O Comitê Olímpico Internacional não vai suspender a Rússia da Olimpíada do Rio, deixando às Federações Internacionais determinarem quais atletas russos não se contaminaram pelo “sistema de dopagem do Estado”. Uma decisão denunciada por toda a imprensa suíça na segunda-feira.
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Jornalista e editor-adjunto da redação suíça, que reúne três idiomas nacionais da swissinfo.ch (alemão, francês, italiano). Trabalhou anteriormente na agência Teletext e no portal rts.ch.
“Confrontado a uma dopagem de Estado revelada entre 2011 a 2015, o conselho executivo do COI fez passar por fraqueza um momento histórico da sua guerra declarada contra a dopagem”, como o Tribune de Genève, muitos jornais suíços atacam o Comitê Olímpico Internacional (COI) e seu presidente Thomas Bach, acusado de falta de coragem e complacência com relação à Rússia.
A organização, com sede em Lausanne, continua presa a seus imperativos políticos e econômicos, observa por sua vez o Le Temps. “Excluir a Rússia seria dar as costas a uma das maiores nações do esporte. Seria também a garantia de ver aumentar o fosso entre Moscou e o Ocidente, em um momento em que se busca, ao contrário, lançar pontes”, comentou o diário em francês.
A mesma história no jornal Neue Luzerner Zeitung: “O COI fechou um olho, e deu uma piscada com o outro. O comitê escutou mais a voz oficial da Rússia à da Agência Mundial Antidoping. Vladimir Putin pode se felicitar e agradecer aqueles que ele considera ‘seus amigos do COI’, o primeiro deles sendo Thomas Bach.”
O Tages-Anzeiger fala de decisão “covarde e fatal”. Covarde porque o COI delega a responsabilidade para as federações internacionais determinarem quem pode ou não participar na olimpíada do Rio. Fatal, porque são precisamente as poderosas federações com grandes atletas russos dopados que deveriam limpar seu esporte. “A decisão do COI é uma mensagem positiva para os fraudadores, mas representa um fracasso retumbante para o suporte da luta contra o doping”, diz o jornal de Zurique.
Carta Olímpica no lixo
No mesmo tom, o tabloide Blick fala de um “dia sombrio” para a história do esporte. “Desde a decisão de domingo, a Carta Olímpica não passa de um pedaço de papel inútil que todos podem interpretar como quiserem.”
O Berner Zeitung (BZ) acredita que o COI perdeu “o último pingo de credibilidade que lhe restava”. Os atletas foram dopados com prescrição do Estado, e mais grave ainda, nos Jogos de Inverno de Sochi, em 2014, usaram a vantagem de estar em casa para se livrarem das amostras positivas, comenta o jornal da capital Suíça.
O Neue Zürcher Zeitung (NZZ), por sua vez, lamenta que o COI não tenha aproveitado a oportunidade “para perfilar-se como uma instituição forte, com uma visão global, que pune severamente as violações graves contra os esportes olímpicos”. “Sob a direção de Thomas Bach, o COI pratica um equilíbrio de interesses geo-esportivos para não contrariar os poderosos parceiros russos” diz ainda o NZZ.
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