Suíça deve continuar financiando controle de fronteiras da UE
A maioria dos cidadãos suíços acredita que a guarda de fronteira europeia deve continuar recebendo apoio, de acordo com a primeira pesquisa da SSR SRG antes da votação federal de 15 de maio. As leis sobre transplantes e filmes também recebem uma maioria de apoio.
Enquanto a guerra retorna à Europa, os suíços parecem não querer questionar a política migratória europeia. Em 15 de maio, os cidadãos suíços votarão sobre a contribuição da Suíça para a agência Frontex, que é responsável pelo monitoramento das fronteiras externas da Europa, pelo combate ao crime transfronteiriço e pela gestão dos fluxos migratórios.
63% dos suíços apoiam a participação financeira da Suíça na Frontex, a agência europeia de fronteira e guarda costeira, de acordo com a primeira pesquisa da SSR SRG realizada em meados de março pelo instituto gfs.bern. 29% dos entrevistados eram contra e 8% estavam indecisos.
A pesquisa mostra que somente aqueles que desconfiam do governo se opõem à contribuição suíça para a Frontex. Isto aumentaria de CHF 24 milhões para CHF 61 milhões por ano em 2027, como planejado para o fortalecimento da agência.
A maioria dos apoiadores de todos os partidos é favorável ao projeto, mesmo à esquerda, que iniciou o referendo. No entanto, as vozes mais críticas podem ser encontradas entre os Verdes e os Socialistas, mas não apenas. O ceticismo também é encontrado entre os partidários do SVP (Partido Popular Suíço/direita conservadora), que historicamente tem sido crítico em relação ao sistema Schengen/Dublin e à livre circulação de pessoas.
Os argumentos a favor do projeto das autoridades são atraentes, ao contrário dos do lado do “não”. A grande maioria dos entrevistados acredita que a guarda de fronteiras europeia precisará de mais recursos no futuro e que é necessária uma melhor proteção das fronteiras externas da Europa. Os cientistas políticos do gfs.bern observam que os apoiadores da Frontex já conseguiram demonstrar a necessidade de ação. O campo do “sim” está apresentando “argumentos de segurança convincentes em um contexto internacional volátil”, diz o instituto de sondagens.
Rumo ao consentimento presumido para doação de órgãos
Como a maioria dos países europeus, a Suíça poderá adotar o princípio do consentimento presumido para transplantes de órgãos. Isto significaria que qualquer pessoa seria considerada como doadora de órgãos em potencial, desde que não tivesse expressado uma recusa durante sua vida. Atualmente, para que os órgãos sejam removidos, a pessoa deve ter dado explicitamente seu consentimento antes de sua morte ou, na ausência de uma declaração, seus parentes devem consentir após sua morte.
63% dos suíços são a favor desta mudança de paradigma, 34% votariam contra e apenas 3% ainda não sabem.
A grande maioria dos eleitores de todos os partidos, com exceção dos filiados ao SVP, aprovou a emenda à lei de transplantes. As pessoas que desconfiam do governo e as que têm um baixo nível de formação também rejeitaram o projeto de lei.
Os argumentos a favor da lei foram convincentes. 84% dos entrevistados concordaram que havia muito poucas doações de órgãos na Suíça e que o problema deveria ser resolvido. Os argumentos dos adversários são menos eficazes, mas a maioria dos entrevistados (59%) ainda acredita que o silêncio de uma pessoa não pode ser interpretado como consentimento para a doação de órgãos.
O campo do “sim” goza de uma liderança confortável e “uma reversão da maioria seria uma grande surpresa”, comenta o instituto gfs.bern.
“Lex Netflix” de vento em popa
Os adeptos da chamada “Lex Netflix” têm uma vantagem de 27 pontos percentuais sobre o campo do “não”. O projeto de lei visa obrigar as plataformas de streaming a financiar a criação de filmes e séries suíças na faixa de 4% de seu faturamento na Suíça.
59% dos cidadãos apoiam a lei, que foi elaborada pelo governo e pelo parlamento, enquanto 32% são contra ela. Uma grande proporção do eleitorado, 9%, ainda está indecisa.
Só as pessoas próximas ao SVP e as que desconfiam do governo rejeitam o projeto nesta fase. Surpreendentemente, 49% do eleitorado do Partido Liberal-Radical (PLR / direita liberal) apóia a lei e apenas 43% é contra, mesmo que o partido esteja liderando a luta contra a revisão legislativa.
O campo do “sim” está convencido principalmente pelo argumento de que as novas medidas promoverão uma produção cinematográfica mais próxima de nossa cultura e garantirão mais diversidade. Entretanto, uma pequena maioria dos entrevistados teme que os preços das assinaturas para as plataformas de streaming aumentem.
O resultado da votação ainda está em aberto, apesar da liderança dos partidários da lei. As opiniões ainda não estão estabelecidas e os argumentos “mostram que a aprovação é baseada em uma base fraca”, escrevem os cientistas políticos do gfs.bern. O instituto de sondagens compara o padrão atual com o da votação do pacote de mídia, que foi rejeitado pela população em 13 de fevereiro: a liberdade econômica e a proteção da diversidade estão em rota de colisão. Entretanto, o nível inicial de aprovação do pacote de apoio à mídia foi inferior ao da lei de filmes.
Adaptação&Edição: Fernando Hirschy
Adaptação: Fernando Hirschy
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