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Correntistas procuram segurança em pequenos bancos

Bancos cantonais dão boas-vindas ao influxo de fundos. Keystone

Pequenos bancos vivem uma demanda sem precedentes de novas contas no momento em que poupadores procuram formas de resguardar seus fundos da crise financeira global.

Todos os bancos suíços garantem até 30 mil francos suíços nas contas privadas, o que leva uma grande quantidade de pessoas a espalhar seus patrimônios por diferentes instituições. Autoridades reiteram que há pouco risco de colapso do sistema bancário helvético.

Em todo caso, os poupadores evitam apostar seu suado dinheiro, depois de assistir ao grande número de bancos falidos em outros países.

Cerca de 1.700 poupadores suíços, que haviam aproveitado dos juros elevados sobre depósitos oferecidos via Internet recentemente pelo Kaupthing Edge, enfrentaram uma espera ansiosa depois que o banco islandês foi estatizado na última semana. A maioria não investiu mais do que 30 mil francos e está inteiramente coberta pela garantia bancária.

A incerteza geral resultou em filas inesperadamente longas nos bancos regionais e na demanda crescente de serviços bancários oferecidos pelas redes de supermercado.

Vários bancos cantonais e o braço bancário dos Correios Suíços (Postfinance) dão 100% de garantia aos depósitos privados.

Postfinance não oferece números atuais, mas revela à swissinfo que 105 mil clientes abriram novas contas entre janeiro e junho deste ano, um movimento extraordinário ao comparar com as 80 mil no período correspondente de 2007.

Perda de confiança

O Banco Cantonal de Zurique fala em “milhares” de novas contas sendo abertas a cada mês. Redes de supermercados como Coop e Migros também têm vivido uma demanda crescente por novas contas.

Bancos cooperativos como o Raiffeisen declaram que seu setor está recebendo até 600 novos clientes diariamente. Eles trazem consigo cerca de um bilhão de francos de dinheiro novo a cada vez. “Na história de mais de cem anos dos bancos Raiffeisen nenhum cliente jamais sofreu prejuízos”, escreve a página da instituição na internet. “Muitas pessoas perderam a confiança nos grandes bancos e estão transferindo seu dinheiro para nós e outras instituições”, acrescenta o porta-voz Franz Würth.

Os grandes bancos, UBS e Credit Suisse, preferem abster-se de fazer declarações sobre o tema até a publicação dos seus resultados trimestrais em poucas semanas. “Temos clientes que estão de fato preocupados com o seu dinheiro nesse período de crise financeira. Algumas deles respondem à situação através da diversificação dos seus fundos”, explica Andreas Kern, porta-voz do UBS.

Grandes bancos “seguros”

As autoridades bancárias também estão cautelosamente otimistas sobre o futuro de todos os bancos suíços. UBS pode ter perdido US$ 43 bilhões com a crise dos subprimes, o mercado de crédito hipotecário de alto risco – o pior resultado de todos os bancos europeus – mas analistas acreditam que o banco tomou as medidas necessárias a tempo para se salvar do colapso.

“Estou convencido de que nenhum banco helvético quebrará. Nosso sistema bancário está funcionando muito bem”, declarou Pierre Mirabaud, presidente da Associação de Bancos Suíços durante uma entrevista dada a um jornal dominical.

O ministro suíço de Finanças declarou à swissinfo que não existem planos para revisar a garantia mínima às contas bancárias privadas por cliente de 30 mil francos. E a Suíça não sente necessário acompanhar o exemplo de outros países que lançam programas de salvamento para ajudar seus bancos em dificuldades.

swissinfo, Matthew Allen

O governo suíço confirmou na segunda-feira que não irá seguir o exemplo de vários outros países, que têm levantado enormes quantias de dinheiro de contribuintes para salvar bancos em dificuldades.

Seguindo o pacote de salvamento de 700 bilhões de dólares dos Estados Unidos, aprovado no início do mês, a Grã-Bretanha anunciou que iria injetar 37 bilhões de libras (US$ 64 bi) enquanto o governo alemão preparava uma ajuda para o seu próprio sistema bancário na ordem de 470 bilhões de euros (US$ 642 bi).

A Espanha disse que iria fornecer até 100 bilhões de euros de garantias para novos títulos de débito emitido pelos seus bancos comerciais em 2008. Noruega e Portugal seguiram o exemplo através de programas próprios de ajuda financeira.

Alemanha, Nova Zelândia e os Emirados Árabes Unidos são os últimos países a garantir todos os depósitos bancários.

Um porta-voz do ministro das Finanças afirmou que a Suíça não tem planos imediatos para lançar um programa público de salvamento. “Apoiamos todas as medidas tomadas pelos países do G7, União Européia e governos individuais como uma contribuição válida para estabilizar os mercados financeiros”, declarou Tanja Kocher.

A Suíça acredita poder escapar das conseqüências de uma das piores crises financeiras já ocorridas no planeta, como mostra a pesquisa de dois jornais publicada na segunda-feira.
Cinco

Quatro de cinco pessoas questionadas revelaram ao SonntagsBlick ao Le Matin Dimanche não estar preocupados com o dramático colapso de bancos e crise de crédito.

Apenas 16% dos entrevistados declararam estar um pouco preocupados. Um por cento temem as possíveis conseqüências e 4% não têm a menor idéia sobre o que está ocorrendo.

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