Pascale Kramer conta “personagens que a incomodam”
Pascale Kramer, romancista de Genebra instalada em Paris, recebeu em Berna quinta-feira (16) o Grande Prêmio de Literatura 2017. Em seus 13 livros até agora, a autora de 55 anos conta o destino de pessoas simples com esperanças geralmente frustradas. A distinção que recompensa o conjunto de sua obra lhe dá energia em um momento de dúvida, confessa a escritora.
Se ela fosse pintora seria maneirista. Pascale Kramer propõe, em cada um de seus romances, uma linguagem que capta, com muita minúcia, os mínimos gestos,. Movimentos e sobressaltos do coração. Portanto, sua pluma nunca condiz com estilos clássicos ou patéticos. A Secretaria Federal de Cultura (OFC), que lhe atribuiu quinta-feira (16) o Grande Prêmio suíço de Literatura 2017, não se enganou, vendo em sua escrita “precisa e suntuosa (…) um canto emocionado, mas de uma grande lucidez sobre uma humanidade de pessoas simples”. Gente simples Pascale Kramer não cessa de abordar em seus livros.
“Desde o início como romancista, percebi que não poderia viver unicamente de meus escritos”.
Tristezas e alegrias
Mas cuidado, seus romances não são jamais uma terapia para ela. “Se coloco muito de mim mesmo, é porque eu estimo que compreendemos melhor os outros os outros observando o que nós mesmos vivemos. Tive tristezas na minha existência, chorei bastante, mas rapidamente dei a volta por cima. Esse prêmio, por exemplo, chega na hora certa, em meio a dúvidas e me dá, assim, a energia que estou precisando hoje. Eu achava que ia ser recompensada pelo meu último romance “Autópsia de um pai”, mas foi toda a minha obra é que foi premiada”
De livro em livro, Pascale Kramer cava o mesmo sulco, mas cada vez sob um ângulo diferente: o desamor, a morte acidental de crianças doentes, o trabalho, etc. Assuntos através dos quais ela diz mostrar “a luta frente a vida com parcos meios que o ser humano dispõe”.
Pascale Kramer
Nasceu em 15 de dezembro de 1961 em Genebra, mas cresceu desde os três anos de idade em Lausanne.
Estudou Letras na Universidade de Lausanne, mas interrompeu os estudos para tentar o jornalismo.
Depois de trabalhar seis anos em Zurique publicista, ela se instala em Paris como jornalista, paralelamente à sua atividade de romancista.
Em 2011, trabalha em uma ONG como redatora de jornais e de relatórios.
Seu último livro “Crônicas de um lugar de compartilhamento”, publicado no início de fevereiro, “é um passo ao lado” conforme ela mesmo diz. Não é um romance, mas um recito que reúne testemunhas recolhidas de pessoas fragilizadas pela vida.
Entre seus livros, podemos citar ainda: “Os vivos”, “Retorno do Uruguai”, “Adeus ao norte”, “Glória”. Ela é publicada pelas editoras Mercure de França e Flammarion. Seus livros são traduzidos em alemão, inglês e italiano. Ela ganhou outros prestigiosos preços literários suíços como Dentan e Schiller.
Adaptação: Claudinê Gonçalves
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