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“Você sempre sabia onde estava pisando com Hayek”

Hayek fumando um charuto. RDB

O jornalista econômico de swissinfo.ch Robert Brookes encontrou o fundador do grupo Swatch, Nicolas G. Hayek, várias vezes e ganhou sua confiança. Aqui ele escreve seu tributo pessoal.

Eu me lembro da primeira vez que o vi. Foi em Bienne (oeste da Suíça), quando foi anunciado que os dois grupos relojoeiros quase falidos ASUAG e SSIH estavam sendo fusionados e que ele tentaria salvá-los.

As duas empesas – era no início dos anos 1980 – controlavam marcas prestigiosas como Omega e Tissot. Ele salvou-as e também outras em situação precária.

Hayek não inventou a Swatch, mas foi fundamental para a promoção da marca e, obviamente, fazer do grupo o que ele é hoje: a maior empresa relojoeira do mundo.

Quando o relógio Swatch atingiu a maioridade, uma grande festa foi comemorada em Zermatt. Nela, Hayek declinou o seu poema favorito: “Se”, do poeta inglês Rudyard Kipling (clicar no link à direita para ver a tradução do poema). Ele o mencionou várias vezes nos seus discursos posteriores. Obviamente ele o adorava.

Ele caminhou por Zermatt e foi festejado por centenas de pessoas.

Então, depois de poucos anos, ele decidiu comprar a marca Breguet – um golpe de gênio para alguém que iniciou a vida como consultor na Suíça em um escritório em Zurique,sem telefone. Na época ele tinha que atravessar a rua para ir à agência vizinha dos correios para dar seus telefonemas.

O homem acabou provando que era o rei da indústria relojoeira. E ele amava tanto a marca Breguet, da qual era o executivo-chefe – até ao ponto de gastar 2,3 milhões de francos em um leilão organizado em Genebra para comprar documentos originais do supostamente maior construtor de relógios da Suíça, Abraham-Louis Breguet.

Um estilo próprio

Uma vez perguntei-lhe porque havia demitido alguns dos seus principais executivos. A resposta era típica: “Eles haviam se tornado muito arrogantes e estavam deixando os negócios de lado.”

Ele será lembrado por alguns como um patriarca que não suportava o disparate. Eu questionei-o sobre esse ponto e ele replicou que tinha de administrar mais de 300 fábricas e milhares de funcionários, e que pretendia mantê-los empregados. Não havia espaço para complacência.

E ele não podia suportar a ideia que a indústria poderia abandonar a Suíça.

Nicolas Georges Hayek será lembrado como um homem de estatura baixa, mas de grande peso na história recente do país. Ele odiava a bolsa de valores pelos seus caprichos em relação ao desempenho do grupo Swatch.

Você sempre sabia onde estava pisando com Hayek. Ele sempre tinha um ponto de vista bem preciso.

Mas ele também podia ser bem caloroso e acessível. Hayek escreveu para mim uma dedicatória comovente na sua autobiografia, agradecendo-me pelo “maravilhoso e substancioso trabalho de rádio nos últimos 25 anos”. (a swissinfo é a sucessora da ex-Rádio Suíça Internacional).

Alguns dos seus principais executivos poderiam dizer que ele era – e seria – capaz de dizer seus pensamentos sem rodeios, mas a maioria permaneceu fiel, o apoiou e fez com que o grupo se tornasse o que ele é hoje.

A indústria relojoeira suíça se manteve nos últimos anos em boas condições e isso tem muito a ver com Hayek, que se importava com o que acontecia no setor.

Não apenas sua família sentirá falta dele, mas também toda a Suíça. Será difícil substituí-lo.

Robert Brookes, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)

Nicolas George Hayek (Beirute, Líbano, 19 de fevereiro de 1928 – Biel, Suiça, 28 de junho de 2010 foi um empresário suiço nascido no Líbano, co-fundador e presidente do Swatch Group, maior empresa de relógios do mundo.

Hayek era filho de mãe libanesa e pai libano-americano, ambos de famílias cristãs ortodoxas gregas do Líbano.

Hayek originalmente comandava uma empresa de consultoria de negócios, que foi chamada por um grupo de banqueiros suíços para para gerir a liquidação das fábricas de relógios ASUAG and SSIH, que encontraram dificuldades ao ter que competir com os concorrentes japoneses.

Hayek acreditava que as indústrias suíças do setor relojoeiro poderiam tornar-se competitivas com uma reestruturação e foco em diferentes áres de negócios.

Depois de realizar as modificações e implementar a reorganização da ASUAG e da SSIH por mais de quatro anos, finalmente executando sua fusão, Hayek, com um grupo de investidores suícos, adquiriu participação majoritária no novo grupo em 1985.

Tornou-se presidente do Conselho de Diretores e Chefe Executivo em 1986. (Texto: Wikipédia em português)

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