Escola suíça do Rio perde credencial e dinheiro
A partir de 2005, governo federal suíço retira credenciamento e diminui em mais da metade as subvenções da Escola Suíça-Brasileira no Rio de Janeiro.
Corte deve-se ao número cada vez menor de alunos e professores suíços. Apesar da mudança, escola mantém nome e investe na sua expansão.
A comissão oficial, formada por membros do governo federal e governos cantonais, de associações de professores, de associações de escolas suíças e de suíços do exterior foi unânime na decisão: a partir de 2005, a Escola Suíço-Brasileira do Rio de Janeiro deixará de ser suíça.
Na prática, isso significa que a instituição carioca, fundada em 1962, perde sua credencial e também uma grande parte dos subsídios.
“Segundo os critérios estabelecidos pelas leis federais, a escola no Rio de Janeiro deixou de ter um caráter suíço, se transformando cada vez mais numa genuína instituição brasileira”, explica Paul Fink, do Departamento Federal de Cultura, em Berna.
“Já esperávamos mudanças”
Para o diretor da Escola Suíço-Brasileira no Rio de Janeiro, Christian Stauffer, a decisão tomada pelo governo não surpreende, já que há mais de dois anos a situação era notada e indicada em sucessivos relatórios. “Já sabíamos que essas mudanças estavam previstas, mas não nos preocupamos, pois isso não irá afetar nosso equilíbrio financeiro”, declarou a swissinfo, por telefone.
Como instituição de elite, a Escola Suíço-Brasileira é muito procurada por famílias brasileiras e estrangeiras de classes mais abastadas. As mensalidades, relativamente altas para os padrões locais, asseguram um ensino de qualidade e internacional diferenciado das escolas nacionais.
“Além do mais, nós continuaremos a nos chamar escola suíça, mantendo seus princípios e o aspecto multicultural”, acrescenta Christian Stauffer. “Lembro também que somos a única escola trilíngüe no Rio de Janeiro e uma das poucas escolas suíças no mundo a manter o ensino em duas línguas nacionais, alemão e francês”.
Razões históricas
A lei federal de apoio à formação de jovens suíços do exterior, de nove de outubro de 1987, define que uma escola só pode ser credenciada quando sua direção é suíça, a maioria dos professores também é suíça e uma quantidade suficiente de alunos é originária do país dos Alpes.
No caso da Escola Suíço-Brasileira do Rio de Janeiro esses critérios não são mais atendidos. Em 1998 a instituição ainda dispunha de um diretor e 13 professores suíços. Atualmente apenas o atual diretor e dois professores vêm da Suíça. Em relação aos alunos, a situação não é diferente: o número de crianças suíças na escola passou de 89 (1998) para 41 (2004). Atualmente a escola mantém 400 alunos nas suas duas unidades, uma no bairro de Santa Tereza e outra na Barra da Tijuca.
Para a Associação de Suíços do Estrangeiro (ASE), a transformação vivida pela escola suíça na segunda cidade mais populosa do Brasil deve-se a uma questão histórica. “Depois que o Rio de Janeiro deixou de ser a capital do Brasil (1960), a cidade passou a atrair cada vez menos suíços”, lembra Rudolf Wyder, diretor da ASE.
“Também existem países onde a assimilação dos suíços ocorre de forma muito mais intensiva, como é o caso do Brasil, onde muitos filhos de suíços e brasileiras já não falam nem francês ou alemão e não têm contato com o nosso país”, completa Paul Fink.
Ajuda continua
A redução automática das subvenções a partir de 2005, passando de 240 mil francos para cerca de 100 mil francos anuais, deve ser compensada pelo aumento do número de alunos brasileiros. “A demanda por ensino de qualidade é grande e pretendemos chegar a médio prazo a 500 ou 550 alunos”, afirma Stauffer.
Ao mesmo tempo, o descredenciamento e corte da ajuda não impede que o governo suíço continue apoiando a instituição. “A subvenção continua, pois a lei prevê um apoio também para as instituições fora do sistema de escolas suíças oficiais, sobretudo para a contratação de professores”, conclui Paul Fink.
swissinfo, Alexander Thoele e Claudinê Gonçalves
Segundo a lei federal de 1987:
– uma escola é credenciada tem de ter uma direção suíça, a maioria dos professores suíça e um número suficiente de alunos de origem suíça.
– Na Escola Suíço-Brasileira do Rio esses requisitos não são mais preenchidos há alguns anos.
– A causa principal é demográfica: a população suíça no Rio não cresce.
– A escola é a única trilíngüe do Rio e vai continuar sendo “suíça” multicultural e com maioria de alunos brasileiros.
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