Empresas investem nos trabalhadores “idosos”
Enquanto os sindicatos lutam por sistemas flexíveis de aposentadoria, as grandes empresas suíças procuram meios de manter seus empregados com mais idade ou anos de casa.
Segundo um estudo publicado no jornal suíço “Tagesanzeiger”, empresas como a ABB Suíça já estão planejando para o desafio demográfico do futuro.
Segundo um estudo publicado no jornal suíço “Tagesanzeiger”, empresas como a ABB Suíça já estão planejando para o desafio demográfico do futuro.
Em algumas décadas as pessoas nascidas na época do “boom” demográfico dos anos 50 chegarão à idade de se aposentar. Pela primeira vez na história a população ativa da Suíça diminuirá, como analisa o Departamento Federal de Economia (SECO, na sigla em francês).
Segundo um estudo em andamento, as grandes empresas suíças já estão modificando suas políticas de recursos humanos para se adaptar às conseqüências do envelhecimento geral da população.
Até então, os empregados com idades avançadas ou anos de casa eram as primeiras vítimas dos programas de reestruturação. Os que têm sorte são convidados ou forçados a se aposentar antecipadamente. Outros terminam perdendo seus empregos e não conseguem mais encontrar outros.
No futuro as empresas serão obrigadas a incentivar seus funcionários “idosos” para que eles continuem a trabalhar, constatam os pesquisadores. Essa tendência já é observada pela Associação Patronal Suíça.
Para Martina Zölch, responsável pelo estudo realizado atualmente pelas Faculdades de Solothurn e do Norte da Suíça, essa mudança está nas necessidades futuras.
– Se as empresas não seguirem essa tendência, elas correrão o risco de perder conhecimentos preciosos e de serem obrigadas a procurar pessoas num mercado de trabalho que estará bem mais restrito do que hoje – explica, mas ressaltando que a situação atual continua a mesma para os trabalhadores de idade avançada.
Já os representantes dos sindicatos, preferem aguardar a mudança de postura.
– Ainda é muito cedo para falar de uma verdadeira tendência, de uma ruptura com os valores atuais. Por enquanto as empresas apenas anunciam a intenção de modificar suas práticas em relação aos seus funcionários maduros. De qualquer maneira, a tendência de não mais demitir os colaboradores aos sessenta e dois anos pode ser considerada positiva – afirma o porta-voz da União Sindical Suíça (USS), Ewald Ackermann.
Aplainar a curva de salários
No futuro, os empregados seniores serão cada vez com mais freqüência convidados a se aperfeiçoar ou a dinamizar suas competências através de programas de formação contínua.
A mistura de idades se transformará numa necessidade nas grandes empresas, que poderão utilizar os funcionários mais experientes como conselheiros ou chefes de projeto, uma forma de manter o “know-how” dentro da casa.
Dentro dessa perspectiva, companhias como Swisscom Fixnet ou ABB Suíça já trabalham para aplainar os salários. Objetivo: reduzir as diferenças de rendimento entre os jovens colaboradores e os mais experientes.
– Nós introduzimos um novo sistema que não leva em conta a idade ou dos anos de experiência, mas sim do posto de trabalho em questão. O salário fica sendo o mesmo, não importando se a pessoa é jovem ou madura – revela Lukas Inderfurth, porta-voz da ABB.
Já os sindicatos aprovam as mudanças, mas fazem ressalvas em relação à questão da idade.
– Nós estamos dispostos a discutir a questão da função exercida e da remuneração, mas não podemos esquecer a importância que os anos de experiência passados numa empresa. Esse é um valor que também precisa ser levado em consideração no momento de definir os salários – reforça Ewald Ackermann.
Vários modelos na ABB Suíça
A ABB Suíça publicou um documento interno em 2005, no qual ela aborda a questão do trabalho evolutivo para os colaboradores com mais de cinqüenta anos. O principal objetivo da empresas é reagir às mudanças demográficas que estão ocorrendo em todo o mundo, sobretudo na Suíça.
– Queremos aumentar a flexibilidade dos nossos empregos, como oferecer oportunidades de mudar de função dentro da empresa. Assim iremos permitir aos colaboradores com mais de cinqüenta a trabalhar onde eles podem dar o melhor de si, ou onde se sentem mais confortáveis. A ABB introduziu diversos modelos. Um exemplo: nossos executivos devem abandonar suas funções quando completam sessenta anos para entrar na nossa empresa de consultoria – indica Lukas Inderfurth, da ABB.
Essa é uma maneira de permitir aos jovens de ascender mais rapidamente aos cargos de direção da empresa, sem desprezar a experiência dos colaboradores veteranos.
– Também criamos um sistema que permite a transmissão do know-how entre os funcionários.
Equipes mistas são mais eficazes
A Associação Patronal Suíça também quer participar da evolução. Ela prepara um livro com a Pro Senecute, o grupo de interesse dos idosos na Suíça, que deve estar pronto já no início da primavera. Seu conteúdo: dicas para as empresas de como lidar com seus trabalhadores “idosos”.
Dentre as recomendações feitas estão a redução da jornada semanal de trabalho, a flexibilização dos salários em relação à função, correções no sistema de previdência para que a aposentadoria seja calculada em relação ao tempo de contribuição.
– A ilusão de que jovens são trabalhadores ativos e móveis se mostrou falsa. As empresas perceberam que funcionam muito melhor quando suas equipes são misturadas entre jovens e colaboradores maduros – conclui Peter Hasler, diretor da Associação Patronal Suíça.
No mundo político, a reflexão em torno das mudanças no mercado de trabalho também existe. O governo quer que as pessoas de idade avançada continuem mais tempo no mercado de trabalho. A 11a revisão da AVS (sistema previdenciário suíço) prevê, por exemplo, a possibilidade de obtenção de uma aposentadoria parcial a partir dos sessenta anos, abrindo também a possibilidade de exercício de um emprego a tempo parcial.
swissinfo com agências
O governo suíço espera que trabalhadores em idade avançada continuem por mais tempo no mercado de trabalho. Ele quer eliminar os incentivos para a aposentadoria antecipada, criando por outro lado mecanismos para incentivar a contratação ou manutenção dessas pessoas nas empresas.
A 11a revisão da AVS (sistema previdenciário suíço) prevê uma nova flexibilização da idade de aposentadoria. Uma iniciativa popular foi lançada pelos sindicatos defendendo a mesma posição.
Para o governo, o seguro-desemprego deve ser reestruturado para incentivar mais os trabalhadores idosos a procurar emprego ou freqüentar cursos de reciclagem profissional.
A administração pública não irá mais forçar ou incentivar funcionários a se aposentarem antecipadamente.
O governo quer também promover a saúde dos idosos através de campanhas. Seu principal objetivo é combater as discriminações da idade.
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