: Alexander Thoele
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