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Trabalho da mulher impulsiona classe média suíça

Keystone

Estudos recentes realizados na Suíça revelam que a contribuição da mulher no orçamento familiar é o que vem salvando o bem-estar da classe-média do país.

Em termos reais, a classe média – definida de várias formas como os que ganham 70 a 150% do salário médio, ou a média de ganho de 60% da população – tem um rendimento consideravelmente maior hoje do que em 1990. No entanto, perdeu terreno em relação ao maior e menor nível salarial.

Apesar da classe média suíça não ter sofrido com a crise econômica europeia, os pesquisadores apontam um sentimento de insegurança e insatisfação que pode estar por detrás do recente freio dado na imigração dos países da União europeia.

Em seu relatório, A Tensa Classe Média, o think tank liberal Avenir Suisse destaca o fato dos salários da classe média terem aumentado em um ritmo mais lento do que os das classes baixa e alta entre 1994 e 2010.

A Suíça ocupa a sétima posição no ranking de mulheres ativas profissionalmente realizado pela empresa PriceWaterhouseCoopers, em 2013, com 27 países da OCDE.

A diferença salarial entre mulheres e homens é de 22% na Suíça, contra 6% na Polônia. Os países com taxas semelhantes as da Suíça são Canadá, Áustria e Alemanha.

Com 77%, a taxa de participação feminina na força de trabalho da Suíça é próxima a dos países nórdicos, mas a taxa de mulheres que trabalham em empregos de tempo integral é muito menor na Suíça (55%), em comparação com a Noruega (67%), Suécia (79%) e Finlândia (86%).

Fonte: PriceWaterhouseCoopers Women in Work index 2013

Ajuste

No entanto, os salários das mulheres aumentaram mais rápido, em alguns casos mais do dobro que os salários dos homens, devido a uma campanha pela igualdade salarial entre os sexos. Durante o mesmo período, a participação das mulheres na força de trabalho aumentou significativamente, atingindo 77% hoje, com pouco mais da metade trabalhando em tempo integral.

“Esses dois efeitos, aumento dos salários e aumento da participação no mercado de trabalho, levou ao que nós chamamos de ‘feminização’ da classe média. Isso pode não ter realmente salvado a classe média, mas tem ajudado muito”, disse à swissinfo.ch Patrick Schellenberger, coautor do estudo do Avenir Suisse.

Mas essa vantagem pode ser prejudicada. De acordo com a economista do banco Credit Suisse Sara Carnazzi Weber, um fator significativo vem segurando a reinserção das mulheres no mercado de trabalho é o problema que uma segunda fonte de renda não vale a pena para algumas famílias.

“Você tem casos de famílias de renda média, onde a renda adicional da mulher que trabalha em tempo integral empurra a renda conjunta a um patamar de imposto mais elevado. Despesas relacionadas com o trabalho adicional, como creche, podem fazer com que a família acabe financeiramente em uma situação pior com duas fontes de renda”, disse Carnazzi Weber.

“Quando o que sobra para uma família onde ambos os pais trabalham é inferior ao que sobra para uma família de baixa renda há um desincentivo ao trabalho que cria uma perda significativa do ponto de vista econômico mais amplo”, acrescentou.

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Posição social

Mas há algo mais em jogo do que dinheiro, explica Schellenberger. “O que temos visto é que para muitas pessoas de classe média ficou difícil estabelecer um limite com os grupos de baixa renda. Os historiadores dizem que é muito importante para a classe média poder estabelecer esse limite, que faz parte de sua autoimagem, a recompensa por aquilo que fazem.”

Por isso, apesar de ser altamente qualificada, com bons empregos e uma boa renda, a classe média alimenta um ressentimento. Matthias Kuert da federação sindical Travail Suisse acha isso compreensível.

“Os assalariados de renda média que mal conseguem chegar ao fim do mês e veem seus vizinhos recebendo ajuda do Estado, por exemplo, subsídios de seguro de saúde, enquanto eles têm que se virar sem nada acabam ficando incomodados com a situação”, disse Kuert.

“O que acentua mais esse sentimento é que antes, quando você fazia parte da classe média, você ficava lá. Havia uma sensação de segurança. Agora essa segurança acabou”, acrescentou. Uma doença, um divórcio ou a perda do emprego pode comprometer tudo.

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Orçamento familiar

Apesar dos valores médios para a classe média suíça serem altos, os dados escondem uma grande diversidade. “Na realidade, existem três diferentes grupos de renda dentro da classe média – baixa, média e alta”, disse Kuert. “Tirar uma faixa salarial de 60 a 200 mil francos por ano é muito amplo.”

Um país onde a riqueza média por adulto foi estimada, em 2012, a 470 mil francos pelo banco Credit Suisse, mas um quarto dos contribuintes não consegue economizar para a velhice.

Segundo as últimas estatísticas oficiais, 29% da renda média familiar suíça são gastos em impostos e contribuições para os seguros sociais e de saúde. Habitação e energia consomem outros 25% (veja infográfico).

 

Na questão da moradia, no entanto, há um forte contraste entre os residentes estabelecidos há algum tempo e os recém-chegados ao mercado que foram afetados pelo aumento dramático dos preços dos imóveis e aluguéis.

Adaptação: Fernando Hirschy

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