Europeus tentam convercer que euro tem futuro
Autoridades europeias presentes em Davos multiplicaram declarações para convencer que o euro está seguro.
A moeda europeia não está em crise, apesar de alguns países da zona do euro apresenterem problemas que demandam soluções, disse na quinta-feira (27), em Davosm o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet.
Jean-Claude Trichet quis mostrar segurança: “Não há crise do euro. Isso é absolutamente óbvio”, afirmou o presidente do Banco Central europeu em apresentação no Fórum Econômico Mundial. Trichet participou de um debate sobre a situação europeia e o futuro da moeda comum ao lado de Nouriel Roubini, um dos primeiros economistas a prever a crise de 2008.
As afirmações de Trichet fizeram coro com o discurso do presidente francês Nikolas Sarkozy em defesa do euro em Davos. Sarkozy reforçou que a Europa vai fazer de tudo para defender a moeda comum.
“O que eu tenho a dizer sobre o euro é muito simples: estaremos lá para fazer o que for preciso para defender o euro. O euro é a Europa. Fui claro nesse assunto?”, afirmou Sarkozy em apresentação.
O futuro da moeda europeia foi colocado em questão depois de uma piora na situação econômica da zona euro puxada pela crise da dívida em países do bloco, como Grécia e Irlanda. Economistas questionam se, com a deterioração das contas de algumas nações, o bloco terá capacidade de sustentar as diferenças entre as economias e a unidade da moeda.
Risco de calote
Para continuar mantendo a confiança na moeda e evitar um calote da dívida recorde de alguns países do bloco, os europeus se dizem prontos a fazer sacrifícios. “Não vamos reestruturar nossa dívida”, garantiu o premiê grego Georges Papandréou. Graças a medidas drásticas, a Grécia está no bom caminho e se tornou um dos países mais transparentes do mundo, acrescentou.
“Nenhum corte (haircut) está previsto”, garantiu Trichet, aproveitando para dizer que a moeda europeia não está em crise, mas alguns países do bloco precisam implementar as reformas estruturais evitadas durante muito tempo. No entanto, o tamanho da reforma orçamentária é tal que o economista Nouriel Roubini estima que os países europeus mais fracos não conseguirão evitar um calote. “Pode acontecer nos próximos três meses”, considerou.
Roubini lembrou a plateia que a Argentina e a Rússia haviam dado calote quando suas dívidas representavam 50% do produto interno bruto de cada país. A dívida da Grécia já passa dos 100% e “quanto mais cedo acontecer melhor será, pois se concentrar no saneamento das finanças compromete a volta ao crescimento”, disse.
Franco suíço como exemplo
As críticas mais virulentas ao euro, no entanto, foram feitas pelos próprios europeus. Durante um debate do Fórum intitulado “Euro grounding”, o economista alemão Wilhem Hankel criticou muito o plano de salvamento da Grécia, qualificando a união monetária de “terrificante”, pela falta de construção e a divergência econômica entre os países do bloco.
Hankel fez um apelo para que voltassem ao sistema monetário europeu de antes, citando o franco como exemplo. Para ele, a Suíça mostra que “o que conta não é o tamanho, mas a competitividade e a credibilidade. Uma moeda pequena é capaz de sobreviver enquanto ela mantiver a estabilidade interior”.
O Fórum Econômico Mundial
(WEF) começou como Fórum de Administração Europeu, em 1971.
Criado pelo empresário alemão Klaus Schwab, foi projetado para conectar líderes empresariais europeus com seus homólogos americanos para encontrar formas de aumentar vínculos e resolver problemas.
É uma organização sem fins lucrativos, com sede em Genebra, financiada pelas taxas de inscrição de seus membros.
O WEF realiza relatórios detalhados da situação mundial e de países específicos. Também acolhe uma série de reuniões anuais – a principal sendo a de Davos, no início de cada ano.
Davos tem atraído uma série de grandes nomes do mundo empresarial, acadêmico, político e do show business. Entre eles: Nelson Mandela, Bill Clinton, Tony Blair, Bono, Angela Merkel, Bill Gates e Sharon Stone.
Como o fórum cresceu em tamanho e status na década de 1990, atraiu uma crescente crítica de grupos antiglobalização, que se queixam do elitismo e do interesse individualista dos participantes.
A reunião de Davos de 2011 será realizada entre os dias 26 e 30 de janeiro, com a presença de 2.500 participantes de 90 países.
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