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À procura dos sabores do futuro

É possível ser criativo cozinhando macarrão instantâneo de um recipiente plástico. Givaudan

Macarrão instantâneo, um "tiro" de fumaça, textura de tomate e musse de chocolate "bonbon" são apenas alguns das novas tendências de sabor, que poderão determinar o paladar do consumidor no futuro.

Givaudan, a discreta multinacional baseada em Genebra e líder no setor de aromas e fragrâncias, abre as portas do seu centro de pesquisa nas proximidades de Zurique.

Enquanto algumas pessoas zombam da idéia de fazer o seu próprio macarrão a partir de um líquido que sai de algo que mais parece uma garrafinha de plástico com sabonete de hotel, a prova de que isso funciona está no pudim…ou mais exatamente na límpida sopa asiática onde o macarrão foi colocado.

Trata-se de uma experiência de fazer suas próprias criações, esboços ou apenas escrevendo seu nome com o líquido quando ele se materializa em macarrão sólido. Isso é precisamente o que muitos chefes de cozinha estão fazendo no mundo: tentando fazer da comida algo para se lembrar.

“Hoje em dia, comer não é apenas preencher o espaço vazio do estômago. As pessoas querem atualmente ter experiências com a comida”, explica Daniel Nachbaur, chefe-executivo da Givaudan, depois de preparar alguns dos pratos oferecidos.

“Isso é para pessoas que querem estar na crista da onda da moda, um grupo que está crescendo cada vez mais, que quer experimentar coisas novas e são abertos para isso”, define.

Nachbaur é um dos executivos da multinacional Givaudan responsáveis por colocar em prática idéias de sete chefes de cozinha de renome internacional e atuantes em cada região do globo, reunidos através de um programa da empresa chamado “Conselho de Chefes”.

Inspiração

“Trabalhamos juntos com chefes de cozinha de renome internacional para nos inspirar. Todos são craques na sua área”, conta Nachbaur.

Eles partilham estilos individuais, assinam pratos e receitas com o objetivo de descobrir novos sabores para o futuro.

Mas por que a Givaudan necessita identificar novas tendências no setor de aromas?

“Precisamos descobrir essas novas tendências para continuar competitivos, para ajudar nossos consumidores a desenvolver novos produtos para o futuro, que atraiam os consumidores e, ao mesmo tempo, sejam sucessos comerciais nos seus mercados”, revela Christiane Lippert, executivo da multinacional responsável pelo setor de sabores para a Europa, África e o Oriente Médio.

Lipped também conta que a empresa desenvolveu seu próprio programa intitulado “FlavourVision” (Visão de Sabores), cujo principal objetivo é destilar conhecimentos acumulados em uma perspectiva de saber o que vai dominar o mercado nos próximos anos.

Uma parte do programa, chamado “TrendTrek” (Captura de Tendências) leva os especialistas simplesmente para fora das paredes da multinacional à procura das novas tendências na sociedade.

Capturando idéias

“Nesse caso, tanto o pessoal do departamento de marketing, como os pesquisadores, vão a várias cidades no mundo para capturar idéias do que está na moda, o que está acontecendo, o que os consumidores urbanos que estão na crista da onda fazem, o que eles comem, quais são os drinques do momento, e criam idéias a partir disso”, conta Lippert.

Outra fonte de inspiração vem do programa TasteTrek, que tem dois principais objetivos. “Nós exploramos regiões ricas em biodiversidade para descobrir novas moléculas e ingredientes para criar novos sabores e aromas como frutas fora do comum ou variedades de flora”.

Nesse sentido, o programa leva os pesquisadores em viagens de exploração para o Gabão ou Madagascar (ler reportagem: “Capturando os aromas da natureza”).

“O segundo é capturar e tentar reproduzir aromas originários de regiões com uma herança culinária rica. Isso inclui regiões na Ásia e na América Latina, onde se encontram gostos e receitas muito interessantes”, lembra Lippert.

Truques?

O resultado final pode parecer para alguns céticos como um pouco absurdo e envolve truques ou novidades que, cedo ou tarde, se esgotar. Lippert não concorda com essa insinuação do repórter.

“Eu posso entender que algumas pessoas pensem dessa forma, mas atualmente esse é o mundo onde vivemos. Nós criamos tendências no nosso setor. O que coletamos são exemplos da sociedade, da natureza ou da elite dos chefes de cozinha. E tudo isso se transforma na próxima geração de produtos e aromas que estarão no mercado. Não se trata de um truque”, defende ela.

Nachbaur, o chefe-executivo, reforça a tese através de uma outra consideração: – “Se tivéssemos continuado a cozinhar da mesma maneira como o fazíamos há milênios, não teríamos feito tantos progressos nesse setor”.

swissinfo, Robert Brookes

Léon Givaudan fundou a empresa em 1898, mas sua história se origina nos tempos da Revolução Francesa.

A multinacional farmacêutica Roche comprou a Givaudan em 1963.

Em junho de 2000, Givaudan foi separada do grupo Roche e transformada em uma empresa independente.

Em 2002, ela comprou o setor de aromas da multinacional Nestlé (FIS).

Em novembro de 2006, a Givaudan adquiriu por 2,8 bilhões de francos (US$ 2,31 bilhões) a empresa Quest International.

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