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Valorização do franco suíço inquieta economia

Moeda forte pode ser problema para parte da economia suíça. Keystone

O ministro suíço da Economia convocou uma reunião de alto nível para a sexta-feira (14/01) na capital do país.

No encontro, Johann Schneider-Ammann quer discutir o que pode ser feito para enfrentar o problema da valorização crescente do franco suíço.




O valor da moeda, sobretudo em relação ao euro, está causando alarme entre os exportadores suíços, particularmente aqueles que vendem seus produtos para a zona euro. Eles estão cada vez mais caros nesses países. A Europa, e especialmente a Alemanha, são os maiores mercados de exportação para a Suíça.

Os convidados para o encontro, que está sendo organizado pela Secretaria de Estado para Assuntos Econômicos (Seco, na sigla em alemão), serão, dentre outros, representantes da Associação Suíça dos Empregadores, a Federação Suíça da Indústria, a Associação Suíça para Pequenas e Médias Empresas e a Federação Suíça do Comércio. Os interesses das empresas dos setores de engenharia, farmacêutica, relojoaria, turismo, dos bancos e da agricultura também estarão representados.

A mídia na Suíça considera que se trata de um encontro da “crise”, mas a Seco afirma que é apenas “uma oportunidade para avaliar a situação”. O órgão também afirma que as discussões estarão centradas nas “oportunidades e riscos” da atual situação.

Tópico importante

“Isso mostra que se trata de um tópico importante na arena política. Na perspectiva do Seco é também uma boa ideia juntar pessoas dos diferentes grupos de interesse. Porém tenho dúvidas se iremos ver qualquer medida concreta surgir desse encontro”, declara Felix Brill, economista e consultor da empresa Wellershoff & Partners.

Um sinal de urgência no tema é dado através de um comunicado feito pela Seco, no qual o secretário de Estado Jean-Daniel Gerber afirma que não dará entrevistas no momento.

Schneider-Ammann não estranha os altos e baixos da moeda suíça, pois até novembro de 2010 ainda era o chefe do fabricante de máquinas Ammann. Em várias ocasiões foi confrontado ao problema da valorização do franco nos períodos de instabilidade monetária.

Antes de assumir um cargo no governo, Schneider-Ammann era presidente da Swissmem, a organização que representa as empresas do setor de engenharia. Ela detém uma posição de destaque na economia nacional suíça. O setor é o maior empregador industrial do país, com aproximadamente 330 mil empregados. As exportações dessas empresas foram de 63 bilhões de francos suíços (US$ 65,1 bilhões) em 2009. Os membros da Swissmem exportam 80% dos seus produtos, sendo que dois terços das exportações vão para os países da zona euro.

Situação difícil

“A atual situação atinge fortemente cada empresa exportadora”, declara Ivo Zimmermann, porta-voz da Swissmem. “É difícil de quantificar, mas se olharmos para o ano de 2010, vivemos uma recuperação da carteira de encomendas da ordem de 12,2% nos primeiros três trimestres. Mas é preciso dizer que essa recuperação veio em um nível muito baixo. Isso significa que estamos longe do mesmo nível de antes da crise (econômica). Estamos, sim, no nível de 2005/2006.”

“Você pode estar com uma melhor carteira de encomendas, mas também pode estar não ganhando nada, pois a taxa de câmbio no nível atual corrói as margens”, acrescenta. Enquanto Brill não espera medidas concretas, o empresariado suíço e outros não estão com falta de ideias de como amenizar o problema.

“Bolhas de ar”

Nick Hayek, diretor geral da Swatch, e Paul Rechsteiner, presidente da Federação Suíça do Comércio, sugeriram atrelar o franco ao euro. Para Gerold Bührer, presidente da Economiesuisse (n.r.: Federação de Empresas Suíças), a proposta é apenas uma “bolha de ar”.

Já o economista Brill acredita que existem prós e contras nela. “Em princípio seria possível, mas você teria que viver com as consequências. Ela seria cara para o Banco Nacional Suíça e, além disso, você também perderia sua independência nas políticas monetárias”, disse. “Isso significaria que você teria de adotar as políticas monetárias do Banco Central Europeu, que pode levar a um aumento da inflação aqui na Suíça. E isso seria também o primeiro passo em direção à união monetária europeia.”

Brill também observa a pressão que está sendo feita sobre o Banco Nacional Suíço (SNB) para conter a valorização do franco. Mas, argumenta ele, a instituição não pode fazer muita coisa. “Vimos que o SNB tentou bastante em 2009 e, até maio de 2010 estava comprando muito euros. Essas medidas não ajudaram muito no final. Atualmente se discute bastante na zona euro sobre questões ligadas às dívidas. Ou seja, isso não é só uma questão do franco suíço…você não pode fazer qualquer coisa de forma unilateral.”

Sem mágicas

Bührer, da Economiesuisse, concorda. Ela afirma que o banco central helvético fez tudo que pode, “mas não pode parar essa tendência”. Na segunda-feira, ele declarou à uma rádio que não existe mágica para exibir e que meios técnicos também não iriam ajudar.

Outra sugestão apoiada pelos sindicatos e associações de pequenas e médias empresas é de reintroduzir o acordo de “cavalheiros” entre o SNB e bancos suíços colocado em prática em 1976. Ele previa dissuadir os bancos de realizar transações especulativas com moedas. 

“Muito plausível”, argumenta Hans-Ulrich Bigler, diretor da associação que reúne as pequenas e médias empresas, acrescentando que os bancos não têm interesse em viver um lento crescimento econômico.

Aqui novamente Brill afirma que existem dois lados da moeda. “Essa medida poderia ajudar a aliviar a pressão, mas por outro lado não é apenas a especulação que está impulsionando o desenvolvimento atual do franco nos últimos tempos.”

Proteção cambial

Ele pergunta se a definição de especulação iria incluir também medidas de proteção contra variações cambiais tomadas pelas grandes empresas suíças. “Como você iria julgá-las? Quanto maior as companhias se tornam, mais são ativas internacionalmente e mais medidas de proteção elas necessitam, pois precisam evitar as flutuações do euro e de um monte de (outras moedas)”, afirma Brill.

Outras medidas sugeridas incluem a venda de ouro, aceleração da inflação, taxas negativas de juros, limitação do ingresso de capital ou pagamento dos salários dos funcionários transfronteiriços em euros.

De acordo com o ministério da Economia, o governo está em contato estreito com o banco central na questão do franco valorizado. Mas o governo respeita a independência do SNB, tanto quanto a política monetária está em causa como “um fator de sucesso da economia suíça.”

O franco suíço é denominado “porto seguro” como moeda, o que significa que investidores e especuladores a compram quando outras moedas, incluindo o euro e o dólar americano estão sob pressão.

A forte valorização do franco suíço significa um problema para exportadores, pois suas mercadorias se tornam mais caras fora do país, em particular na zona euro.

Um euro vale atualmente 1,25 francos suíços. Há um ano a moeda estava valendo 1,48 CHF. A valorização do franco nos últimos doze meses foi de 15%.

O Banco Nacional Suíça (SNB, na sigla em alemão) tem enfatizado não ter por fim executar uma estratégia cambial específica, mas baseia sua política monetária de forma consistente no seu mandato legal.  

Esse mandato estipula que o SNB deve assegurar a estabilidade de preços, levando em conta o contexto econômico atual.

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O franco suíço (alemão Franken, italiano franco, francês, franc) é a moeda utilizada na Suíça e no Liechtenstein.

O franco suíço é o resultado da união monetária entre os cantões suíços em 1850, vindo a substituir as moedas cantonais e regionais. Antes de 1850, cerca de 860 moedas diferentes estavam em circulação na Suíça e todas tinham curso legal. Fonte: Wikipédia

O euro () é a moeda oficial de 17 dos 27 países da União Europeia. O euro existe na forma de notas e moedas desde 1 de Janeiro de 2002, e como moeda escritural desde 1 de Janeiro de 1999.

A Zona Euro é composta pelos seguintes países da União Europeia, que adoptaram a moeda comum: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal, prevendo-se que com a expansão da União Europeia alguns dos aderentes mais recentes possam nos próximos anos partilhar também o euro como moeda oficial.

O banco que controla as emissões do euro e executa a política cambial da União Europeia é o Banco Central Europeu, com sede em Frankfurt am Main, na Alemanha.

Fonte: Wikipédia

Adaptaçao: Alexander Thoele

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