Ex-presidente Fernando Collor é preso por corrupção

O ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) foi preso nesta sexta-feira (25) por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmou sua sentença de quase nove anos por corrupção.
Primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar (1964-1985), Collor renunciou à Presidência em 1992 em meio a denúncias de desvio e corrupção, com um processo de impeachment aberto no Congresso.
O ex-chefe de Estado, de 75 anos, foi detido pela manhã em Maceió, Alagoas, estado onde foi senador e governador, e transferido à tarde para uma penitenciária para cumprir a sentença, informou sob anonimato uma fonte policial à AFP.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, rejeitou na quinta-feira os recursos “meramente protelatórios” da defesa para anular a ordem de prisão.
Collor começará a cumprir sua pena no presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió, em uma ala especial e em cela individual, por sua “condição de ex-presidente da República”, disse Moraes em outra decisão nesta sexta.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá agora avaliar um pedido da defesa para que Collor passe para prisão domiciliar por motivos de saúde, indicou também o ministro. Segundo seus advogados, o ex-presidente sofre de Parkinson.
Na quinta-feira, a defesa expressou “surpresa e preocupação” pela ordem de prisão.
Em uma nota citada nesta sexta-feira pela imprensa, seus advogados afirmaram que o ex-presidente foi detido pela polícia “às 4 horas da manhã” quando se preparava para viajar a Brasília para cumprir a decisão judicial.
Collor foi condenado em 2023 a oito anos e dez meses de prisão por corrupção em uma investigação derivada da Operação Lava Jato.
A Justiça o considerou culpado de receber 20 milhões de reais enquanto era senador, entre 2010 e 2014, para “facilitar irregularmente contratos” entre uma construtora e uma antiga subsidiária da Petrobras.
As ordens de Moraes devem ser submetidas à homologação do plenário do STF em breve.
– Destino comum –
Collor não é o único ex-presidente brasileiro a ter problemas com a Justiça. Desde o fim da ditadura militar, quatro dos sete ocupantes do Palácio do Planalto foram, em algum momento, condenados, presos ou afastados do cargo.
E o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) está prestes a ser julgado por tentativa de golpe após ter sido derrotado em sua tentativa de reeleição.
Com um discurso inconformista e uma imagem jovial, Collor gerou grandes expectativas ao chegar ao poder, prometendo reformar profundamente a vida política e social do Brasil. Ele derrotou Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas em 1989.
O “caçador de marajás”, como Collor chamava os funcionários públicos de altos salários, no entanto, acabou renunciando à Presidência em 1992 após acusações de corrupção.
Lula, presidente de 2003 a 2010, passou 18 meses preso entre 2018 e 2019, também no âmbito da Operação Lava Jato. Mas a condenação de Lula acabou sendo anulada pelo STF e o ele retornou ao Planalto em 2023.
Após perder o direito de disputar cargos públicos por oito anos, Collor voltou à política e, em 2006, foi eleito senador por Alagoas, onde já havia sido governador. Ocupou o cargo até 2022.
Nos últimos anos, ele se aproximou de Jair Bolsonaro, para quem fez campanha em 2022 contra Lula.
Segundo o STF, como senador, Collor usou sua influência político-partidária para promover indicações para o conselho administrativo de uma distribuidora de combustíveis, subsidiária da Petrobras, e para direcionar contratos.
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