Suíça acerta participação na Expo 2015 de Milão
A Suíça é o primeiro país a participar da Expo 2015, em Milão.A carta de intenções foi assinada pela prefeita da cidade italiana, Letizia Moratti, e pelo representante do Ministério das Relações Exteriores (DFAE) Roberto Balzaretti, durante uma cerimônia no Centro Suíço de Milão.
O documento oficializa a presença do país no evento que promete grande contribuição no campo da alimentação e der realizar projetos bilaterais parados do lado iltaliano.
“Esta assinatura é um ponto de início. Com esta cooperação esperamos ajudar na resolução de alguns problemas que são pequenas sombras na relações dos dois países a nível de governo. Eles existem e temos que sentar à mesa”, afirmou Roberto Balzaretti.
Ele não citou abertamente quais seriam “estas sombras”, mas, elas são conhecidas. As questões de obras de infraestrutura ligadas ao setor dos transportes – ferroviário, principalmente- e aquelas fiscais – “escudos” para o retorno e legalização de remessas enviadas ao exterior e listas de sonegadores- são as que desafiam a diplomacia helvética, com os atrasos e com as “desculpas” italianas para as promessas ainda não realizadas. “Somos suíços e continuaremos suíços até o fim.
“Das palavras passamos aos fatos”, alfinetou o cônsul Massimo Baggi, fazendo coro com luva de pelica. “Os investimentos que faremos serão similares aos da Expo de Shangai, no ano passado,ou seja algo como 25 milhões de francos suíços”, disse à swissinfo.ch, Roberto Balzaretti.
A Expo 2015 deverá ter fundos capazes de honrar, por tabela, os projetos que existem apenas no papel. A prefeita de Milão, Letizia Moratti acredita que a Expo 2015 possa servir de “alavanca para acelerar projetos de conexão de mobilidade. Este é um evento universal”. A idéia é discutir iniciativas em comum para ambos os países e que marquem uma nova fase de colaboração.
”Queremos criar projetos que tenham para a Suíça um valor maior, que tragam benefícios para as cidades, como Lugano”, afirmou a prefeita. Somente neste ano, a Expo vai investir cerca de cem milhões de euros em obras de infraestrutura para a realização da área de exposição, projetada por três arquitetos, entre eles o suíço, Jacques Herzog.
Turismo
A Expo 2015 vai acontecer perto da fronteira entre os dois países. Um evento grandioso e internacional no quintal de casa não ocorre todos os anos. Os suíços já se mobilizam para tirar o maior proveito possível do volume estimado de 20 milhões de visitantes, sendo 30 % de estrangeiros, segundo previsão das autoridades italianas.
“ A capacidade hoteleira de Milão vai ter dificuldade em acolher tanta gente, porque a cidade vai continuar a ter os seus eventos já programados. Naturalmente, a hospedagem vai se estender às cidades próximas e vizinhas. Vamos desenvolver projetos neste setor junto com a Suíça”, afirmou o administrador-delegado da Expo 2015, Giuseppe Sala, à swissinfo.ch.
Alguns já estão em andamento como a elaboração de pacotes especiais para turistas da Índia, China e Coréia do Sul nos quais serão previstos passeios pela Lombardia e com extensões para a Suíça.
A vizinhança geográfica, a histórica amizade e a língua formam o tripé que sustenta e justifica, naturalmente, a presença suíça na Expo 2015. Aos laços culturais entre os dois países juntam-se ainda os científicos e econômicos. “As empresas suíças geram cerca de 80 mil empregos em território italiano e 70% das importações italianas da Suíça são realizadas por empresas da Lombardia”, lembrou o embaixador Bernardino Regazzoni.
Maçã suíça
O investimento suíço, da ordem de 19 milhões de euros, vai servir para a criação da área de exposição do país. “Ainda é cedo para apresentar a contribuição suíça de forma concreta. Temos procedimentos internos e com prazos que devem ser respeitados. O Parlamento precisa se pronunciar. Estamos conversando com o setor privado também”, afirmou Roberto Balzaretti sem citar nomes. Mas como o evento foi copatrocinado por uma famosa marca de café fica nas entrelinhas uma das empresas que podem participar de forma direta na Expo 2015.
Arquitetos como o suíço Mario Botta e o italiano Italo Rota, presente na cerimônia, são nomes cotados na concorrência pública a ser aberta pelas autoridades da Suíça. À parte a arquitetura do espaço suíço, é praticamente certa a presença de gigantes multinacionais dos setores alimentar e farmacêutico. A tecnologia a serviço do sabor e da saúde é um ponto cardeal da colaboração suíça na Expo 2015.
De concreto, além da assinatura do protocolo de intenções, foi dada para a prefeita de Milão, Letizia Moratti, uma macieira. Mas não se trata de uma árvore qualquer, mas fruto de anos de pesquisa do instituto Agroscope Changins-Wädenswil ACW. A “nova” maçã, chamada de Galiwa, é doce e, o mais importante, resistente a diferentes fungos e bactérias capazes de aniquilar plantações inteiras e de comprometer a qualidade da fruta por causa do uso incessante de pesticidas.
A árvore será plantada na área dedicada ao futuro bosque da Expo 2015. O presente foi simbólico, assim como a adesão em tempo recorde à Exposição Universal de Milão. Em 2011, comemoram-se os 150 anos da Unidade da Itália e das relações diplomáticas entre as duas nações. E como forma de reparar o “deslize” diplomático da Suíça de ter sido o segundo país – atrás da Inglaterra – a reconhecer o novo Reino de Itália, o país decidiu abraçar a Expo 2015 na frente de todos os outros futuros participantes. Espera-se apenas, que, ao final das contas, os primeiros não sejam os últimos.
A Expo 2015 não é uma feira ordinária. Ela é uma exposição universal.
Os organizadores esperam contar com a adesão de 50 países até o fim do ano.
No fim do mês de outubro vai ser realizado no lago de Como uma reunião com os 200 prováveis países participantes.
A Expo dura seis meses e ocorre de cinco em cinco anos sob o comando do BIE, Bureau Internationale des Espositions que conta com 157 países membros.
O órgão elegeu Milão como sede em abril de 2008, por 86 votos contra 65.
A primeira Expo foi em Londres, em 1851. Ela teve 6 milhões de visitantes e a presença de 25
Milão
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