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Parceria em busca do “padrão suíço” na hotelaria

Prédio onde funciona a Escola de Hotelaria de Lausanne (oeste da Suíça). Divulgação

A hotelaria é um setor onde a Suíça realiza reconhecidamente um trabalho de excelência há algumas décadas.

No Brasil, o setor hoteleiro está em franca expansão, frente a um mercado de turismo interno e externo que tem espaço para se desenvolver pelas próximas décadas. De olho nessa equação, foi estabelecida entre os dois países uma parceria no setor hoteleiro que, um ano e meio depois de firmada, começa agora a colher seus primeiros frutos.

Estimada como uma das melhores escolas do mundo no setor, a École Hôtelière de Lausanne – Escola Hoteleira de Lausanne (EHL) – firmou em janeiro de 2006 um contrato para ajudar no desenvolvimento pedagógico da Faculdade de Hotelaria da Universidade Estácio de Sá, que é uma das maiores instituições privadas do Rio de Janeiro.

Com a parceria, a escola brasileira deu início a um processo de readequação de sua grade curricular, orientado pela EHL.

A Faculdade de Hotelaria aumentou sua carga horária e acabou sendo transformada de curso de formação de tecnólogos em bacharelado. A primeira turma iniciada com a nova orientação curricular está completando um ano e meio de estudos, e os resultados, segundo a direção da faculdade, são pra lá de animadores.

“O perfil de nosso aluno mudou, e isso fez aumentar sua aceitação no mercado. Hoje, posso dizer que temos 100% dos alunos empregados ou fazendo estágios”, afirma Jayme Drummond, que é coordenador do curso de Hotelaria.

Formação de professores



Além de orientar as mudanças na estrutura pedagógica da nova parceira, a EHL passou a fornecer na Suíça cursos de formação para os professores brasileiros: “Nossos professores são submetidos a duas fases de treinamento, e 16 já foram realizar treinamento em Lausanne”, conta Drummond, ele mesmo um ex-aluno da EHL.

Além disso, professores da EHL são semestralmente convidados para ministrar aulas aos estudantes de Hotelaria da Universidade Estácio de Sá, o que dinamiza o intercâmbio entre as duas instituições.

Para celebrar o sucesso da parceria, o diretor-geral da EHL, Ruud Reuland, visitou pela primeira vez, nos dias 25 e 26 de junho, a Faculdade de Hotelaria da Estácio de Sá no Rio de Janeiro.

A agenda de Reuland incluiu o contato direto com os professores e estudantes brasileiros e também encontros com alguns dirigentes dos principais hotéis da cidade.

Além do coquetel que foi oferecido em sua homenagem no Campus Dorival Caymmi, onde funciona a faculdade, Reuland foi visitar os estudantes em alguns de seus locais de trabalho, como os hotéis Copacabana Palace e Marriot, entre outros. O suíço gostou do que viu: “Fiquei impressionado com o engajamento e a motivação de todos: faculdade, estudantes e indústria hoteleira”, disse.

Caminho certo

O diretor-geral da EHL acha que a parceira brasileira está no caminho certo: “Os estudantes demonstram paixão e muito orgulho de serem membros do curso de Hotelaria da Estácio de Sá. Além disso, a indústria hoteleira da cidade parece dedicada ao projeto. Ela tem ajudado a escola por todos os meios e dado muita atenção ao treinamento dos estagiários”, disse.

O contato estabelecido entre a EHL e a faculdade carioca faz parte da política da escola suíça de apostar no fortalecimento de mercados emergentes no setor de turismo e hotelaria.

Parceria em outros países

Além do Brasil, a EHL mantém parcerias semelhantes em países como México, China, Líbano e Índia. Ruud Reuland explica essa opção: “A EHL tem a missão de desenvolver a futura geração de gerentes e líderes da indústria hoteleira suíça e internacional. Devido à enorme demanda, não é possível usar somente a EHL como fonte de formação. Nós firmamos parcerias com universidades de primeira classe em alguns países como o Brasil para ajudar no desenvolvimento de seus programas”.

Reuland afirma que a Estácio de Sá foi escolhida “por sua visão, sua competência, pelo reconhecimento que tem do governo e, o mais importante, pela relação e reconhecimento da indústria hoteleira”.

O suíço acredita no fortalecimento dessa relação: “A parceria entre a EHL e a Estácio de Sá pode potencializar as relações entre as indústrias hoteleiras dos dois países no futuro”, disse.

O curso de Hotelaria da Universidade Estácio de Sá é um dos mais antigos do Brasil e forma profissionais para o setor desde 1979. Em 1997, por ocasião de uma avaliação realizada pelo Ministério da Educação, recebeu conceito “A”, o mais elevado. Outra avaliação, realizada pelo mesmo ministério em 2005 a partir de uma outra metodologia, também deu ao curso o conceito máximo. Foi esse desempenho que chamou a atenção da EHL.

swissinfo, Maurício Thuswohl, Rio de Janeiro

A École Hôtelière de Lausanne / Escola Hoteleira de Lausanne (EHL) foi fundada em 1893 e, nesses 114 anos de atividade, já formou mais de 30 mil profissionais para os setores de turismo, hotelaria e lazer. Atualmente, ela conta com cerca de mil e quatrocentos estudantes, de mais de 80 nacionalidades diferentes.

A EHL é a única escola de hotelaria na Europa beneficiada com o selo de “Instituição de Alta Educação”, concedido pela New England Association of Schools and Colleges (Neasc) dos Estados Unidos. Na Suíça, ela é a única escola de hotelaria que oferece cursos de nível HES (Haute École Spécialisée / Alta Escola Especializada) reconhecidos pelo Conselho Federal.

Em 15 de julho, os leitores do jornal Hotels vão eleger os 15 melhores hoteleiros do mundo em 2007. Entre os sete indicados ao prêmio, três são ex-alunos da EHL. Na categoria Grandes Redes foram indicados Raymond Bickson (PDG da Taj Hotels, na Índia) e Reto Wittwer (PDG do Kempinski Hotels & Resorts, na Suíça). Na categoria Hoteleiros Independentes, foi indicado Hans Wiedemann, que é diretor-geral do Badrutt’s Palace Hotel em Saint Moritz, também na Suíça.

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