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Chocolate suíço é fabricado no Brasil

Sete lojas na Bahia vendem os chocolates fabricados por Hans Schaeppi (foto: Ariane Müller) swissinfo.ch

Hoteleiro descendente de suíços monta no litoral da Bahia fábrica de chocolates seguindo receitas tradicionais do país dos Alpes.

Dentre as especialidades de Hans Schaeppi, fabricadas com o melhor cacau baiano, destacam-se os chocolates com especiarias e em formatos eróticos.

Ilhéus é uma cidade de 250 mil habitantes e está localizada no litoral da Bahia. Além de conhecida pelos romances do escritor brasileiro Jorge Amado, sua riqueza está nas plantações de cacau, nas praias de areia branca, nas igrejas barrocas e nos seus museus.

Nesse paraíso vive Hans Schaeppi, proprietário do Hotel Ilhéus Praia e da primeira fábrica de chocolate do Nordeste brasileiro. Apesar dos 76 anos, uma idade tardia para a aposentadoria, ele ainda trabalha mais de oito horas por dia. Seguramente essa paixão pela labuta deve vir das origens alpinas.

Em 1909, seu pai, Otto Schappi, imigrou da Suíça para o Brasil. Nessa época ele se estabeleceu em Ilhéus como empregado da empresa suíça Kaufmann e Wildberger e responsável pela compra e exportação do cacau produzido na região.

Quando a Primeira Guerra Mundial estourou, ele foi à Suíça cumprir o serviço militar. Em 1920, Otto Schappi retornou ao Brasil e foi viver em Salvador, onde casou-se com a brasileira Oriza Madeira Tosta e trabalhou no Instituto do Cacau. Em 1977, o suíço faleceu aos 76 anos. Seu filho Hans, ainda se lembra das histórias do pai.

“Todos os domingos ele passeava na praia. Os brasileiros que estavam sentados nos bares, bebiam cerveja gritavam para ele: – Olha o suíço! Eu o acompanhei apenas uma vez. Uma vez e nunca mais”.

De preferência construir hotéis

Hans Schaeppi nasceu em 1927, como primeiro dos quatro filhos do casal. Durante um longo tempo ele não teve grandes relacionamentos com a Suíça, tendo freqüentado a escola e concluído o curso de engenharia no Brasil.

Depois de alguns projetos realizados, decidiu ter o seu próprio hotel. Para isso ele retornou à sua cidade natal Ilhéus, cuja natureza sempre lhe fascinou: – “Eu sempre fui apaixonado por esse lugar”.

Distante 460 quilômetros de Salvador, Ilhéus é a maior cidade da chamada “costa do cacau”. No final do século XIX, essa fruta fez a fortuna e a desgraça de grandes plantadores. Com a queda vertiginosa dos preços nos mercados internacionais, também desapareceu o charme e pujança do local.

Chocolates eróticos

Em 1981, Hans Schaeppi inaugurou seu estabelecimento. O Ilhéus Praia Hotel está localizado no centro da cidade e acabou sendo motivo de uma outra inspiração profissional.

“Os turistas, sobretudo os suíços, sempre me perguntavam por que na capital do cacau não se produzia chocolate”, conta Schaeppi. Depois de tanta insistência, ele decidiu organizar uma viagem de aprendizado. Em Zurique, ele visitou a fábrica de chocolate “Lindt & Sprüngli” em Kilchberg e aprendeu os segredos dos mestres chocolateiros.

Em 1985, Schaeppi abriu sua própria fábrica de chocolate em Ilhéus. Ela está apenas oito quilômetros distante da cidade e foi construída no estilo de chalé suíço. Através de duas grandes janelas, os turistas podem ver como o chocolate é produzido seguindo as receitas tradicionais. Ao lado, uma pequena loja vende para os interessados o “melhor e mais fresco chocolate do Brasil”, como diz a autopromoção.

Dentre as especialidades oferecidas estão os chocolates com especiarias e os em formatos eróticos. Os primeiros são inspirados nos dois principais personagens do romance “Gabriela Cravo e Canela” de Jorge Amado.

Os produtos também podem ser encontrados em sete lojas, espalhadas entre Porto Seguro e Salvador. Além da fábrica, uma fazenda em miniatura mostra como o cacau é colhido e secado, antes de ser transformado em chocolate.

Além de empresário, Hans Schaeppi é também o atual presidente da Associação de Turismo de Ilhéus. Ele se mostra preocupado com a atual situação econômica: “antes era possível ter uma ocupação de 80% dos hotéis nos períodos de alta estação. Hoje em dia, estamos satisfeitos com 40%”.

Seguramente o descendente de suíços já deve ter novas idéias para atrair os turistas às belezas e iguarias de Ilhéus.

swissinfo, Brigitte Ariane Müller
traduzido por Alexander Thoele

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