Morre Nicolas Hayek, presidente do Grupo Swatch
Nicolas Hayek, um dos mais importantes e conhecidos empresários suíços, morreu aos 82 anos de ataque cardíaco em seu local de trabalho nesta segunda-feira, informou a empresa no início da noite.
Considerado o salvador da indústria relojoeira suíça nos anos de 1980, Hayek tornou-se um símbolo de empresário ousado e rico em ideias.
Ele reorganizou as empresas Asuag e SSIH, formando um único grupo, assumido por ele e outros investidores em 1985. No ano seguinte, tornou-se chefe-executivo e presidente da Swatch. Passou a direção geral ao seu filho Nick, em 2003, mas permaneceu na presidência do conselho de administração.
“Com a inesperada morte de Nicolas G. Hayek, a Suíça e a economia suíça perdem uma de suas personalidades”, disse a presidente suíça e ministra da Economia, Doris Leuthard, em comunicado.
“Através de seu empenho e sua ação corajosa, Nicolas Hayek impulsionou fortemente a empresa e a economia suíça. Devemos muito ao senhor Hayek”, acrescentou Leuthard.
Ator incontornável na cena midiática e econômica, este imigrante libanês, que se tornou um milionário, nunca mostrou uma vontade real de deixar o negócio. Parecia improvável que as decisões fossem tomadas sem o seu consentimento.
Na passagem das décadas de 1970 para 80, o setor relojoeiro suíço, que havia se destacado na fabricação de complicados modelos mecânicos, tinha dificuldades para enfrentar o advento dos relógios de quartzo, confiáveis e muito mais baratos.
Hayek não hesitou em adotar a nova tecnologia nos coloridos relógios de plástico Swatch, que foram lançados em 1983 e rapidamente se popularizaram no mundo todo.
Seu sucesso comandou a recuperação do setor relojoeiro suíço e ajudou Hayek a transformar sua empresa no maior fabricante mundial de relógios. Ele deixa uma empresa com boa saúde.
Em maio passado, o empresário disse que a Swatch teria um ano recorde, com faturamento estimado em mais de 6 bilhões de francos suíços (5,5 bilhões de dólares).
Artista empreendedor
“A extraordinária visão de Nicolas G. Hayek lhe permitiu perceber e assegurar a sustentabilidade de um empreendimento relojoeiro forte, com alto valor agregado suíço. Ele é justamente reconhecido como um empreendedor líder neste país”, disse a empresa.
O ex-líder do Grupo Swatch costumava se definir como uma espécie de artista-empreendedor. Ele acreditava que um empresário tinha que manter a fantasia da infância. Parecia saborear o fato de estar entre os grandes deste mundo, ao mesmo tempo em que admirava o trabalho de um relojoeiro.
Nascido em Beirute em 1928, Hayek emigrou para França em 1940 e para a Suíça em 1949, onde mais tarde obteve a cidadania. Dirigiu empresas desde os anos 50 e, em 1985, assumiu o controle da Sociedade Suíça de Microeletrônica e Relojoaria, predecessora do Grupo Swatch, que hoje inclui muitas marcas, tais como Swatch, Omega, Tissot, Longines e Breguet.
Vinculado à cidade de Biel
Para muitos, o nome de Biel permanecerá indissoluvelmente ligado ao dono do Grupo Swatch. A criação de diferentes marcas do grupo na cidade bilíngue do cantão de Berna levou à criação de milhares de empregos, além de que se tornou a capital mundial da relojoaria.
Durante a crise econômica atual, este bem-humorado comandante da indústria, exortou os empresários a superar os obstáculos e seguir em frente.
Enquanto gostava de elogiar os empregadores, trabalhadores, designers, não teve papas na língua quando denunciou o mundo das finanças. Ele criticou “os banqueiros idiotas e desonestos”, que usaram o dinheiro para especular ou para pagar bônus exorbitantes.
Nos anos 90, Nicolas Hayek não hesitou em se manifestar contra a política do Banco Nacional Suíço (SNB), considerada hostil às exportações. Recentemente, comprometera-se com o populista Christoph Blocher e o social democrata Christian Levrat para alterar o tamanho do UBS e Credit Suisse.
Intuição
Famoso por usar vários relógios simultaneamente, Hayek foi visionário também em outras áreas. Intuitivo, dedicou-se ao desenvolvimento de veículos ecológicos movidos por células de combustível.
Mas já muito antes vinha sonhando com uma tecnologia de carro limpo. Nos anos 90, lançou a ideia de Swatchmobile. O projeto do carro ecológico não se materializou. No entanto, Hayek criou modelo Smart da DaimlerChrysler.
Em cada crise, Nicolas Hayek era um dos principais especialistas consultados, não só pela imprensa. Quando o projeto de exposição nacional, convertido de Expo 01 para a Expo 02, afundava, foi ele quem elaborou o relatório de viabilidade no final dos anos 90.
Durante toda a sua vida, Nicolas Hayek procurou colocar o ser humano acima do dinheiro. Em uma entrevista de um ano atrás à revista francesa L’Express, ele disse: “Nada é impossível, exceto evitar a morte … e os impostos. ”
swissinfo.ch com agências
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