Alunos de origem estrangeira têm mais dificuldade, mas são mais motivados
Pouco mais de um quarto dos alunos nas salas de aula da Europa não nasceram nos países que vivem. Quais são seus resultados escolares? Um estudo da OCDE esclarece a questão e mostra que se muitos deles têm mais dificuldade no aprendizado, são também mais motivados do que as crianças nativas.
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Depois de iniciar a carreira na imprensa regional (jornal e rádio) na Suíça francófona, entrei para a Rádio Suíça Internacional (RSI) em 2000, que depois veio se tornar a plataforma online swissinfo.ch. Desde então, escrevo - e às vezes rodo até vídeos - sobre todos os tipos de assuntos: de política à economia, cultura e ciência.
A diversidade na escola é um desafio, mas também uma chance. Pois a “diversidade sempre esteve no coração do progresso humano”, escrevem os especialistas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ao apresentar um novo estudoLink externo de 300 páginas, enriquecido em inúmeras tabelas.
Graças aos resultados do estudo PISA 2015Link externo (sobre as competências e resultados de alunos em aproximadamente setenta países), os autores avaliaram mais especificadamente as capacidades de crianças e jovens migrantes.
Elas não são medidas somente através dos resultados escolares. Os técnicos também levaram em conta o seu grau de identificação com a escola, o nível de angústia provocado pelos deveres de casa, sua motivação de ter bons resultados e a satisfação com a vida, de forma geral.
Os dados cobrem praticamente toda a Europa, Oriente Média, Ásia, as duas Américas e a Oceania. Dos países africanos, somente a Argélia e a Tunísia foram incluídos.
Os fluxos migratórios modificam com profundidade a composição das sociedades e, por consequência, das escolas. Em 2015, um aluno de 15 em quatro nos países membros da OCDE haviam nascido no exterior ou um dos pais eram estrangeiros. Na Suíça – e em Luxemburgo – essa proporção chega a um em dois.
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Dez pontos de destaque
Os alunos originários da imigração – especialmente os da primeira geração – tem resultados abaixo da média dos alunos nativos e não se sentem tão bem na escola. As diferenças são de dez pontos percentuais sobre todos os critérios de avaliação.
Para explicar os seus resultados, os autores destacam dois fatores principais: as desvantagens socioeconômicas (imigrantes, especialmente recém-chegados, são frequentemente pobres e ainda não estão bem integrados) e a barreira da língua.
A Suíça faz parte do grupo de uma dezena de países onde os resultados são geralmente os piores. Do grupo também fazem parte a Áustria, Bélgica, Alemanha, Japão e Luxemburgo.
Mas foi especialmente a angústia ligada aos deveres escolares que rebaixam as médias na Suíça. Ao tratar de resultados puros, o ranking de alunos originários da imigração é melhor. O estudo atribui o resultado a vários fatores, dentre os quais “o processo seletivo da política de imigração, a qualidade geral do sistema educacional e o idioma em que são dados os cursos.”
No que diz respeito à língua, o estudo destaca como muito positivo o programa educacional de Zurique intitulado “Qualidade nas Escolas MulticulturaisLink externo“. Nas escolas do cantão, mais de 40% dos alunos são multilíngues. Além disso, os programas são adaptados e os alunos recebem tanto cursos intensivos de alemão como também em seus idiomas de origem.
Motivação
E no que diz respeito à motivação, os alunos oriundos da imigração são “mais motivados” do que os outros em todos os países onde foram examinados. Confrontados à afirmação “quero ser o melhor, não importa o que esteja fazendo”, mais de metade dos jovens entrevistados na Suíça afirmaram se identificar – 10% a mais do que os jovens nativos.
Adaptação: Alexander Thoele
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