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O suíço do estrangeiro que veio prestar o serviço militar na terra dos avós

Rekrut Gregory Boast
Gregory Boast fez a formação militar básica na Escola de Recrutas em Chamblon. Lazar

Dezenas de jovens suíços do estrangeiro prestam anualmente o serviço militar obrigatório na Suíça. O que os motiva? Como é se tornar soldado no país dos seus antepassados? Entrevistamos o jovem Gregory Boast, nascido na África do Sul.

Enquanto cada vez mais jovens suíços optam pelo serviço civil ao invés do serviço militar, um número crescente de jovens de origem helvética, e residentes no exterior, se alistam no Exército.

“Sempre soube que iria fazer o serviço militar na Suíça”, explica Gregory Boast. Esse jovem de 19 anos nascido em Joanesburgo, África do Sul, também tem o passaporte vermelho com a cruz branca. Sua mãe é originária do cantão de Lucerna.

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Na África do Sul, as forças armadas são profissionalizadas e o serviço militar é voluntário. Isso não se encaixaria de modo algum nos planos de Boast. “Eu pretendo me tornar advogado”, diz. Essa foi também a verdadeira razão pela qual veio à Suíça há um ano: ele pretende estudar no país da mãe.

Serviço antes do estudo

Quando um jovem suíço do estrangeiro vem ao país com fins de estudo, recebe automaticamente uma convocação para o serviço militar – ou civil – no momento de se registrar no país. “Porém ninguém da minha família chegou fazer o serviço militar obrigatório”, explica Gregory.

O jovem viu a convocação como um desafio. Assim preferiu não fazer o serviço civil, uma alternativa ao serviço militar oferecida aos objetores de consciência. “Além disso, tenho amigos que já fizeram escola de recrutas. Eles me recomendaram que o fizesse”, diz.

No final de junho, 20.183 jovens recrutas fizeram a formação básica do Exército suíço. Ele foi colocado para servir como fuzileiro no quartel de Chamblon, uma região de montanhas do cantão de Vaud. Ele gostou tanto que, após a formação básica, fez o curso de suboficial.

Anualmente inúmeros suíços do estrangeiro encontram-se entre as listas de convocados ao serviço militar. Em 2020, eram 53. Nos anos anteriores a média se manteve: 61 (2019) e 39 (2018). Segundo as leis suíças, os jovens suíços do estrangeiro estão dispensados do serviço militar obrigatório enquanto o país encontra-se em paz e estes vivem no exterior.

As restrições existem apenas para as regiões fronteiriças. “São suíços que residem em áreas próximas à fronteira e exercem uma atividade profissional na Suíça. Os trabalhadores fronteiriços podem, portanto, ser convocados”, explica Stefan Hofer, porta-voz do Exército suíço.

Suíça paga custos de viagem

O processo de alistamento também é especial para os suíços do estrangeiro. Enquanto Gregory Boast já estava na Suíça e pôde participar do alistamento militar regular no cantão da Argóvia, suíços que vivem no exterior se alistam geralmente entre uma a quatro semanas antes do início do serviço militar.

Dependendo dos idiomas que dominam, esses jovens são enviados a diferentes centros de recrutamento: Sumiswald, Payerne ou Monteceneri. O curto prazo se explica pelas limitações do Estado: os custos de viagem devem ser mantidos sob controle. Dependendo das circunstâncias financeiras, os custos de viagem do jovem suíço do estrangeiro são, de fato, ressarcidos pelo governo.

“O governo reembolsa os custos de viagem uma vez por rota – geralmente para o recrutamento e retorno ao exterior após o recrutamento”, escreve ministério suíço da Defesa.

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Após ter completado a formação militar básica em dezembro, Gregory Boast pretende continuar o treinamento em Chamblon. Pouco antes do Natal viajou à África do Sul, apesar da pandemia. “Com um teste Covid negativo é possível entrar em Joanesburgo”, contou pouco antes de viajar. Até então a imprensa não falava da nova variedade do coronavírus e ainda havia voos entre a Suíça e a África do Sul. Hoje seu retorno à Suíça ainda não está garantido.

Gregory Boast já não via os pais e amigos há um ano. O ano passado na Suíça foi para ele uma grande experiência.

Ano sem festas ou passeios

“Pensei que seria possível viajar durante as férias do serviço militar”, admite Boast. Porém a situação não permitiu grandes deslocamentos em 2020. Mesmo assim se considera satisfeito com a experiência. “A Suíça é um país muito bom. Estou feliz de poder passar parte da minha juventude por aqui”.

Portraitbild von Gregory Boast
Foi na Suíça que o jovem viu pela primeira vez a neve. Gregory Boast.

Gregory tem planos. “Quero estudar direito em Friburgo e me estabelecer profissionalmente no país”. Sua irmã, três anos mais velha, estuda na Escola Politécnica Federal de Lausanne, a oeste da Suíça. Como seus pais na África do Sul vem sua decisão? “Eles sempre souberam que queria viver na Suíça”. Para ele, diz ele, permanecer na África do Sul nunca foi uma opção.

“Na escola já nos diziam: se você tem a opção, saia do país. Não há futuro na África do Sul”, diz Boast, que concluiu o ensino básico na Escola Alemã de Joanesburgo.

“Se você tem a oportunidade, então parta”

Ele também diz que a vida no continente africano é completamente diferente da Suíça. “Até mesmo fazer compras ou andar na rua à noite não é como aqui”, explica. Quando chegou no país e se tornou independente, pode até viajar sozinho, o que é inimaginável na África do Sul.

“Muitas pessoas querem falar inglês comigo”

Gregory Boast fala inglês, o dialeto suíço-alemão, alemão e aprendeu recentemente o francês. Sua tia vive no vilarejo de Kriens, em Lucerna, e um tio, em Genebra. “Sempre passamos férias com eles”, conta.

Embora tenha sofrido um choque cultural, seus parentes lhe ajudaram na adaptação. “Se você cresce aqui, acaba nem dando valor ao que o país tem a oferecer”, admite Boast.

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Este conteúdo foi publicado em Para a segunda geração de suíços do estrangeiro, muitas vezes a Suíça fica muito longe, e é difícil imaginar viver, estudar ou trabalhar no país. Mas esse sonho não é tão impossível quanto parece.

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Para ele, a Suíça sempre foi um país especial, mesmo antes da primeira visita. Afinal, ele sempre foi “o suíço” na escola alemã em Joanesburgo, o que o deixava orgulhoso.

O fato de Gregory Boast vir África do Sul chama a atenção dos colegas militares. “Muitos querem falar inglês comigo ou me perguntam sobre a vida no continente”. Ele só pode recomendar viagens ao país, diz. E há mais uma coisa que ele pode recomendar aos jovens suíços do estrangeiro: aproveitar a oportunidade de viver um dia na Suíça.

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