Perspectivas suíças em 10 idiomas

Grifes de luxo suíças ainda praticam salários de fome

factory workers
O salário mínimo em Bangladesh corresponde a 21% do necessário para se transpor a linha da pobreza, segundo cálculo da Asia Floor Wage. Keystone / Abir Abdullah

Ativistas estão pedindo às marcas de moda suíças que intensifiquem os esforços para garantir que os trabalhadores de suas cadeias de produção sejam tratados de forma justa. A última análise da sociedade civil mostra que as empresas suíças não estão cumprindo os padrões globais de transparência e salário digno.

Das 19 marcas suíças avaliadas pela ONG suíça Public Eye, apenas a marca de vestuário Nile confirma que pelo menos alguns dos trabalhadores da sua cadeia de produção recebem um salário digno.

De acordo com informações fornecidas pela empresa de vestuário sediada no cantão de Berna, os seus dois principais fornecedores na China, responsáveis por metade do seu volume de produção, pagam um salário digno ao seu pessoal. A Nile é também a única empresa que estabeleceu um prazo para o pagamento de um salário mínimo vital a todos os trabalhadores – até 2020.

Este é um dos principais destaques na avaliaçãoLink externo das marcas de moda publicada na quinta-feira pela Public Eye e pela Clean Clothes Campaign (Campanha do Vestuário Limpo). A avaliação é baseada em um questionário enviado a 45 grifes de moda, das quais 19 são suíças, que incluem luxo, roupas esportivas e comércio online, como o Grupo Calida, Tally Weil e Mammut.

A análise revela que, apesar dos compromissos assumidos por várias marcas, como a H&M, nos últimos anos nenhuma das 45 empresas garantiu a todos os trabalhadores que fazem as suas roupas um salário digno. Só mais uma empresa além da Nilo tem essa garantia para pelo menos alguns trabalhadores.

Cerca de 60% das empresas indicaram um compromisso público para garantir um salário digno, dos quais seis estão sediadas na Suíça. Apenas quatro marcas suíças desenvolveram uma estratégia para alcançar essa meta.

O debate sobre o salário mínimo de sobrevivência

O “Living wage” tem sido um tema muito debatido na indústria do vestuário nos últimos anos, em meio à crescente reação dos consumidores contra a “moda rápida” (roupas produzidas rapidamente e vendidas a baixo custo para os consumidores) e a pressão que ela coloca sobre as condições de trabalho para os produtores. Os salários mínimos oficiais em países como Bangladesh e Turquia estão muito abaixo do que os especialistas em direitos trabalhistas consideram ser suficiente para satisfazer as necessidades básicas de um trabalhador e de sua família.

A Campanha do Vestuário Limpo relata que determinar o que é um salário digno tem sido uma fonte de desacordo. Algumas marcas têm argumentado que não há números universalmente acordados, enquanto as ONGs replicam que existem cálculos sólidos e escadas salariais a nível nacional ou regional.

Transparência

Muitas grandes marcas intensificaram os esforços de transparência, com pouco mais da metade das 45 marcas globais agora publicando informações sobre seus fornecedores. A qualidade das informações varia, observam os autores do estudo. A Nike oferece as informações mais detalhadas sobre discriminação de gênero da força de trabalho, números de trabalhadores migrantes, bem como localização e relações de subcontratação.

Apenas duas marcas suíças, a comerciante de algodão orgânico Remei, e a Workfashion, publicam uma lista de todos os locais de produção, número de fornecedores e trabalhadores, bem como a estrutura de propriedade.

A porta-voz da Public Eye, Géraldine Viret, disse à swissinfo.ch que “foram feitos progressos em termos de transparência da cadeia de suprimentos por grandes empresas internacionais, mas a maioria das empresas suíças está atrasada”.

“E para quase todas as empresas pesquisadas, não há transparência nos salários pagos pelos fornecedores”, acrescentou. “Este continua sendo um tabu que precisa ser quebrado.

A Public Eye lançou uma campanha convidando os consumidores a coletar e compartilhar informações sobre as práticas das marcas.

swissinfo.ch/ets

Mais lidos

Os mais discutidos

Notícias

Dois homens de terno e gravata apertando a mão

Mostrar mais

Cassis e Lavrov discutem sobre a OSCE e o conflito ucraniano

Este conteúdo foi publicado em Os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Suíça falaram sobre a candidatura da Suíça para presidir a OSCE em 2026. Eles também discutiram o conflito ucraniano.

ler mais Cassis e Lavrov discutem sobre a OSCE e o conflito ucraniano
Homem de terno e gravata

Mostrar mais

“A Suíça deve ser capaz de controlar a imigração”

Este conteúdo foi publicado em A Suíça deve ser capaz de controlar a própria imigração se ela “exceder os limites toleráveis”, diz Christoph Mäder, presidente da Economiesuisse.

ler mais “A Suíça deve ser capaz de controlar a imigração”
Um avião

Mostrar mais

Dados de passageiros aéreos na Suíça serão monitorados

Este conteúdo foi publicado em Suíça aprova criação de banco de dados nacional de passageiros aéreos, seguindo o modelo da UE e EUA. Objetivo: combate ao terrorismo e crimes graves. Dados sem ligação com crimes serão pseudonimizados e apagados após 6 meses.

ler mais Dados de passageiros aéreos na Suíça serão monitorados
bondinho

Mostrar mais

Suíça inaugura bondinho mais íngreme do mundo

Este conteúdo foi publicado em O bondinho mais íngreme do mundo, que liga os vilarejos de Stechelberg e Mürren, na região do Oberland Bernês, começou a receber passageiros no sábado.

ler mais Suíça inaugura bondinho mais íngreme do mundo
moeda

Mostrar mais

Moeda romana histórica é leiloada por valor milionário em Genebra

Este conteúdo foi publicado em Uma rara moeda romana com um retrato de Brutus, o assassino de Júlio César, foi vendida em um leilão em Genebra na segunda-feira por CHF 1,89 milhão (US$ 2,15 milhões), de acordo com o organizador da venda.

ler mais Moeda romana histórica é leiloada por valor milionário em Genebra
pote com camarões

Mostrar mais

Frutos do mar produzem arsênio no corpo humano

Este conteúdo foi publicado em Compostos de arsênico potencialmente tóxicos podem se formar no corpo humano quando frutos do mar são consumidos. Isso é causado pela arsenobetaína, que é frequentemente encontrada em frutos do mar. Ela pode ser convertida em substâncias parcialmente tóxicas por bactérias intestinais.

ler mais Frutos do mar produzem arsênio no corpo humano

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR