Saboroso, doce e cremoso, os chocolates Lindt nunca duram muito depois do Natal. Mas, por mais apetitosos, se ingeridos em grandes quantidades podem levar a uma desconfortável indigestão. A mesma regra se aplica ao investimento nas ações do 'chocolatier' suíço mais famoso do mundo.
Por décadas, as ações da Lindt vinham desfrutando de múltiplos aumentos em seu lucro. Sua relação preço-por-lucro, de 36 vezes, é muito superior aos concorrentes, como Nestlé (20 vezes) ou Barry Callebaut (24 vezes). Tal taxa de lucratividade podia ser justificado pelo crescimento orgânico de 6-8%. Mas, com o patamar de vendas de chocolate em mercados mais maduros estacionário, não é mais claro que essa meta será atingida. Por mais difícil que seja acreditar no consumo excessivo do Natal, nem todo mundo quer se entupir de chocolate.
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As pessoas estão se alimentando de modo mais saudável. Considere a América do Norte, o maior mercado da Lindt, que corresponde a cerca de um terço de seus 4,3 bilhões de francos suíços (US$ 4,3 bilhões) em vendas anuais. Lá, a Russell Stover, a empresa de chocolate americana que a Lindt comprou em 2014, tem depositado suas esperanças em chocolate sem açúcar.
No entanto, isso pode não ser suficiente para impedir que as vendas diminuam. Uma nota do UBS estima que o crescimento das vendas dos Estados Unidos para a Lindt nos últimos meses foi de apenas 1,3%, enquanto que em toda a região do NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) ele foi de 4% no primeiro semestre.
Mas isso é parte de uma mudança de longo prazo. A participação de mercado da Lindt nos EUA caiu de 9,3% em 2014 para 8,7% neste ano. Naturalmente, a Lindt está procurando novas oportunidades em outros lugares.
As vendas na China dobraram no semestre. Mas o consumo de chocolate per capita ali é de apenas 10 gramas, contra mais de 4 kg nos Estados Unidos e quase 9 kg na Suíça. Há bastante chão para andar até que as vendas de US$ 3 bilhões da China subam para um nível mais atraente.
Contudo, há alguma esperança para Lindt. Preços mais altos do cacau, por conta de uma esperada fase climática do El Niño, poderiam aliviar qualquer potencial dispepsia. Se os preços mais altos forem causados por safras ruins, a Lindt poderia repassá-los aos consumidores, protegendo suas margens. Isso, no entanto, é um grande “se”. A Lindt, por enquanto, continua sendo um luxo caro.
Copyright The Financial Times Limited 2018
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