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Governo ucraniano critica presença da Nestlé na Rússia

Uma vista interior do museu The Nest durante uma visita à mídia na terça-feira, 31 de maio de 2016, em Vevey, Suíça
Uma vista interior do museu "The Nest" durante uma visita à mídia na terça-feira, 31 de maio de 2016, em Vevey, Suíça Keystone / Cyril Zingaro

A gigante suíça da alimentação Nestlé pode enfrentar um boicote dos consumidores depois que  governo ucraniano acusou a empresa de ser cúmplice dos "crimes de guerra" da Rússia na Ucrânia. Apelos por um boicote e memes ridicularizando a empresa se disseminaram intensamente nas mídias sociais esta semana.

A empresa já estava sob pressão para sair da Rússia, já que muitas outras marcas já tinham saído. Em 11 de março, a Nestlé comunicou como ela havia restringidoLink externo seus negócios no país amplamente condenado por invadir seu vizinho. Mas o clamor da mídia social ganhou força depois de uma conversa entre o primeiro-ministro da Ucrânia devastada pela guerra e o alto executivo da empresa.

“Pagar impostos a um país terrorista significa matar mães e crianças indefesas”, escreveu o primeiro-ministro ucraniano Denys Shmyhal no Twitter. Na quinta-feira, Shmyhal disse que havia conversado com o CEO da Nestlé, Mark Schneider, sobre os efeitos colaterais de permanecer no mercado russo, mas que infelizmente ele não havia demonstrado nenhuma compreensão.

“Espero que a Nestlé mude de ideia em breve”, acrescentou ele. Seus comentários receberam mais de 60.000 curtidas no espaço de 24 horas.

Conteúdo externo

A multinacional se recusou a comentar o acontecido. Uma porta-voz do grupo baseado em Vevey disse à Keystone-SDA que a empresa considera “conversas com autoridades governamentais privadas”.

“Como empregador, somos responsáveis por nossos mais de 7.000 funcionários na Rússia”, observou a porta-voz.

Os usuários do Twitter se mobilizaram em torno da hashtag “#boycottnestle”. Algumas das imagens que visam a Nestlé foram alteradas, com o logotipo da empresa com um pássaro usando uma braçadeira nazista com um “Z” ao invés da suástica. O “Z” é o sinal usado pelas tropas russas que participaram da invasão da Ucrânia.

Outras imagens de marketing distorcidas mostraram a Nestlé como um “patrocinador oficial” da invasão russa, contra um pano de fundo de fotos de hospitais bombardeados.

O Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dymtro Kuleba, também participou da campanha visando a multinacional suíça. “Ao se recusar a parar de fazer negócios na Rússia, a Nestlé está permitindo que a guerra de agressão da Rússia na Europa continue”, tuítou. “O dano a longo prazo à reputação da empresa é proporcional à escala dos crimes de guerra russos na Ucrânia”.

Esse post foi acompanhado por um meme justapondo uma imagem de uma criança feliz prestes a comer uma refeição saudável com uma imagem de um cadáver coberto de sangue de uma criança aparentemente enterrada em escombros. O texto sobre elas dizia: “O posicionamento da Nestlé: ‘Boa comida, boa vida’ ou ‘Patrocinadora da guerra de Putin’”.

Na quarta-feira, o presidente dos EUA Joe Biden chamou seu homólogo russo de “criminoso de guerra” depois que as forças russas bombardearam um teatro que abrigava centenas de pessoas em Mariupol.

A Nestlé suspendeu os carregamentos de certos alimentos para a Rússia, incluindo o Nespresso. Mas continua a fornecer gêneros de primeira necessidade, como alimentos para bebês e cereais. Em 2021, a Nestlé gerou CHF1,7 bilhão (US$1,8 bilhão) de receita na Rússia, ou cerca de 2% do seu faturamento total, de acordo com a Bloomberg. No mercado de ações, os investidores parecem relativamente indiferentes a estas controvérsias.

Houve mais de 1.500 mortes de civis na Ucrânia desde 24 de fevereiro, quando a Rússia lançou um ataque terrestre e aéreo contra seu vizinho, de acordo com o Global Conflict Tracker administrado pelo Conselho de Relações ExterioresLink externo de Nova York. Mais de 3,2 milhões de refugiados fugiram da Ucrânia no mesmo período. A Suíça já registrou quase 4.000 refugiados ucranianos e criou um novo processo de solicitação online para lidar com a alta demanda.

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