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Oposição de Belarus afronta gigantes do tabaco sediadas na Suíça

Belarus
Alexander Lukashenko em um vídeo da "Aliança de Investigadores" de Belarus. nexta

"O autocrata Alexander Lukashenko estaria financiando seu aparato repressivo com o contrabando de cigarros" - acusa a oposição de Belarus. Para acabar com o esquema, ativistas estão trabalhando para fornecer evidências às empresas de tabaco.

Alexander Lukashenko silencia violentamente as críticas em seu país. A repressão é tão severa que quase não há protestos. Muitos detratores do regime tiveram que se refugiar em países vizinhos para escapar de represálias. Do exterior, eles agora tentam exercer pressão e secar as fontes de receita do presidente da Belarus, parte das quais viria da Suíça.

Uma área cinzenta

“Zolotoe dno” (mina de ouro) é um filme em duas partes do canal de notícias “Nexta”, crítico ao regime bielorusso, cujas revelações são semelhantes às do ativista anticorrupção russo Alexei Navalny. A narração do filme resume: “Belarus – o centro da Europa. Belarus – uma área cinzenta”. O apresentador nos leva a um mundo de contrabando e corrupção sistêmica, baseando-se em depoimentos e documentos.

A narrativa indica que no governo de Lukashenko, um clã familiar controlaria todo o país, incluindo a economia e as instituições. O filme centra-se particularmente no contrabando de cigarros e aponta que o negócio é sistematicamente explorado,  beneficiando enormemente Alexander Lukashenko.

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De acordo com as pesquisas realizadas por jornalistas, o negócio funciona da seguinte forma: empresas ocidentais fornecem tabaco bruto para a Belarus. As fábricas locais produzem cigarros a preços baixos e em grandes quantidades. Os produtos – ou parte deles – são então contrabandeados para a Europa Ocidental e Rússia, sendo vendidos a um preço alto, com a bênção de funcionários de alto escalão. O jornalista bielorrusso Yevgeny Medvedev afirma que o contrabando de cigarros para a Europa provavelmente rende a Alexander Lukashenko centenas de milhões de dólares por ano.

Uma aliança contra o presidente

Yevgeny Medvedev agora vive no exílio. Ele chefia a “Aliança de Investigadores”, um grupo de jornalistas que documenta e publica os crimes do regime bielorrusso. Um de seus objetivos é cortar o fluxo de dinheiro para o governo autoritário. Segundo os jornalistas, o contrabando renderia o dinheiro que Alexander Lukashenko usaria para pagar os salários da polícia e das formidáveis ​​forças especiais da OMON.

E é aí que entram as empresas ocidentais – incluindo as suíças. As multinacionais de tabaco British American Tobacco, Philip Morris e a japonesa JTI têm parceiros licenciados na Belarus. A Philip Morris e a JTI, por sua vez, estão sediadas na Suíça.

Em uma entrevista para a rádio pública de língua alemã SRF, Yevgeny Medvedev disse que contatou as multinacionais do tabaco para fazer com que parassem de cooperar com a Belarus. Para convencê-los, a Aliança de Investigadores tenta reunir evidências.

Hauptsitz
Sede da Philip Morris em Lausanne. Keystone / Laurent Gillieron

E o que as empresas de tabaco estão dizendo? A Philip Morris, quando questionada sobre isso, disse que segue todas as leis e que suas próprias verificações não encontraram evidências de que seu parceiro esteja envolvido no comércio ilegal. “Estamos monitorando ativamente as listas de sanções da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos para estarmos atentos às sanções de governos, empresas e indivíduos”, continua o grupo, que promete: “Estamos monitorando nossos clientes e fornecedores e tomaremos medidas imediatas e apropriadas, se necessário. ”

Uma enorme perda fiscal

O contrabando de cigarros é um problema difícil de resolver. Os números das autoridades europeias mostram que 10% dos produtos ilegais do tabaco na UE vêm da produção bielorrussa. Em novembro passado, numa operação de grande escala, a Europol apreendeu 36 milhões de euros em cigarros e tabaco comercializados ilegalmente, a maioria dos quais proveniente da Belarus. Isso, embora o governo bielorrusso tenha garantido que está reprimindo o contrabando e tenha negado qualquer envolvimento na atividade ilegal. A UE estaria, portanto, perdendo milhões de dólares em impostos.

Mas a política agora quer se envolver. A UE quer impor sanções econômicas ao país mencionando explicitamente o setor de tabaco. É uma esperança para os ativistas bielorrussos, que continuarão a tentar impedir o fluxo de dinheiro para Minsk com todos os meios à sua disposição.

Clarissa Levy

Adaptação: Clarissa Levy

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