Um impulso para as revelações do Paradise Papers?
Obrigar as multinacionais a respeitar os direitos humanos e ambientais em qualquer lugar que atuem: esse é o objetivo de uma iniciativa que será votada em plebiscito. O escândalo dos Paradise Papers torna o assunto ainda mais sensível.
O governo federal era contra. A Comissão de Justiça do Conselho dos Estados (Senado, na Suíça) apoiou. Se a mesma comissão no Conselho Nacional (Câmara dos Deputados) der o mesmo parecer, o Parlamento será encarregado de elaborar um contra projeto à iniciativa popular para tornar as multinacionais responsáveis pelos seus atosLink externo.
Isso significa a priori que os senadores dão mais peso que ministros às preocupações exprimidas pelos responsáveis pela iniciativa e pretendem salvar alguns dos princípios, caso a iniciativa seja derrotada e o contra projeto seja vitorioso.
Depositado em 10 de outubro de 2016 com mais de 120 mil assinaturas, o texto pretende impor às multinacionais domiciliadas na Suíça regras vinculativas para que elas respeitem os direitos humanos e ambientais também em suas atividades no exterior.
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A conexão “Angola” de Jean-Claude Bastos
77% a favor
A coordenadora da iniciativa na parte francófona da Suíça, Béatrix Niser, aplaude a decisão da comissão do Senado, que chega após as primeiras revelações no escândalo Paradise Papers. Ela não vê uma ligação direta entre os dois: “É uma preocupação bastante forte na população. Na semana passada revelamos os resultados de uma pesquisa realizada antes do escândalo Paradise Papers: ela mostra que 77% dos suíços, e mesmo 91% dos suíços na parte francófona, apoiariam a nossa iniciativa.”
Esse seria o resultado caso a votação ocorresse amanhã, mas ainda estamos distantes disso. A experiência mostra que o apoio às grandes ideias é relativizado ao longo de todos os trâmites: o exame pelas duas câmaras, recomendações de voto, campanha…
No entanto, os Paradise Papers e suas revelações lançam uma luz às práticas financeiras do grande capital, o que pode dar um impulso importante às ideias de moralizá-las.
Beatrix Niser confirma: “Não estamos dando conta do número de voluntários interessados em se engajar na iniciativa. As pessoas se apresentam porque não somos um partido, mas sim uma grande coalizãoLink externo de 85 organizações, agrupando aproximadamente um milhão de membros.
Adaptação: Alexander Thoele
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