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Um ano de guerra na Ucrânia: as conseqüências para a Suíça

Marc Leutenegger

A neutralidade suíça chegou no limite? As estruturas da ONU correspondem à necessidade do tempo? Questões a responder um ano após a invasão da Ucrânia pelas tropas russas. Leia aqui o boletim informativo da SWI swissinfo.ch.

A guerra na Ucrânia ocorre a grande distância, mas suas consequências são percebidas até na Suíça. O país recebeu mais de 75 mil refugiados ucranianos em 2022, um número que bate as levas migratórias na II Guerra Mundial ou durante a Guerra dos Bálcãs.

As duas realidades se cruzam. Enquanto ucranianos, especialmente mulheres e crianças, se preocupam com os parentes distantes e lutam para se integrar no país de acolho, os suíços passaram o ano escutando alertas de penúria de energia, sendo recomendados a tomar banhos mais curtos no inverno.

Porém mesmo com estes contrastes, o convívio funciona. A onda de solidariedade que varreu a Suíça há um ano continuou em curso.

Até hoje há poucos protestos pelo acolhimento de tantos refugiados, mesmo com problemas concretos como o déficit habitacional ou dificuldades de integração dos ucranianos no mercado de trabalho. Um exemplo: apenas 15% dos refugiados encontraram um emprego até hoje.

As pessoas que chegaram são uma realidade da guerra. E esta também atinge a Suíça. A outra é a pressão exercida sobre sua neutralidade, o dilema de como lidar com as fortunas russas depositadas nos bancos helvéticos ou as regras de exportação de material de guerra.

Fim da neutralidade? Uma questão legítima. Durante anos, a discussão sobre valores políticos centrais na Suíça não foi tão intensa como nos últimos tempos.

Mas que mudanças podem ser esperadas? Como a Suíça mudou? Em que direção está indo?

No artigo abaixo analisamos a situação e até arriscamos um prognóstico sobre o uso de armamentos suíços no cenário de guerra e o destino das fortunas dos oligarcas russos depositadas em bancos helvéticos.

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Os inúmeros órgãos internacionais localizados em Genebra também estão sob pressão. Os diplomatas discutem nos corredores da ONU, enquanto a guerra divide campos e prejudicam a cooperação entre os diferentes atores, inclusive em setores não estão necessariamente ligados à questões de segurança. Uma crítica feita pelo embaixador russo Gennady Gatilov aos órgãos da ONU.

Outros altos diplomatas consideram que a comunidade internacional não está dando atenção à outras questões internacionais prementes como os problemas de saúde e a fome.

E como prosseguir? Uma questão fundamental em Genebra. A ONU funciona através da cooperação e o discurso. Mas como poderá funcionar isolando a Rússia?

O multilateralismo só é possível se certos valores básicos, sobretudo de direito internacional, forem respeitados? Ou existe um multilateralismo pragmático que busca a cooperação nos espaços possíveis?

A jornalista Akiko Uehara entrevistou embaixadores da Rússia, China, França, Grã-Bretanha, EUA e Suíça sobre temas diversos como a política de exportação de grãos da Rússia e Ucrânia ou a exclusão de atletas russos e bielorrussos das competições internacionais.

Adaptação: Alexander Thoele

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