Nenhum país pode funcionar sem dívida pública. Mas enquanto a Grécia e a Itália continuam a dar calafrios aos políticos e economistas, swissinfo.ch explora as causas e as possíveis consequências da explosão da dívida nacional.
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Quando não cobre fintech, criptomoedas, blockchain, bancos e comércio, o editor de negócios da swissinfo.ch pode ser encontrado jogando críquete em vários locais na Suíça, inclusive na região de St. Moritz.
Por si só, os impostos não são suficientes para construir estradas, hospitais e escolas. Os países são, portanto, naturalmente obrigados a emitir títulos para se financiarem nos mercados. O endividamento cada vez maior das nações preocupa, no entanto, os economistas, ou pelo menos a maioria deles.
A União Europeia (UE) acredita que a dívida pública de um Estado não deve exceder 60% da renda gerada em um ano pela economia (PIB). Muitos países do bloco excederam este limite. A Suíça, que não faz parte da UE, é um dos únicos países europeus que satisfazem os critérios estabelecidos no Tratado de Maastricht de 1992.
Como mostrado no gráfico abaixo, os países mais endividados são geralmente os mais “ricos”. O que prevalece na vida em geral também se aplica às nações: quanto mais dinheiro você tem, mais você pode tomar emprestado. Além disso, os países ricos são na sua maioria democracias. Os partidos políticos concorrem para oferecer aos eleitores o máximo de serviços com o mínimo de impostos. Isso tem contribuído para alargar ano após ano os défices públicos: muitos partidos no poder preferem recompensar os eleitores hoje e transferir a responsabilidade para as futuras gerações.
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A crise financeira de 2008-2009 contribuiu fortemente no endividamento dos Estados. Mergulhadas em uma espiral da dívida fora de controle, a Grécia e a Itália continuam sofrendo as consequências quase dez anos mais tarde. Com o declínio das atividades econômicas, a perda de empregos e receitas fiscais em queda livre, alguns países encontraram-se frente a montanhas de dívidas que não podiam mais pagar. O Banco Central Europeu (BCE) foi forçado a recomprar títulos no valor de 1 trilhão de dólares porque ninguém mais queria a dívida desses países.
Outros países aumentaram o nível da dívida pública por outras razões. A China injetou grandes quantias de dinheiro em projetos de infraestrutura e empresas estatais para impulsionar o desenvolvimento econômico do país. O governo japonês, por sua vez, criou uma montanha de dívida para estimular sua economia paralisada.
Ainda assim, muitos observadores estão preocupados com o crescente nível da dívida pública no mundo. A Goldman Sachs advertiu recentemente contra as crescentes dificuldades que os países encontrarão para pagar suas dívidas. Em causa, o envelhecimento da população, o que resultará em menores receitas fiscais e um peso sobre os sistemas de saúde e previdência.
Do seu lado, a Suíça considera imprescindível reduzir sua dívida depois das dificuldades econômicas da década de 1990. Em 2003, o governo suíço introduziu um freio ao endividamento, o que obriga a manter os gastos do Estado sob controle. Esse mecanismo permite déficits cíclicos limitados aos períodos má conjuntura, enquanto requer excedentes quando a economia vai bem.
Ainda assim, nem todos estão convencidos desta política fiscal restritiva, que foi imitada por outros países. Os partidos de esquerda, inclusive, consideram que o controle excessivo das despesas tem um impacto negativo sobre os serviços públicos.
Adaptação: Fernando Hirschy
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