Um plano modesto para lutar contra a alta do franco
O governo suíço anunciou na quarta-feira (31) suas medidas contra os efeitos negativos da alta do franco sobre a economia.
Ele pretende liberar uma primeira parcela de 870 milhões de francos, principalmente para o seguro desemprego. Um plano bem abaixo das expectativas dos círculos políticos e econômicos.
Durante vários meses, a forte valorização do franco suíço em relação ao euro e ao dólar se tornou uma importante questão política. A comunidade empresarial – especialmente a relacionada com o setor de exportação -, mas também os partidos políticos concordam que a situação é extremamente prejudicial.
Na verdade, por causa da força da sua moeda, a economia suíça tem cada vez mais dificuldades em exportar seus produtos que se tornaram mais caros nos mercados estrangeiros. E até na Suíça, o setor turístico teme uma crise devido à deserção de visitantes estrangeiros por causa dos altos preços resultantes da taxa de câmbio desfavorável para eles.
O governo, portanto, foi solicitado a agir. Há algumas semanas, ele anunciou que tomaria medidas contra os efeitos da franco forte, determinando uma ajuda de até 2 bilhões de francos.
Ajuda ao desemprego
Após duas semanas de suspense, o governo revelou suas intenções na quarta-feira (31), durante a sessão semanal. Ele anunciou, ainda para esse ano, um primeiro pacote de medidas de 870 milhões de francos.
A maior parte desta ajuda (500 milhões) será gasto com o seguro desemprego. Reconhecendo que a força do franco e a evolução da economia mundial poderão ter impacto sobre o emprego na Suíça, o governo pretende antecipar o aumento dos gastos do seguro.
O incentivo de 500 milhões deve servir para compensar o aumento no uso do “desemprego parcial” pelas empresas. “Durante a última recessão, o desemprego parcial provou ser uma ferramenta útil para manter empregos em caso de dificuldades econômicas temporárias, permitindo às empresas superar os tempos difíceis”, diz o governo.
Outras medidas
Outra grande parte do orçamento (212,5 milhões) será investida em tecnologia, inovação e pesquisa. A ajuda deve ser usada para manter a capacidade da Suíça nestas áreas importantes para o futuro, capacidade que pode sofrer com a falta de investimentos causada pelas perdas econômicas relacionadas à força da moeda suíça.
O governo também pretende fazer um gesto para o setor do turismo, dando-lhe uma ajuda de 100 milhões. Esse dinheiro irá para a Sociedade Suíça de Crédito Hoteleiro, uma organização que ajuda os hoteleiros a investir. “A medida vai estimular o investimento na hotelaria. Na verdade, é esperado que os bancos privados sejam mais relutantes em conceder crédito por causa da crise no setor do turismo”, explica o governo.
Finalmente, o restante do orçamento será usado para compensar as perdas no setor dos transportes (46,5 milhões) e para ajudar a importação e exportação de produtos agrícolas transformados (10 milhões).
Agradar a gregos e troianos
Assim que o governo anunciou o plano de 2 bilhões, muitas organizações empresariais e partidos políticos apresentaram suas receitas e reivindicações para lutar contra os efeitos do franco forte.
Assim, por exemplo, “Economiesuisse”, a federação das empresas suíças, propôs que as empresas não pagassem impostos em 2011, o Partido Socialista exigiu que a ajuda fosse usada em um “pacto de emprego” entre o governo e as empresas, a indústria do turismo exigiu uma redução da taxa do IVA (imposto sobre o consumo) e os partidos de direita exigiram uma redução de impostos e da burocracia a fim de aliviar as empresas.
Apesar do ministro da Economia Johann Schneider-Ammann considerar o resultado “consensual”, está bem claro que o plano do governo não responde às diferentes expectativas. A prova disso, foi a chuva de comunicados vindos de todas as partes criticando as medidas previstas.
Mas a questão ainda está longe de ser resolvida. O plano do governo deve ser agora debatido no Congresso. O debate acontecerá no próximo mês, na próxima sessão parlamentar.
Difícil dizer se as medidas do governo vão realmente mudar algo. Mas uma coisa é certa: a alta da moeda suíça promete aumentar ainda mais as divergências no Congresso.
O governo prepara um segundo pacote de medidas para fortalecer a economia contra a alta do franco.
Na conferência de imprensa da quarta-feira, dia 31 de agosto, a Ministra da Fazenda Eveline Widmer-Schlumpf não entrou em detalhes sobre este plano, mas observou, no entanto, que não seria superior a um bilhão de francos.
Enquanto o primeiro pacote apresentado na quarta consiste em medidas “urgentes”, o segundo pacote inclui medidas a médio e longo prazo.
O segundo pacote será submetido ao Parlamento em dezembro como um suplemento extraordinário do orçamento.
Adaptação: Fernando Hirschy
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