Mecânico suíço ajuda jovens carentes
Há cinco anos o imigrante suíço Robert Kern abriu um centro de formação profissional para jovens carentes em Rio das Ostras, uma localidade não muito distante do Rio de Janeiro.
O trabalho é financiado com recursos próprios e através de doações de brasileiros. Curso forma mecânicos e ferreiro.
Os alunos são esforçados e não cansam de separar ou soldas peças de metal no “Centro de Aprendizagem”. Os oito jovens, com idades entre 16 e 25 anos, participam do curso de oito semanas que irá lhes capacitar como mecânicos ou ferreiros. Esse é um projeto social, mas com visão de futuro.
O centro é dirigido pelo suíço Robert Kern, que imigrou há cinco anos para o Brasil. Depois de comprar um terreno em Rio das Ostras, uma pequena cidade distante 150 quilômetros do Rio de Janeiro, Kern decidiu aproveitar o tempo da aposentadoria antecipada para dedicar-se a melhoria das condições de vida da população carente na região.
Se já no início da sua estadia brasileira, o suíço originário de Zurique organizava cursos de metalurgia, desde março o centro estará oferecendo também uma formação profissional como mecânico. Quatro jovens e um professor vindo da própria região já estão ocupados com essa atividade, incluindo as aulas no torno mecânico.
Nos dois pavilhões do centro de aprendizado o trabalho começa às oito da manhã e vai até ao meio-dia. Nessas quatro horas, Robert Kern compartilha seu conhecimento com os jovens brasileiros. “O importante é a prática diária nas máquinas”, explica o suíço.
Possibilidade de aprender algo
No centro de aprendizado são oferecidos quatro cursos por ano, sendo que todos são gratuitos. “É necessário dar aos jovens uma oportunidade de crescimento pessoal”, acrescenta Kern. “A partir disso, eles podem deslanchar na vida”.
“Aqui estou aprendendo algo”, conta Douglas Sousa da Silva, um jovem de 22 anos originário do Rio de Janeiro. “Até hoje nunca tinha tido uma chance de aprender”. Quando ele descobriu a existência do centro de aprendizado, sua primeira reação foi se inscrever diretamente.
Para o aluno Carlos a situação não foi muito diferentes. Originário de São Paulo, a maior cidade brasileira, o jovem brasileiro chegou com seu pai em Rio das Ostras. Em setembro do ano passado ele começou a freqüentar as aulas oferecidas pelo suíço, que todos chamam de “Senhor Roberto”. Depois de dois meses de curso, Carlos perguntou ao mestre se não poderia continuar trabalhando na oficina, “para aprender um pouco mais”. Desde então, ele passa o dia inteiro nas oficinas de Kern.
“A maior parte dos participantes encontram um trabalho depois da formação”, orgulha-se o suíço. Os empregos da grande parte dos jovens está nas oficinas da região ou em Macaé, a grande metrópole vizinha onde existe também uma importante indústria petrolífera.
Juntamente com os dois pavilhões já existentes, Robert Kern irá construir um terceiro. No projeto original, o suíço pretendia não apenas oferecer cursos de mecânico e serralharia, mas também de marcenaria. “Porém metal e madeira são dois diferentes tipos de calçado”, concluí o suíço. Por isso o terceiro pavilhão será utilizado para expandir a oferta dos cursos de mecânica.
Financiamento próprio
O projeto de Robert Kern é financiado pelos próprios fundos do suíço. Mais de 30 mil francos são necessários por mês para custear as despesas, que não incluem a construção do novo pavilhão. “Eu tenho o suficiente para viver”, conta Kern, que quando ainda estava na vida ativa dirigia a própria serralharia. Depois de aposentar-se, a empresa foi passada para o filho.
Apesar da boa situação financeira, o suíço precisa de recursos para comprar novas máquinas e ferramentas. O apoio do Estado é muito reduzido, porém a prefeitura de Rio das Ostras reconheceu oficialmente o projeto como centro de formação profissional. Ao mesmo tempo, Robert Kern aceitaria de bom grado doações de particulares. Os números de sua conta estão inscritos na página própria na Internet.
Durante dois anos o suíço ainda quer atuar no aprendizado. Depois seu sonho é viajar pelo grande país, onde ele vive há cinco anos. Com exceção de duas viagens, Kern conhece pouco do Brasil. “Eu ainda não vi quase nada”.
swissinfo, Brigitte Arianne Müller
traduzido por Alexander Thoele
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