Syngenta na linha de mira por vender pesticidas perigosos
Colheita da soja no Mato Grosso, Brasil
Keystone / Andre Penner
Um representante das Nações Unidas está exigindo ação após relatórios de que a empresa suíça de ciência de cultivos Syngenta está vendendo pesticidas altamente perigosos no exterior.
“Há uma necessidade urgente de acabar com essa exploração dos padrões de proteção mais baixos. Essa é uma situação moral e eticamente injustificável”, disse Baskut Tuncak, Relator Especial das Nações Unidas sobre direitos humanos e tóxicos, à ONG suíça Public Eye. “Os países devem ter uma auditoria jurídica obrigatória em direitos humanos para fabricantes de produtos químicos.”
A Syngenta ganhou bilhões vendendo pesticidas que não são aprovados para uso na Suíça, anunciou a ONG em um relatórioLink externo publicado esta semana. A Public Eye afirma que das 32 substâncias que estão incluídas nos “principais produtos comercializados” da empresa, 15 são consideradas “altamente perigosas” pela Pesticide Action Network (PAN). Dos milhares de pesticidas analisados pela PAN, cerca de 310 ingredientes ativos em pesticidas são considerados extremamente perigosos devido ao aumento da incidência de malformações congênitas, câncer e outras doenças graves.
“De acordo com nossos cálculos, em 2017, a gigante suíça faturou aproximadamente 3,9 bilhões de dólares com pesticidas altamente perigosos. A multinacional tira proveito dos padrões mais fracos em países como o Brasil, a Argentina ou a Índia para continuar vendendo seus “blockbusters” tóxicos, muitos dos quais não são mais autorizados na Suíça ou na União Europeia”, escreveu Public Eye em seu relatório.
O tweet desta semana de um portal de notícias sobre agricultura reflete o sucesso da Syngenta na região:
Em resposta, um porta-voz da Syngenta disse para swissinfo.ch que “o relatório da Public Eye é politicamente motivado e deliberadamente enganoso – sua retórica é projetada para assustar o público e promover a iniciativa “Responsible Business” na Suíça. O relatório é baseado em uma lista desenvolvida pela PAN, que nenhuma organização nacional ou internacional reconhece”.
O diretor da Syngenta na Suíça, Roman Mazzotta, disse à televisão pública suíça RTS que “nossos produtos são seguros, estão sujeitos a inspeções de longo prazo e são verificados regularmente. O registro de um produto leva muitos anos. Não há razão para nós removermos esses produtos do mercado”.
Em uma entrevistaLink externo publicada na segunda-feira no jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, o CEO da Syngenta, Erik Fyrwald, argumentou que os produtos eficazes de proteção à lavoura desempenham um papel importante na alimentação do planeta e no combate às mudanças climáticas.
Na quarta-feira (17), o tribunal anunciou que aprovou quatro recursos do WWF SuíçaLink externo, porque excluir a organização ambiental do procedimento de licenciamento constituiu uma grave violação da justiça.
As decisões do Tribunal Administrativo Federal baseiam-se em uma decisão histórica do Tribunal Federal de fevereiro de 2018, quando os juízes decidiram que o WWF tinha direito a uma declaração sobre a aprovação dos pesticidas.
Em 2015, o WWF soube através do site da FOAG que o departamento estava realizando um procedimento de exame para vários produtos fitofarmacêuticos. A organização ambiental então pediu para ser incluída, mas a FOAG recusou.
Agora, o WWF está pedindo à justiça suíça que revogue licenças adicionais que foram concedidas nesse meio tempo.
swissinfo.ch/fh
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