Exposição sobre Anne Frank apresenta o Holocausto às novas gerações
Quando se completam 80 anos do fim do Holocausto, Nova York inaugura, a partir desta segunda-feira (27), uma reprodução do esconderijo onde Anne Frank e a família tentaram escapar dos nazistas, uma iniciativa que busca manter viva a memória, especialmente entre as novas gerações.
A recriação do pequeno esconderijo compartilhado pela jovem estudante judia e outras sete pessoas, no Centro de História Judaica em Manhattan, é a primeira réplica exibida fora de Amsterdã. A instalação pode ser visitada gratuitamente por milhares de estudantes.
“[Os jovens] vivem em um mundo diferente. Têm um ambiente muito diferente. Ainda se interessam por este tema, mas sabem menos sobre ele”, afirma Ronald Leopold, diretor executivo da Casa de Anne Frank.
Diferentemente do museu de Amsterdã, erguido no prédio onde Anne Frank se escondeu dos nazistas e escreveu seu famoso diário durante a Segunda Guerra Mundial, a reprodução em Nova York está mobiliada como teria sido na década de 1940.
Os visitantes são conduzidos através de uma estante, semelhante àquela atrás da qual Anne e sua família se esconderam para escapar da perseguição nazista, após Margot, irmã de Anne, receber uma convocação para um campo de trabalho em julho de 1942.
A exposição conta com instalações visuais e utiliza principalmente audioguias adaptados a diferentes faixas etárias, além de exibições interativas, como um mapa gigante da Europa no chão e representações da máquina de extermínio nazista contra os judeus.
“É assim que acreditamos que, hoje, a memória do Holocausto pode ser transmitida às novas gerações”, explica Leopold.
– Não é coisa do passado –
Um cenógrafo com experiência em teatro e ópera recriou maquetes dos cômodos usados por Anne Frank e sua família, baseando-se em dois modelos em escala encomendados por Otto Frank, pai de Anne, nos anos 1960.
A luta diária da vida na clandestinidade é ilustrada com objetos e fotos comuns, incluindo itens que pertenceram a Anne Frank, como o primeiro diário que ela ganhou ao completar 13 anos, em 12 de junho de 1942.
Desde então, seu diário foi publicado em mais de 70 idiomas e vendeu milhões de cópias.
O livro narra sua vida como uma adolescente comum vivendo em circunstâncias extraordinárias, até sua captura, junto com os outros companheiros de esconderijo, em agosto de 1944, após 25 meses escondida.
Anne morreu junto com Margot no campo de concentração de Bergen-Belsen, em fevereiro de 1945.
“Agora os jovens podem vir a esta exposição e entender o que significa estar escondido, o que significa ser perseguido”, afirma Hannah Elias, neta de Buddy Elias, primo de Anne Frank.
“Isso tem uma conexão forte com o presente, porque ainda há muitas pessoas sendo perseguidas e precisando se esconder. Não é algo do passado. Não é um capítulo que podemos simplesmente encerrar.”
A exposição foi aberta ao público nesta segunda-feira, coincidindo com o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto e com o 80º aniversário da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz.
“A Casa de Anne Frank nos mostra que nossa responsabilidade nunca foi tão grande”, diz Leopold.
“Essa história não é apenas sobre o passado. É um lembrete e um chamado à ação para o presente e para o futuro: contra o antissemitismo e contra outras formas de ódio”, acrescenta.
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