Trabalho infantil volta a aumentar pela primeira vez em duas décadas
O mundo testemunhou o primeiro aumento do trabalho infantil em 20 anos e a crise do coronavírus ameaça empurrar mais milhões de menores para o mesmo destino, disseram as Nações Unidas na quinta-feira.
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Child labour rises for first time in two decades
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As multinacionais suíças, da gigante alimentar Nestlé às mineradoras Glencore e Trafigura, têm lutado para erradicar o trabalho infantil de suas cadeias de abastecimento e das comunidades onde trabalham. A questão trouxe danos à reputação em algumas ocasiões e progresso em outras.
Em um relatório conjunto, a Organização Internacional do Trabalho e a agência da ONU para a infância UNICEF, reportaram que o número de crianças trabalhadoras era de 160 milhões no início de 2020. Isso marca um aumento de 8,4 milhões em quatro anos, com o maior aumento verificado na África, devido ao crescimento populacional, crises e pobreza.
“Estamos perdendo terreno na luta contra o trabalho infantil, e o último ano não facilitou nosso esforço”, disse o diretor executivo da UNICEF, Henrietta Fore, numa declaração antes do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, no sábado.
Efeito Covid
As crianças entre cinco e 11 anos de idade respondem agora por mais da metade do total global. O aumento do investimento no desenvolvimento rural e na agricultura, um setor que responde por 70% do trabalho infantil, desempenha um papel importante. O relatório adverte que mais crianças estão empreendendo trabalhos perigosos que podem prejudicar sua saúde ou segurança.
“Se olharmos para o impacto da Covid-19, isso nos dá motivos adicionais de preocupação”, disse Claudia Cappa, uma das autoras do relatório e conselheira sênior da UNICEF.
O relatório reflete as pesquisas realizadas antes da pandemia. Os choques econômicos relacionados à pandemia e o fechamento de escolas significam que as crianças trabalhadoras podem agora estar trabalhando mais horas ou em condições mais difíceis. A ONU diz que é necessária uma ação urgente para atingir o objetivo de acabar com esta prática até 2025.
Os ganhos obtidos desde 2000 – quando 246 milhões de crianças estavam trabalhando – estão em jogo. O relatório adverte que o número pode aumentar para 206 milhões até o final de 2022 se os governos introduzirem medidas de austeridade ou não protegerem os vulneráveis.
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