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Grandes bancos continuam a investir em projetos de carvão

Ativistas ambientais protestam diante de uma agência do Credit Suisse em Lausanne, em 2018.
Ativistas ambientais protestam diante de uma agência do Credit Suisse em Lausanne, em 2018. Keystone/cyril Zingaro

Instituições financeiras, incluindo bancos suíços, estão canalizando bilhões de dólares para a indústria do carvão, apesar das metas climáticas de zero emissões de carbono.

Desde 2019, os bancos suíços emprestaram ou ajudaram a levantar US$19,8 bilhões (CHF18,3 bilhões) para empresas envolvidas na indústria do carvão, de acordo com um relatórioLink externo publicado na terça-feira por um grupo de 28 organizações ambientais.

Globalmente, as instituições financeiras canalizaram US$1,5 trilhão para a indústria do carvão entre janeiro de 2019 e novembro de 2021, sendo as da Grã-Bretanha, Estados Unidos, China, Japão, Índia e Canadá responsáveis por mais de 86% do financiamento e investimento em carvão, diz o relatório da ONG.

O carvão é o combustível fóssil mais poluente e sua eliminação gradual é uma parte fundamental dos esforços globais para reduzir a poluição causada pelo aquecimento do clima e cumprir as metas internacionais.

Para fazer seus cálculosLink externo, as ONGs Urgewald, Reclaim Finance, 350.org Japão e 25 outros parceiros contaram diferentes tipos de financiamento (empréstimos, emissões de ações e títulos) concedidos por organizações financeiras entre janeiro de 2019 e novembro de 2021 a empresas da Global Coal Exit List (GCEL). Este é um banco de dados das 1.032 companhias envolvidas com a mineração, comércio, transporte e utilização de carvão, compilado pela Urgewald.

Financiamento suíço

Entre as instituições financeiras suíças, o Credit Suisse emprestou ou ajudou a levantar US$13,5 bilhões durante esse período. Foi seguido pelo UBS (US$5,2 bilhões), Habib Bank (US$586 milhões) e Zurich Cantonal Bank (US$255 milhões).

No final de 2021, os bancos suíços detinham mais de US$22 bilhões em ações e títulos corporativos listados no GCEL. O UBS encabeçou a lista com 7,6 bilhões de francos suíços em ativos, seguido pelo Grupo Pictet (6,1 bilhões de francos suíços), Credit Suisse (2,6 bilhões de francos suíços), o Swiss National Bank (Banco central da Suíça; 2,5 bilhões de francos suíços) e o Zurich Cantonal Bank (600 milhões de francos suíços).

Globalmente, 376 bancos emprestaram US$363 bilhões a empresas ativas no setor do carvão, mas 12 bancos são responsáveis por 48% dos empréstimos, nota Urgewald e seus sócios.

As ONGs também apontam o dedo para os investidores que compram títulos emitidos pelos bancos. Em novembro de 2021, cerca de 4.900 investidores institucionais detinham US$1,2 trilhão relacionados com a indústria do carvão, sendo que os 24 maiores investidores detinham 46% dessa soma.

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Muito além da COP

Na COP26 de Glasgow em novembro passado, mais de 40 países se comprometeram a abandonar o uso do carvão, embora grandes consumidores como China, Índia e Estados Unidos não assinaram o acordo.

Os ambientalistas há muito criticam o Banco Nacional Suíço (SNB) e as instituições financeiras por investirem enormes somas em empresas de combustíveis fósseis e assim contribuírem para o aquecimento global.

Uma enxurrada de novas iniciativas surgiu na esteira da cúpula climática da COP26. Mas os bancos, o governo e os reguladores enfrentam uma tarefa considerável para transformar a Suíça em um centro financeiro sustentável.

No ano passado, um alto funcionário do SNB declarou que a missão do SNB não era tornar o mundo mais verde, mas atingir metas de política monetária.

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