Depois do escândalo causado pela operação "Carne Fraca", diversos países congelaram suas importações de carne brasileira. Na Suíça, as autoridades afirmam que o país foi pouco atingido e decidiram bloquear só temporariamente as importações de quatro empresas brasileiras citadas nas investigações.
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swissinfo.ch com agências
No início da semana, a China anunciou que irá conter a entrada da carne brasileira à espera de explicações detalhadas sobre o caso. O país asiático é o segundo maior importador de carne bovina e aviária do país. A União Europeia (UE), por sua vez, pediu ao Brasil “que elimine de imediato todos os estabelecimentos envolvidos no escândalo da lista aprovada pela UE”, informou aos jornalistas o porta-voz da Comissão Europeia, Enrico Brivio. Dos 21 frigoríficos acusados de irregularidades, quatro estão autorizados a exportar para a Europa.
O ministério da Agricultura da Coreia anunciou também o congelamento temporário das importações de carne aviária e produtos derivados do maior produtor brasileiro no setor, a empresa BRF. Aproximadamente 80% das 107.400 toneladas de carne de frango importada em 2016 vieram do Brasil e quase a metade foi fornecida pela BRF.
A Suíça não foi atingida pelo escândalo, declarou Thomas Jemmi, vice-diretor da Secretaria Federal de Veterinária e Segurança Alimentar (BLV), no jornal televisivo “Tagesschau”. “Atualmente sabemos de quatro empresas que estão envolvidas e que potencialmente podem fornecer para a União Europeia e a Suíça. Essas importações foram bloqueadas. Trata-se de uma medida preventiva”, completou. Oitenta por cento da carne comercializada na Suíça é produzida internamente, informou o jornal. Apenas 4% da carne é originária do Brasil.
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O governo brasileiro esforça-se para diminuir os danos. As acusações envolvem “apenas um número muito reduzido de empresas” e a indústria brasileira da carne não tem problemas, declarou o presidente Michel Temer no domingo durante uma coletiva de imprensa. Ele convidou diversos embaixadores de países importadores para comer em uma churrascaria. O sistema brasileiro de controle é “um dos mais respeitados do mundo”, assegurou Temer. “Quero ressaltar aqui a confiança na qualidade dos nossos produtos.”
30 pessoas detidas
A Polícia Federal (PF) revelou na sexta-feira um esquema em que fiscais sanitários recebiam subornos dos frigoríficos para autorizar a venda de alimentos não aptos para o consumo, a chamada operação “Carne Franca”. Mais de 30 pessoas foram detidas até o momento, três frigoríficos foram fechados temporariamente e 21 se encontram sob investigação.
O governo tentar limitar o impacto do escândalo e questiona parte das denúncias da PF sobre a venda de produtos vencidos ou em mal estado, “maquiados” com ácidos. Segundo os dados apresentados, dos 4.837 frigoríferos que operam no país, somente 21 estão sob suspeita e apenas seis exportaram nos últimos 60 dias.
A produção de carne é um dos pilares do setor primário brasileiro: em 2016, as exportações de carne de frango superaram os 5,9 bilhões de dólares e as de carne bovina chegaram a 4,3 bilhões, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC).
As exportações para a China totalizaram 859,5 milhões de dólares em carne de frango e 702,7 milhões em carne bovina e só foram superadas pelas compras da Arábia Saudita e Hong Kong, respectivamente, segundo o MDIC.
O setor frigorífico e os exportadores de carnes alertaram que colocar em xeque a qualidade dos produtos brasileiros favorecerá a concorrência.
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