Christian perto do Canal Saint-Martin: esse franco-suíço de 44 anos vive e dorme há dois anos nas ruas de de Paris.
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Christian é certamente o morador de rua mais conhecido da França. O suíço de 44 anos é muito ativo no Twitter, onde não hesita em falar de política. A eleição de Emmanuel Macron o conforta, mas também o torna cético. Seu testemunho está no site watson.chLink externo.
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Camille Kündig, watson.ch
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«Avec Macron, c’est comme avec un Kinder Surprise»
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O resultado não me surpreendeu. Estava sentado aqui, do lado de fora, em minha pequena praça cimentada, quando soube da eleição de Macron. Meu amigo Faïd me visitava. Ele estava enfiado em seu saco de dormir, colado contra mim. Queríamos acompanhar os resultados eleitorais juntos. Fazia frio. Mas uma eleição como essa tem algo de bom: a tensão nos permite esquecer que você está com meias úmidas e que você está gelado.
Christian cresceu no cantão do Valais. Desde 1994, ele mora em Paris. Trabalhou e, restaurantes chiques, antes de ir para a rua dois anos atrás depois de uma separação difícil. Christian tem dupla nacionalidade francesa e suíça. Ele tem mais de 10.500 seguidores no Twitter, o que faz dele o morador de rua mais famoso da França.
Eu não tenho televisão e o live-streaming não funciona bem no meu smartphone. Mas o rádio felizmente funciona. De qualquer maneira, as imagens são supérfluas. O que importava era de poder ouvir o nome do novo presidente às 20 horas. E mais tarde os diferentes comentários e análises dos jornalistas. Eu pulava o tempo todo entre RTL, France Inter e France Info.
Claro que estou contente que Marine Le Pen não foi eleita. Mas sabe, muitos moradores de rua discordam de mim. Eles precisam de um vilão para justificar a situação deles. São imigrantes, estrangeiros. Eu sei que é um erro meu se hoje durmo na rua. Eu perdi o controle da minha vida. Jamais ninguém poderá me criticar de ser contra um árabe ou um negro na rua.
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Mas a eleição de Macron também não me agrada. Ultra liberal não rima frequentemente com social. Pouca coisa deverá mudar, ao meu ver. Eu espero que ele poderá cumprir pelo menos a promessa de reduzir o desemprego. Ninguém me tira da cabeça, entretanto, que erramos ao elegê-lo ao cargo mais prestigioso da nação e que em breve vamos nos dar conta disso.
Com ele, é como um presente supresa: só depois de comprar é que você descobre o que tem dentro. É preciso agora dar uma chance ao cara e permitir que ele governe. Se dentro de um ano ele não fez nada, poderemos ir às ruas para protestar.
Mas devo admitir que a liberalização da economia não tem só o lado ruim para nós os pobres: antes, eu tinha que desembolsar quase 50 euros por uma passagem de trem para Lile – praticamente impossível para mim. Hoje, os ônibus fazem o mesmo trajeto por 19 euros. E isso devemos principalmente a Macron, quando ele era ministro da Economia.
Adaptação: Claudinê Gonçalves
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