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Projeto ajuda crianças de famílias desfavorecidas

Visita caseira a uma das famílias participantes do projeto "Schritt:weise". a:primo

As chances para uma criança ascender no sistema de ensino helvético depende, muitas vezes, da sua origem social.

O projeto “Schritt:weise” apoia em 18 regiões do país crianças de famílias desfavorecidas. swissinfo.ch visitou um dos projetos na cidade de Olten.

Ayse Kaya toca na campainha da casa onde vive a família Calistus. Através do porteiro eletrônico é possível escutar vozes de crianças. Depois o elevador leva ao 5° andar. Edin, três anos, já está esperando no corredor para saudar os visitantes. Sua irmã Emmie, oito anos, espera com a mãe e o pai atrás da porta do apartamento. Edin aguarda ansioso para ver o que Ayse Kaya trouxe para ele dessa vez.

A jovem mulher de origem turca, que também é mãe de duas crianças pequenas, é uma das agentes do projeto “Schritt:weise” em Olten, cidade ao norte da Suíça. Ela é acompanhada pela coordenadora do projeto, Rosmarie Schär, da Fundação Arkadis. A pedagoga é responsável pela aplicação do programa com as famílias, assim como pela formação e acompanhamento das agentes familiares e que são, ao mesmo tempo, também mães no grupo-alvo do projeto.

Confiança 

Ayse Kaya senta na sala de estar da família Calistus com o pequeno Edin sentado no chão. Dessa vez ela trouxe quebra-cabeças com diferentes graus de dificuldade. Edin “trabalha” concentrado enquanto sua irmã se diverte observando. Quando o irmão não sabe continuar, ele é auxiliado por Ayse Kaya, a mãe ou o pai. Isso está correto, como explica Rosmarie Schär à swissinfo.ch, já que a participação dos pais faz parte do programa.

A confiança que reina entre a família Calistus e a jovem visitante é visível. Os pais contam, orgulhosos, que Edin – ele já frequenta até um grupo de ocupação para crianças pequenas – melhorou no comportamento e na capacidade de concentração. Eles ressaltam que a ligação com outras famílias de origem tâmil está se desenvolvendo muito bem.

Um amigo tâmil levou à família ao projeto “Schritt:weise”, explica o pai. Quando a agente chegou pela primeira vez, foi necessário primeiro ganhar a confiança. Porém não houve problemas com “essa estranha” que não é tâmil, mas sim de origem turca. “Pelo contrário, Edin e também Emmie ficam muito felizes com cada visita semanal de Ayse Kaya, que fala conosco alemão.”

Projeto nascido na Holanda 

O conceito do projeto baseia-se no “Opstapje”, um programa já aplicado com sucesso na Holanda e desenvolvido na Alemanha. “A:primo”, uma associação sem fins lucrativos sediada na cidade de Winterthur (norte) adaptou o projeto às condições suíças e o oferece a diferentes instituições nas cidades e comunas (municípios).

No programa de prevenção “Schritt:weise”, agentes visitam semanalmente famílias desfavorecidas com crianças entre seis meses e quatro anos. Elas trazem um livro ou um jogo e mostram como utilizá-los.

As agentes são formadas e acompanhadas pelas pedagogas e assistentes sociais. Depois das visitas são programados encontros regulares com as famílias.

Em outras partes da Suíça 

Segundo Erika Dähler Meyer, o projeto “Schritt:weise” já está sendo aplicado em pequenas e grandes cidades da Suíça de expressão alemã. Doze instituições responsáveis aplicam o programa em 18 diferentes locais como Olten, onde 15 famílias participam.

“A partir de 2012, a A:primo também quer começar a atuar na parte francesa (oeste) e no Ticino, a Suíça italiana (sul). Isso será um grande trabalho, pois o programa não apenas precisa ser traduzido, mas também adaptado às condições culturais locais”, diz Dähler Meyer.

Origens sociais 

A visita à família Calistus, que nos presenteou com diversas delícias açucaradas, termina. A despedida é calorosa e Edin pergunta se Ayse Kaya irá visitá-lo mais uma vez.

As visitas continuam em Trimbach, um pequeno vilarejo nas cercanias de Olten. Lá vivem Deria Yildiz, uma mãe solteira com seu filho, Efetan, de três anos. Ele também espera ansiosamente pela visita. Primeiramente ele nos mostra seus brinquedos, antes de começar escutar as histórias do livro trazido por Ayse Kaya.

As autoridades de Trimbach registraram Deria Yildiz e Efetan no programa “Schritt:weise”. No início era difícil para a pequena família de ver uma “estranha” entrar na sua vida, que talvez só falasse o alemão. “Mas então vi que a agente também era de origem turca como eu”, revela Deria.

Efeitos positivos 

A primeira série de visitações a quinze famílias na região de Olten dentro do programa “Schritt:weise” foi concluída em março. “Os efeitos foram bastante efetivos”, analisa Rosmarie Schär. “Obviamente precisamos aprender a progredir em passos curtos, mas o balanço é muito positivo”. Ao seu lado, Ayse Kaya também faz uma avaliação positiva. “Esse trabalho me trouxe pessoalmente muito, além de ter aprendido tanto.”

A associação A:primo pediu que o Instituto Infantil Marie Meierhofer em Zurique fizesse uma avaliação em oito diferentes regiões. “Vimos que o programa tem efeitos positivos”, explica Erika Dähler Meyer. “A interação pais e filhos é reforçada, a integração social das famílias é melhorada, as crianças desenvolvem-se segundo a sua idade e já têm menos déficits no início da formação escolar.”

A associação “A:primo” sediada em Winterthur e “Opstapje”, na Alemanha, recebeu 200 mil francos como melhor projeto no concurso “Klaus J. Jacobs Best Practice Award 2010”.

O programa desenvolvido inicialmente na Holanda prevê apoio especial a crianças de baixa idade oriundas de famílias desfavorecidas. Ele é aplicado atualmente em 50 cidades ou regiões na Alemanha e 18 na Suíça.

A Fundação Jacobs premia anualmente organizações que se dedicam ao desenvolvimento infantil e juvenil.

Segundo a diretora da “A:primo”, Erika Dähler Meyer, o prêmio foi muito importante para o seu trabalho. Dessa forma, órgãos públicos são sensibilizados pela importante do apoio prematuro às crianças.

Adaptação: Alexander Thoele

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