Sistema social helvético se beneficia com imigração
Os estrangeiros na Suíça, frequentemente acusados de abusar do sistema de seguro social, se beneficiam na realidade menos do que os suíços do Estado.
Segundo a Caritas (organização de caridade católica), 26,6% dos montantes do fundo da previdência e do seguro-invalidez vêm da contribuição de trabalhadores estrangeiros, enquanto que apenas 17,9% dos fundos são destinados a esse grupo.
O fato dos migrantes serem proporcionalmente mais numerosos no seguro-desemprego e no seguro invalidez (AI, na sigla em francês) explicar-se-ia, segundo a Caritas através do seu comunicado publicado na quinta-feira (17/03), pelo fato de praticarem as profissões mais duras para a saúde e terem acesso mais difícil ao mercado de trabalho.
Porém contrariamente aos preconceitos, eles estão longe provocar um buraco no caixa dos serviços de seguro social: para a AI, os estrangeiros pagam 26,7% dos montantes, mas recebem prestações na base de 25,5%, escreve Caritas.
Retorno ao país
No que toca a AVS (o fundo de previdência na Suíça), os migrantes recebem também menos do que contribuem. Apenas 22% recebem uma aposentadoria integral. Além disso, três quartos dos beneficiários que têm um passaporte da União Europeia retornam aos seus países e não podem mais valer seus direitos às prestações complementares da AVS ou à ajuda social.
O sistema de seguro de saúde também “ganha”, segundo a Caritas, pois um grande número de estrangeiros retorna aos seus países quando estão aposentados. Razão: os custos financeiros da última fase da vida de uma pessoa representam cerca de um terço dos custos totais da saúde na Suíça.
Menos benefícios da formação
Caritas ressalta também que os migrantes pagam impostos e encargos sociais. Porém “eles não se beneficiam também no momento de recolher os frutos da sua participação”, escreve. Proporcionalmente aos suíços, os migrantes aproveitam menos das universidades, das escolas politécnicas ou da formação contínua.
Para os serviços sociais, o efeito global da migração e do Estado social é positivo. Pois a longo termo outros critérios como o nível de formação tem precedência sobre o da nacionalidade. Caritas observa também que a força de trabalho oriunda da Europa é cada vez mais qualificada. A proporção de estrangeiros na Suíça chega a 22% da população.
Segundo o Departamento Federal de Estatísticas, a parte de estrangeiros na população residente permanente chega a 22%. Mais da metade dos estrangeiros que vivem na Suíça (52%) estão no país a mais de 15 anos ou nasceram aqui.
Em 2009, 86,3% da população residente permanente estrangeira é de nacionalidade de um país europeu, dos quais dois terços provêm de um país da União Europeia (UE) ou da Associação Europeia de Livre Comércio (AELC – Islândia, Liechtenstein e Noruega, além da Suíça).
A população estrangeira mais importante ainda é de italianos (17%), seguidos por alemães (14,7%), portugueses (12%) e da Sérvia e Montenegro (10,6%).
No último trimestre de 2010, 231.800 trabalhadores fronteiriços trabalhavam na Suíça, o que representa um aumento de 4,6% em relação ao trimestre correspondente de 2009. Cerca de 80% dessas pessoas trabalham na região do lago de Genebra, no noroeste da Suíça ou no Ticino.
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