Jovens persistem no ensino profissionalizante
Apesar da estagnação econômica, os jovens continuam em busca de vagas no ensino profissionalizante. O ministro da Economia se diz otimista mas não deixa de ser criticado.
Para o ano escolar que começa, ainda existem cerca de 5 mil vagas em todo o país.
No início de cada ano escolar, a cena de repete. Segunda-feira, o ministro da Economia Joseph Deiss, qualificou de positiva a situação das ofertas de vagas no ensino profissionalizante.
Reconheceu, no entanto, que a situação “é tensa mas estável” e precisou que ainda existem cerca de 5 mil vagas este ano. Por enquanto, não se sabe exatamente quantos jovens ainda estão a procura de uma vaga.
A questão é polêmica porque o ensino profissionalizante é uma verdadeira instituição na Suíça. Ao final da escolaridade obrigatória, 70% dos adolescentes escolhem o profissionalizante para entrar mais rapidamente na vida ativa.
Apenas 30% escolhem a filial do bachelado, que permite o acesso automático à universidade.
Praticamente não existe ninguém no mercado de trabalho sem alguma formação, na Suíça.
Contexto mais difícil
O profissionalizante é uma formação mixta de teoria, nas escolas, e prática, nas empresas. Nas quase quatro décadas de pleno emprego que a Suíça vivem depois da Segunda Guerra Mundial, o aprendiz geralmente era contratado pela empresa que o formava. Com a estagnação econômica dos últimos anos, isso não está mais garantido.
A dificuldade do profissionalizante é adaptar-se rapidamente à demanda dos jovens e do mercado de trabalho, ainda mais num país de quatro línguas e quatro culturas bem distintas.
Então, fatalmente, sobram vagas em alguns setores e falta em outros. Atualmente, a procura é maior nas filiais do comércio e informática e sobram vagas nas profissões da construção civil, por exemplo.
Milhares sem vagas
A defasagem atualmente é justamente da ordem de 5 mil jovens.
Entre 3 a 5% dos jovens que concluiram a escolaridade obrigatória, cerca de 4.200 alunos, podem não encontrar as vagas que queriam, confirma Ursula Renold, diretora-adjunta da Divisão Federal da Formação Profissional (OFFT).
Ela julga a situação paradoxal, já existem 5 mil vagas sobrando e praticamente o mesmo número de jovens sem vagas.
Para o ministro Joseph Deiss, “aquele que tiver vontade vai acabar encontrando uma vaga” se mostrar-se flexível quanto ao lugar e à escolha de sua atividade.
Situação diferenciada
O ministro Deiss disse ainda que “acabou” a época em que cada jovem podia escolher a profissão que queria aprender.
Ele considera que “não tem sentido manter as estruturas em profissões mais solicitadas e abandonar as outras como também não tem formar aprendizes que o mercado de trabalho não possa absorver”.
Mas o ministro reconheceu que a situação é mais tensa do que no ano passado, principalmente nas cidades maiores como Zurique, Berna, Basiléia, Lucerna e Aarau, todas na suíça de língua alemã.
Nas regiões de língua francesa e italiana, haveria menos problemas.
Mais esforços
Joseph Deiss anunciou que o Ministério da Economia quer promover a criação de mais vagas na aprendizagem e criar novas redes de empresas formadoras. Para isso, o governo vai liberar 2,3 milhões de francos no ano que vem.
Em 2004, os especialistas esperam melhoras com a nova lei sobre a aprendizagem profissional, que entra em vigor em janeiro de 2004.
A nova lei prevê a possibilidade de criar fundos setoriais de formação profissional financiados pelas empresas que não formam jovens.
Críticas
No final da coletiva de imprensa do ministro Deiss, o comitê pela iniciativa de vagas de aprendizagem reagiu afirmando que o Estado e a economia deveriam “agir ao invés de fazer promessas”.
Esse comitê queria incluir um artigo constitucional para garantir as vagas, mas a proposta foi rejeita em votação popular, em maio.
“Com 4,4%, a taxa de desemprego entre os jovens até 24 anos, é a maior dos últimos 5 anos e a falta de vagas na aprendizagem só vai agravar a situação, afirma o comitê.
O comitê promete fundar nos próximos meses uma “organização para controlar que o Estado e os meios econômicos se preocupem mais com desemprego dos jovens e as vagas no ensino profissionalizante”.
Claudinê Gonçalves, com agências.
– A aprendizagem é um dos pilares da formação na Suíça. Menos de 30% dos jovens optam pelo bacharelado, depois da escola obrigatória.
– Todos os outros preferem entrar no mercado de trabalho e seguir, ao mesmo tempo, os cursos das escolas profissionais.
– A atribuição das vagas da aprendizagem ocorre no final de agosto na Suíça de língua alemã, e no final de outubro, na Suíça de língua francesa.
– Novas medidas serão tomadas em 2004:
– Todos os que oferecerem vagas e as novas redes de empresas formadoras terão apoio.
– Os orientadores para que os jovens encontrem vagas também terão apoio.
– O marketing das profissões será intensificado e haverá maior divulgação junto aos jovens estrangeiros.
– A verba prevista para os incentivos é de 2,3 milhões de francos suíços.
– Em 18 de maio passado, a iniciativa por vagas de aprendizagem foi rejeitada por 68,4% dos eleitores.
– A nova lei sobre a formação profissional entrará em vigor em janeiro de 2004.
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