Arroz transgênico é descoberto na Suíça
Traços do arroz transgênico americano LL 601 foram encontrados na Suíça. Depois de testes positivos, a rede de supermercados Migros bloqueou as cargas de arroz nos silos.
Também o concorrente Coop retirou o arroz americano das suas prateleiras. A descoberta do produto em vários países europeus inflama mais uma vez o debate sobre os OMGs.
Em agosto foi detectada contaminação por OGM (organismos geneticamente modificados) no varejista Riceland, nos Estados Unidos. Agora, durante o fim-de-semana, técnicos da rede de supermercados suíça Migros encontraram traços do arroz transgênico LL 601 nos seus produtos. A informação foi confirmada pela porta-voz da empresa, Monica Glisenti, durante uma entrevista à rede de televisão SF. A concentração medida foi de 0,01%, sendo que a tolerância legal para OGMs em produtos comercializados é atualmente de 0,9%.
Como o arroz transgênico não está autorizado na Suíça, isso significa que mesmo sua pouca concentração passa a ser um problema para a empresa. Segundo informou a porta-voz, 1.500 toneladas de arroz foram imediatamente bloqueadas nos silos. Outros tipos de arroz continuarão a ser vendidos. O “Carolina Long Rice” corresponde a 35% do arroz vendido.
Arroz nas prateleiras?
Os controles foram intensificados em toda a Suíça. Como os conjuntos de testes chegaram apenas há poucos dias nos laboratórios da Migros, ela mesmo admite que não pode ser descartada a possibilidade de uma parte do arroz proibido ter chegado às prateleiras.
A rede concorrente de supermercados Coop também bloqueou nos últimos dias o arroz encontrado nos seus silos. Os testes feitos ainda não identificaram nenhuma forma de contaminação. Porém, como informam seus porta-vozes, ainda não foram utilizados os mesmos testes, desenvolvidos recentemente pelo Departamento Federal de Saúde Pública, que os aplicados pela empresa Migros.
Segundo o governo não estão previstas ações de queima, caso o arroz importado dos EUA esteja realmente contaminado. Provavelmente o produto poderá ser reexportado. Outras redes de supermercado não identificaram problemas nas suas cargas de arroz.
Escândalo na União Européia
A França e a Suécia também encontraram o LL 601 em amostras de arroz norte-americano. Os resultados dos testes nacionais ainda terão que ser confirmados por análises comunitárias, informou a Comissão Européia.
“Os dois Estados membros que detectaram a presença de OGM foram a França e Suécia”, disse uma fonte da Comissão Européia, acrescentando que nenhum dos países utilizou métodos de análise validados. Por isso, estes resultados “serão verificados agora por um dos dois métodos validados pela Comissão”.
Estas informações surgem depois da Comissão Européia ter confirmado ontem que 33 de um total de 162 resultados de amostras de arroz realizadas pela Federação Européia dos Industriais de Arroz deram positivo para a variante LL601.
No mês passado, uma carga de 20 mil toneladas de arroz norte-americano destinada aos mercados britânico e alemão foi bloqueada no porto de Roterdã por suspeitas de estar contaminada com organismos geneticamente modificados (OGM). Depois da realização de testes, três contentores de arroz deram positivo e 20 negativo.
Arroz em supermercado alemão
Os testes realizados na Alemanha deram negativo mas a Greenpeace Internacional alertou para a presença do arroz LL601 na cadeia de supermercados Aldi. A empresa já negou a acusação.
Entretanto, uma porta-voz da Bayer, em Frankfurt, disse que a empresa não vendeu ou produz arroz LL601 e que esta variante foi desenvolvida pela Aventis CropScience, empresa comprada pela Bayer em 2002, mas que a sua produção foi suspensa em 2001.
Atualmente é proibido o cultivo e venda de qualquer arroz transgênico na União Européia.
Em agosto, a Comissão Européia reforçou as exigências às importações de arroz dos Estados Unidos para provar a inexistência de LL601, comercializado pela alemã Bayer AG e produzido nos Estados Unidos.
Esta decisão de Bruxelas surgiu depois das autoridades norte-americanas terem detectado vestígios de LL601, criado para resistir aos herbicidas, em amostras que seriam comercializadas.
swissinfo com agências
O arroz geneticamente modificado LL601 foi desenvolvido no final dos anos 90 pela empresa Aventis nos Estados Unidos.
O setor de plantas da empresa, conhecido pelo nome de “CropScience”, foi vendido em 2002 à multinacional alemã Bayer.
LL601 significa “Liberty Link Rice 601” e é um arroz capaz de produzir a proteína PAT. Ela tem a capacidade de neutralizar os efeitos do herbicida Liberty Link produzido também pela Bayer: na sua utilização, as ervas daninhas morrem e o arroz continua a prosperar.
Aparentemente a Bayer não estava satisfeita com os resultados do novo produto, pois já em 2001 os testes com o LL601 haviam sido interrompidos. O arroz ainda está em fase experimental e não foi autorizado nem na Europa, nem nos Estados Unidos. Por isso o seu cultivo ou comercialização é considerado ilegal.
– Em 27 de novembro de 2005, 55% dos eleitores e todos os cantões suíços deram voto favorável à iniciativa popular intitulada “Por alimentos produzidos sem manipulações genéticas”, lançada por órgãos de defesa do consumidor e do meio-ambiente.
– O voto obrigou a moratória de OGMs – plantas e animais – na agricultura suíça pelo prazo de cinco anos.
– Um programa nacional de pesquisa foi lançado pelo Fundo Nacional de Pesquisa, um órgão estatal suíço, sobre a utilização e riscos da introdução de OGMs na agricultura e na cadeia alimentar. As informações obtidas nesse trabalho servirão para fundamentar o debate que ocorrerá nos próximos anos.
A legislação européia sobre os OGM data de 1998, com uma moratória que bloqueou a autorização de novos produtos OGM na Europa.
Apenas em maio de 2004, ela autorizou a comercialização de OGMs. Quatro meses mais tarde, algumas variedades de milho foram inscritas no catálogo comum de variedades agrícolas da União Européia.
Para que sua comercialização seja autorizada, um produto OGM deve passar por análises científicas dos riscos eventuais para a saúde e o meio-ambiente.
A regulamentação européia prevê a etiquetagem obrigatória para todos os alimentos contendo mais do que 0,9% de OGMs.
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