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“Por que decidir sobre o que acontece na Suíça?”

Muitos suíços têm direito de voto mesmo se nunca viveram no país. © Keystone / Christian Beutler

Alguns suíços do exterior renunciam voluntariamente ao direito de voto na Suíça. Outros continuam a participar da sua vida política. O debate lançado pela SWI sobre a questão provocou reações dos leitores.

“Vivo na Alemanha há 50 anos. Continuei a exercer meu direito de voto na Suíça por pouco tempo, mas era cansativo ter de me inteirar sobre as questões debatidas. Então parei”, escreve o leitor com o pseudônimo “Beppi Basler”, no debate lançado no nosso site.

Assim, o expatriado desiste voluntariamente de exercer seus direitos políticos na Suíça, pois não se sente suficientemente informado. Entretanto o leitor acredita que os suíços do exterior deveriam ter a opção de votar ou não. “Depende de quantas vezes você visita a Suíça e se você tem família ou amigos por lá”, diz.

O leitor radicado na Alemanha defende, portanto, o status quo. Na verdade, a Suíça não limita a participação política dos membros da sua diáspora após um período residindo fora do país, ao contrário de outros países europeus. Por exemplo, emigrantes alemães que já estão a mais de 25 anos no exterior perdem o direito de voto. A Grã-Bretanha estabeleceu este limite em 15 anos.

Como Beppi Basler, Gioboa acredita que tais restrições são desnecessárias: “Os suíços do exterior, nascidos no exterior (segunda ou terceira geração), simplesmente não votam, portanto não influenciam decisões importantes.”

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Nem todos os que deixam a Suíça querem exercer seus direitos políticos. Dos 800 mil cidadãos vivendo no exterior, cerca de 210 mil estão registrados nas listas eleitorais nos consulados e outras representações diplomáticas e têm, portanto, direito de voto.

O leitor “Ademello” acredita que os que se registram querem manter os laços com a Suíça. “Estou na Ásia há 17 anos. Porém me sinto mais próximo do meu país do que o lugar onde vivo. Viajo várias vezes ao ano à Suíça. Minha família continua a viver por lá. Também continuo a pagar os impostos. Sou muito grato à Suíça por poder votar”, diz. 

Retirando o direito de voto

Outros usuários querem limitar o direito de voto. Um leitor, “Max Obrist”, conta que deixou a Suíça há 55 anos. Embora ainda tenha laços familiares, escreve: “Por que devo decidir sobre o que acontece na Suíça? Não sei mais nada sobre a situação atual.”

Esse é um ponto de vista compartilhado por vários leitores. “Se você emigrou, já não acompanha mais as coisas na Suíça e conhece apenas o país onde vive”, defende o leitor “Claude2011”. “Thack” escreve: “Na minha opinião, muitos suíços do exterior podem votar, apesar de não terem nenhuma conexão com a Suíça. A vida ocorre no país que os acolheu. Portanto, acho que eles não deveriam opinar mais na Suíça”, diz outro.  

>> Veja abaixo o debate (em francês) sobre a Quinta Suíça

Um voto por assunto

Outras pessoas gostariam de limitar o direito de voto dos suíços do exterior às questões que lhes dizem respeito. “Eles não deveriam continuar votando em questões locais, mais sim em questões nacionais”, escreve Luchs. A inglesa de nascimento lamenta ter perdido o direito de voto na Grã-Bretanha após 15 anos: “Eu e muitos expatriados gostaríamos de ter esse direito. Poderíamos até ter impedido o Brexit.”

Franz Muheim enfatiza a importância de poder votar em certas questões para a diáspora suíça. “Muitos plebiscitos dizem respeito à previdência social ou às relações da Suíça com a União Europeia (UE). Alguns vivem na Europa ou contribuíram para a previdência social suíça durante toda a vida. Portanto, deveríamos ter uma palavra a dizer.”

Há também apelos para uma extensão dos direitos políticos da Quinta Suíça (n.r.: a comunidade de cidadãos suíços que vivem fora do país). “Os suíços do exterior também podem trazer novas ideias para o debate político e contribuir para o progresso. Acho que eles deveriam estar representados até no Parlamento em Berna”, diz um leitor.

Representação no Parlamento

Andreas Ziegler-Mendonça acredita que “a Quinta Suíça deveria ter senadores e uma representação proporcional no Conselho Nacional (Câmara dos Deputados) como um cantão virtual”. O empresário acredita que oi país se beneficiaria mais com a longa experiência dos seus concidadãos que vivem fora.

No entanto, nem todos estão satisfeitos com esta proposta. “Frodo” considera irrealista a ideia de ter representantes da Quinta Suíça no Parlamento. “Não é possível legislar quando você vive em um país com leis diferentes”, argumentou. Outra leitora acredita que não vale a pena reorganizar o sistema para as pessoas que deixaram a Suíça. “Por que você gostaria de mudar a estrutura de um país no qual você não quer mais viver? 

Até o momento, apenas um suíço do exterior se tornou parlamentar: o ex-embaixador suíço na Alemanha, Tim Guldimann, residente em Berlim, Alemanha. Eleito para o Conselho Nacional em 2015 pelo Partido Socialista (SP), o diplomata renunciou ao seu mandato em 2018 (antes do final da legislatura), alegando dificuldades em reconciliar a política com a vida privada.

Adaptação: Alexander Thoele

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