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Absinto “made in Switzerland” conquista os EUA

La «Kübler»...autêntica, made in...Val-de-Travers

Depois de sua reabilitação legal na Suíça em 2005, o absinto agora entra no mercado estadunidense. A "Kübler" de fato foi lançada este mês em várias cidades.

Autorizada pelo governo federal, a bebida devera ainda responder aos critérios dos 50 estados para ser disponível em todo o território.

Produzido por Kübler em Motiers, cantão de Neuchâtel (oeste), o absinto foi lançado no início de outubro e Nova York, Boston e Las Vejas. A partir de janeiro, será em São Francisco, Los Angeles, San Diego, Chicago e Miami.

O importador Altamar afirma que Kübler é “o primeiro absinto autêntico a chegar ao mercado americano em quase um século” e diz que está confiante no sucesso da bebida.

“Ficamos surpresos pelas boas reações dos comerciantes e é possível que aceleremos nossa agenda de lançamento”, declarou a swissinfo o patrão da Altamar, Lyons Brown.

Baudelaire, Marilyn Manson, Hemingway

A entrada de Kübler no mercado dos Estados Unidos não foi fácil. O absinto tem uma má reputação de bebida fortemente alcoolizada à base de plantas, que teria vitudes alucinógenas apreciada por certos artistas desde o século XIX: de Baudelaire ao roqueiro Marlyn Manson, passando por Toulouse-Lautrec, Van Gogh e Hemingway.

Depois da Suíça e de outros países europeus, a bebida foi proibida nos Estados Unidos em 1912. Sessenta anos depois, a bebida teria sido novamente autorizada segundo a Wormwood Society, uma organização que defende a causa do absinto. Porém órgãos federais de controle do álcool desconhecem a nova lei.

“Os funcionários da Central de Comércio e Tarifas dizem que absinto é ilegal, mas que não podem citar o texto da proibição”, conta a swissinfo o advogado Robert Lehrman, representante da Kubler em Washington.

A tujona preocupa

Robert Lehrman precisa que os funcionários americanos estavam “preocupados” porque a Kübler contêm tujona, ingrediente supostamente alucinógeno. Ele argumentou que o teor da substância está no limite autorizado pelas instâncias federais.

A fórmula de Kübler foi então autorizada em 2004, mas à condição que a palabra “absinto” não conste da etiqueta.

Diante desse novo obstáculo, o advogado aconselhou a Kübler retirar a tujona da fórmula. “Mas a Kübler me respondeu que não alteraria a integridade do produto”, recorda Robert Lehrman, acrescentando que “o absinto sem tujona é como a Playboy sem fotos”.

Uma garrafa pirateada

A reunião decisiva com os funcionários estadunidenses ocorreu dia 27 de fevereiro último. Acompanhado desta vez pelo adido comercial da Embaixada da Suíça, o advogado de Kübler apresentou um argumento inédito: uma garrafa pirateada.

“Levei uma garrafa comprada pela Internet que não tinha etiqueta oficial nem endereço do produtor ou do importador para mostrar que, quer quisessem ou não, o absinto já era vendido sem recolher qualquer imposto. Seria portanto melhor autorizar produtores como Kübler que respeitavam as regras”, explica Robert Lehrman.

Por sua vez, o adido comercial Urs Broennimann sublinha que seu papel “foi explicar que na Suíça o absinto fora legalizado e isso interessou nossos interlocutores americanos, porque tivemos a impressão que eles não tinham como justificar a decisão de não autorizar a etiqueta da Kübler».

Autorização mas…..

A etiqueta foi aprovada em maio e a Kübler é portanto vendida nos Estados Unidos com o nome absinto.

“A dificuldade com o absinto é sua reputação mas a Central do Comércio e Tarifas reconheceu que, com base em análise científica, o absindo não tem qualquer problema”, precisa Robert Lehrman.

Batalha vencida mas outras vêm por aí. De fato, se Kübler foi autorizado pelo governo federal e certas cidades, terá de atender às exigências dos 50 estados para ser disponível em todo o território.

“As leis sobre a venda de álcool variam muito de um estado a outro e é preciso requerer a autorização em cada um”, afirma Urs Broennimann. Alguns estados são mais conservadores do que outros, mesmo com uma certa hipocrisia.

Uma bebida natural

“O álcool é um assunto tabu nos Estados Unidos mas também uma grande fonte de recursos para os estados que cobram altas tarifas e como Virginia, por exemplo, que revende as bebidas alcóolicas, segundo Robert Lehrman.

No mercado estadunidense, Altamar apresenta a Kübler quase como uma bebida natural, até mesmo uma infusão.

No comunicado à imprensa redigido pelo serviço comercial da embaixada, sublinha-se que o absinto contêm 53% de álcool, “seu ingrediente principal é a planta artemesia absinthium numa fórmula que ainda inclui coentro, ortelã, anis e erva-doce”.

Mas a reputação do absinto é tal que Altamar e Kübler a utilizam como argumento. Os consumidores visados são “menores de 40 anos, com um lado marginal e boêmio e que sai tarde da noite”, de acordo com Brown, patrão da Altamar.

Lehrman sublinha ainda que o absinto continua “mais excitante do que a maioria dos outros produtos” e que os jovens têm “uma fascinação pelo absinto”. Ele conclui afirmando que os produtores estão “muito interessados” pelo mercado estadunidense porque “é imenso e, a 50 dólares a garrafa, altamente rentável”.

swissinfo, Marie-Christine Bonzom, Washington

Dia 1° de março de 2005, entrou em vigor na Suíça a nova lei sobre o álcool e gêneros alimentícios. Essa lei suspendeu a proibição de produzir e deter absinto para fins comerciais desde 1908.

A mesma lei fixa as condições de sua legalização. O absinto “legal” não deve conter mais de 35 mg de tujona (substância nociva presente na planta) por kg de absinto seco.

Couramment appelé absinthe, ce spiritueux est aussi connu sous l’appellation Fée verte ou encore la bleue.

La première recette d’absinthe serait celle de Henri-Louis Pernod, à Couvet, en 1798. Mais elle pourrait lui avoir été transmise par Henriette Henriod.

Boisson des artistes, puis symbole de la déchéance, la Fée verte est interdite dès 1908 en Suisse, dès 1912 eu Etats-Unis et dès 1915 en France.

Malgré la prohibition, l’absinthe survit au Val-de-Travers. Pendant près d’un siècle, cette petite région va braver les interdits et produire de la Fée verte clandestinement.

O roqueiro americano Marilyn Manson é um adepto que descobriu o absinto num reveillon na casa do ator Johnny Depp. A estrela do “heavy metal” anunciou em setembro último a elaboração na Suíça de um absinto com a distilaria Matter-Luginbühl, pequena empresa familiar no vilarejo de Kallnach, perto de Berna.

A Virginia é um dos mercados mais difíceis dos Estados Unidos. A venda de bebidas alcoólicas é submetida à aprovação de uma comissão pública e monopolizada pelas lojas estatais. O único absinto disponível em Virginia desde 2004 chama-se Asente. A bebida não é autêntica porque não contêm tujona.

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